Apesar da vergonha que sinto em ter o Rio de Janeiro como cartão postal e espelho do meu país, não posso esconder minha surpresa e minha satisfação em saber que ele albergará as Olimpíadas em 2016. Desta vez, o Brasil, como em um jogo de sinuca, encaçapou duas bolas de uma vez, na mesma década, pois, nos anos 2010, sediará duas grandes competições internacionais, com um hiato de dois anos entre elas: a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Em outra oportunidade, quero comentar aqui a respeito da copa. Espero que possamos nos esforçar mais para que, até 2014, resolvamos a maior parte de nossas mazelas sociais. Apesar de o Rio estar longe de ser um modelo de qualidade de vida e de ser uma péssima influência para o resto do país, acredito que ele esteja apto a receber os Jogos Olímpicos. Isto ficou provado por “A + B”, quando o Rio foi sede dos Jogos Panamericanos de 2007. Correu tudo bem, apesar de os organizadores e o poder público terem dormido no ponto e executado a maioria das obras em cima da hora.
Me surpreendi porque achei que Tóquio seria a escolhida, por ter mais pontos positivos que as outras candidatas, entre eles o de ter mais vagas disponíveis em hotéis. Ainda bem que não foi, porque Tóquio já sediou uma vez, em 1964. Os outros países envolvidos também já receberam olimpíadas. O Brasil, assim como a maioria dos países subdesenvolvidos, nunca. O único deste grupo que conseguiu tal proeza até agora foi o México, em 1968. Naquela ocasião, dois atletas afro-descendentes norte-americanos, ao subirem ao pódio para receberem suas medalhas, fizeram o símbolo gesto de protesto dos black powers contra a opressão sofrida pelas pessoas de cor nos EUA. Pagaram caro por aquilo. Eles se tornaram símbolo da luta contra as desigualdades raciais, mas isto foi o fim de suas carreiras esportivas. Até um atleta australiano que subiu ao pódio com um deles e os apoiou abertamente foi apenado, do mesmo modo. São mártires do esporte. Deus os abençoe (http://en.wikipedia.org/wiki/John_Carlos).
Um dia desses, no Jornal da Globo, Arnaldo Jabor lamentou que, nos países que receberam olimpíadas recentemente, a maior parte da infra-estrutura esportiva montada ficou subutilizada ou até mesmo sucateada, após os eventos. Foi o caso de Atenas. Renovam-se as esperanças de que a vinda de dois grandes eventos esportivos internacionais ao Brasil incentive a prática de esportes entre crianças e adolescentes e de que os governos também incentivem essa prática no sentido de aumentar as oportunidades profissionais e de reduzir as desigualdades sociais. Espero que isso não seja mais uma vez “fogo de palha”, como se diz naquela clássica parábola do semeador, contada no Evangelho, que fala sobre sementes que chegaram a germinar, ao caírem em solo pedregoso, mas que não cresceram muito porque o solo era raso, pouco fértil, com raízes superficiais, e que acabaram ressecadas pelo sol. Comparo isso com a empolgação efêmera que contagia os brasileiros, durante as eleições, as olimpíadas e as copas:
"Eis que o semeador saiu a semear.
E quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na;
E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda;
Mas vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.
E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na.
E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça".
E quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na;
E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda;
Mas vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.
E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na.
E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça".
Mateus 13:4-9.
Enfim, apesar dos pesares, boa sorte para nós brasileiros e mãos à obra. Quem sabe um dia o esporte e a educação melhorem nossa qualidade de vida.
Saiba mais em:
Veja também a opinião do companheiro Felipe sobre o assunto: http://comcienciabrasil.blogspot.com/2008/09/pan-americano-do-brasil.html.
Relembrando a situação com reféns em Sobral que contei na última postagem (http://conscienciaacademica.blogspot.com/2009/10/postagem-de-01102009.html), gostaria que os policiais daqui lessem a seguinte notícia e aprendessem com os paulistas: http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1328197-5605,00-POLICIA+LIBERTA+REFEM+DEPOIS+DE+SEIS+HORAS+DE+NEGOCIACAO+EM+SP.html.
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