BlogBlogs.Com.Br
Seja bem-vindo ao blog Consciência Acadêmica.

Impressões pessoais sobre notícias ou sobre episódios cotidianos, além de informações de utilidade pública.

Mostrando postagens com marcador avião. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador avião. Mostrar todas as postagens

sábado, 18 de julho de 2009

59ª Edição de 2009

Dois lados de uma moeda



Conta Consciência Acadêmica


Lado A

Ontem fez quinze anos da conquista do tetracampeonato mundial de futebol para o Brasil, na Copa de 94. Não entendo porque a TV não tocou no tema. Só me lembrei quando vi uma reportagem no UOL. Sinceramente, aquela foi a melhor Copa do Mundo que eu já acompanhei, não apenas porque o Brasil ganhou, mas porque eu acredito que foi a melhor atuação da seleção brasileira em copas que eu já vi. Nunca mais os vi jogando com a mesma garra, nem com a mesma técnica e nem com a mesma seriedade. Tinha tudo para ir longe e se tornar uma das melhores equipes do campeonato, mas não imaginava que pudesse vencê-lo. Naquele momento, nossa querida seleção estava desacreditada que ninguém esperava por isso. Os jogos foram passando, a empolgação aumentando e veja aonde chegamos. Em 98, aparentemente a seleção tinha tudo para repetir a façanha, mas já entrou com o pé esquerdo no clima da competição: estavam todos acomodados com a vaga garantida naquela copa e ainda ébrios por causa da vitória na copa anterior, mídia fazendo sensacionalismo com a imagem de Ronaldo "Fenômeno", que apresentou história questionável de convulsão, no dia da final, e Romário dispensado em cima da hora. Em outras palavras: muito salto alto. Em 2002, não sei bem explicar o porquê, mas achei aquela copa meio sem graça, embora o Brasil tenha vencido. Talvez porque tenha vencido quase todas as partidas com muita facilidade. Em 2006, os pentacampeões entraram de salto alto outra vez e assumiram que são fregueses dos franceses.

Enfim, vamos recordar apenas o que é bom. Saiba mais sobre a receita de sucesso que levou ao tetra em http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2009/07/17/ult59u199801.jhtm e http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Selecao_Brasileira/0,,MUL1231171-15071,00-HA+ANOS+UM+SONHO+SE+TORNAVA+REALIDADE+BRASIL+TETRACAMPEAO.html. Pena que essa receita não funcionou mais. Em outra oportunidade, vou comentar o que acho de uma parte da Copa do Mundo de 2014 vir a acontecer em Fortaleza. Por hora, vamos relembrar a glória do tetra. Eu me sinto lisonjeado porque tive a honra de ver as cenas a seguir e isso eu poderei contar aos meus filhos com muito orgulho. Por falar em filhos, aquele gol de Bebeto entrou para a história. E o gol "raio-x" de Branco? Fenomenal. Mesmo assim, ainda acho que a Seleção Brasileira é para jogar com a camisa amarela sempre, nada de azul.







Hoje, a tendência é que as copas percam a graça. As opções para assistir às partidas estão mais escassas, pois apenas duas redes de televisão, uma aberta e uma fechada, estão transmitindo os jogos, desde 2002. Me lembro que vi quase todos os jogos de 94 pela BAND, com a narração de Luciano do Vale.


Lado B

Por outro lado, ontem fez dois anos daquele acidente envolvendo um avião da TAM, logo depois que ele acabou de pousar, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, alguns meses após outra tragédia aérea, causada pelo choque de duas aeronaves. Aquilo agravou a crise no setor aeronáutico que já se desenrolava. Comentei sobre isto, ano passado, em http://conscienciaacademica.blogspot.com/2008/07/tragdia-da-tam-one-year-later.html.

Impressiona o quanto a vida perdeu valor durante estes anos, pois de lá para cá ninguém tomou providências para evitar que desastres aéreos voltassem a acontecer. Até parece que alguem ganha com isso. Logo eles tornaram-se mais freqüentes. Há alguns meses, um jato particular transportando uma família caiu no litoral baiano. Cerca de uma semana depois, um Airbus que seguia do Rio de Janeiro para Paris caiu no mar. Esta semana, um avião executivo brasileiro caiu na Venezuela (http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1234092-5598,00-SUPOSTOS+DESTROCOS+DE+AVIAO+DESAPARECIDO+SAO+ENCONTRADOS.html). Impressiona que esses acidentes aéreos nunca deixam sobreviventes. É como se alguém cometesse um crime e não quisesse deixar testemunhas. Impressionam o despreparo e a incapacidade das autoridades em prevenir situações como aquelas e em lidar com elas, quando ocorrem. Você percebeu que essas tragédias recentes ocorreram por mecanismos atípicos e que poderiam ter sido facilmente evitados? Percebeu que o tempo de resposta ao desaparecimento do Airbus foi demorado e que os trabalhos de buscas de sobreviventes, corpos, destroços e "caixa-preta" foram retardados, curtos, lentos e rudimentares demais? Por conta disso, muitos de nós ainda estamos boquiabertos, sem entender o que aconteceu, e talvez jamais tenhamos as respostas que precisamos. Não podemos calcular a probabilidade de haver algum sobrevivente da queda, de ele ter conseguido resistir à hipotermia e às outras adversidades e alcançado terra firme porque não conhecemos a "fisiopatologia" da queda. Talvez já soubéssemos se tivessem construído uma "caixa-preta" de vergonha, com sinal rastreável por satélite e que já tivesse sido encontrada.

Ministro da Defesa Nélson Jobim fez comentários típicos de um médico legista, que, na minha opinião, seriam inadequados de falar na imprensa e para os parentes das vítimas ouvirem, por serem meio cruentos: "De acordo com o ministro da Defesa, os corpos que apresentarem "abdome íntegro", ou seja, sem perfurações, podem voltar à superfície entre 48h e 70h. Já os corpos que tiveram o abdome perfurado, explicou ele, não retornam à superfície. Na avaliação de Jobim, é "muito difícil" encontrar corpos no fundo do mar. "Serão recolhidos os que boiam," disse. O ministro informou que o mar, naquela região, possui profundidade entre dois mil e três mil metros. Ele não excluiu a hipótese de haver tubarões na região". Confira em http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1181788-5602,00.html.

Atribuiram a seguinte frase ao Presidente Lula: "Se achamos petróleo e sal a 6.000 metros de profundidade, vamos achar a mala preta do avião
a 2.000m." Para uns, isto foi um sinal de esperança. Para outros, uma pilhéria, mais uma pérola do presidente. Confira em http://www.sarneyfilho.com/aplicacoes/Noticia/index.cfm?fuseaction=Noticia.MostrarDetalheNoticia&IdNoticia=8799.

No meio de toda essa confusão, houve espaço para boatos, desde a existência de sobreviventes até o envio de torpedos dos celulares dos passageiros para seus familiares (http://noticias.uol.com.br/ultnot/voo-af447/2009/06/03/ult7483u86.jhtm).

O acidente do AF 447 caiu no esquecimento da mídia, com a morte de Michael Jackson. Falarei mais sobre isso em outro momento. Encerro este lado triste da postagem pedindo a quem vier a este blog para que nos juntemos e cobremos mais dedicação das autoridades em cobrir as deficiências do transporte aéreo, minimizando os riscos de esses desastres voltarem a ocorrer.

Leia mais em:

http://www.opovo.com.br/brasil/894215.html;

http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1233435-5605,00-FAMILIARES+DE+VITIMAS+DO+ACIDENTE+DA+TAM+SE+PREPARAM+PARA+HOMENAGENS+EM+SP.html;

http://noticias.uol.com.br/ultnot/voo-af447/;

http://noticias.terra.com.br/brasil/vooaf447/;

http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2009/airfrancevoo447/;

http://www.estadao.com.br/busca/JSearch/TQM!tQM.action?e=&s=voo%20af%20447;

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u575068.shtml.








sábado, 29 de novembro de 2008

Edição de 29.11.2008

Solidariedade aos irmãos, blogueiros, internautas e todos os demais moradores de Santa Catarina

Companheiros, do que vocês mais precisam agora??? Podemos ajudá-los??? Esperamos que fiquem bem.
Alguem dentre vós pode explicar o que está acontecendo em SC??? Por que tudo isto está acontecendo??? Nunca tinha ouvido falar de coisa igual na terra de vocês. Aqui no Nordeste, por exemplo, chove pouco, mas quando a chuva vem, ela não dá trégua. No Ceará, já houve enchentes recentes, mas não da mesma magnitude que a vossa, a ponto de inundar um Estado inteiro. Elas ficaram mais restritas a algumas regiões do interior. Não conheço bem a vossa terra, então não consigo imaginar a situação. Não seria o momento mais conveniente para apontar responsabilidades mas, tudo isto podia ter sido prevenido pelas autoridades??? Talvez sim. Soube de muitas ocorrências de deslizamento de terra e soterramento de imóveis.
Sei que em São Paulo vive acontecendo isto várias vezes por ano. Acompanho as notícias daqui. Lá fica patente o despreparo das autoridade paulistas para lidar com esta situação. Aquela cidade é mal estruturada para receber a água da chuva. Uma gota que cai do céu já é o suficiente para inundar as marginais e provocar uns cem quilômetros de congestionamento. Um absurdo!!!
No caso de Santa Catarina, acredito que esteja chovendo sobre vocês mais que o normal. A componente natural deve estar prevalecendo. Vou rezar por vocês.
Tenho duas lembranças, uma direta e outra indireta, relacionadas com enchentes.
Em meados de abril de 1997, voltava eu da escola em um ônibus quando vi que a Avenida Mister Hull, na altura do Campus do Pici, em Fortaleza, estava inundada. Os moradores da área tiveram que derrubar o muro da universidade para que a água escoasse. O coletivo com alguma dificuldade atravessou as águas. Assim, não tive tanta dificuldade para chegar a minha casa. Foi o único ponto de alagamento que vi naquele dia.
Em primeiro de janeiro de 1999, há praticamente dez anos, liguei a tv e não esqueço a cena que vi: o finado programa policial CIDADE ALERTA mostrava imagens de mais uma enchente em São Paulo. O que mais chamou a atenção nisto foram as imagens ao vivo de um homem se jogando na água para salvar um cachorro que estava se afogando. Isto é que é ser humano de verdade, ter compaixão por toda forma de vida que sofre.
Para saber mais sobre o ocorrido em SC e tentar ajudar as vítimas, acesse:

http://www.interney.net/blogs/inagaki/2008/11/26/como_ajudar_os_desabrigados_pelas_enchen/.
http://desabrigadositajai.wordpress.com/.
http://www.institutoarete.org/.
http://br.noticias.yahoo.com/especiais/chuvassc.html.





*****

Prenda-me se for capaz

Ainda há pouco, estava assistindo a um filme com esse nome, um que tem o Di Caprio no papel principal. Filme impressionante, baseado na história real de um cara que falsificou muitos cheques e se fez passar por diversos tipos de profissionais, principalmente pilotos de avião, tornando-o perseguido, dentro e fora dos EUA, durante 4 anos.
Bem, senti uma ponta de inveja dele. Um cheque emitido por mim há um mês retornou. Não tive o privilégio de passar trote nos colegas de colégio ou de faculdade dando aulas no lugar de algum professor, andar escoltado por lindas aeromoças, ser parado por crianças me pedindo autógrafo (nem sabia que piloto de avião estava com essa bola toda), nem de exercer a medicina antes de me formar. Por outro lado, graças a Deus, não fui perseguido. O pior que me aconteceu foi ter o nome enviado para uma “lista negra” e ter meu cartão de crédito bloqueado, mas graças a Deus já resolvi tudo. Passei pela angústia de precisar retirar dinheiro de um caixa eletrônico de madrugada e minha conta ter sido misteriosamente bloqueada por algumas horas. Mas já está tudo sob controle. Dizem que não vou poder mais comprar um carro financiado. Never mind, eu compro à vista mesmo. Não vou deixar de dormir por causa disso. O importante é que não sou criminoso. Não procuro aparentar ser o que não sou. Por isso, às vezes sou muito sincero ao postar aqui. Mais sincero do que deveria ser.
Acho que a Super Renata comentaria melhor o longa metragem que falei (http://wwwrenatacordeiro.blogspot.com/).


*****

Evangelho de 29112008

Lucas 21,34-36

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 34“Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; 35pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra.
36Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar a tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

http://www.cancaonova.com/portal/canais/liturgia/index.php?&dia=29&mes=11&ano=2008.



*****

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Drummond beatlemaníaco?!

Na noite passada, estava eu a pesquisar no Google um poema de Carlos Drummond de Andrade chamado "Morte no avião", para escrever em uma postagem sobre o primeiro aniversário da tragédia com o avião da TAM em São Paulo (http://conscienciaacademica.blogspot.com/2008/07/tragdia-da-tam-one-year-later.html). Me revoltou saber que se trata de um dos poemas menos divulgados do escritor, apesar de sua contemporaneidade. Quase não consegui encontrar o texto completo para copiar e colar. Enfim, consegui, e o resultado, você já deve ter visto.

O que mais me surpreendeu naquela prospecção foi encontrar um sítio que mostra uma pequena participação de Drummond na música. Quer dizer então que ele também era compositor? Não necessariamente. Acontece que, em 1969, ele foi convidado por uma revista de circulação nacional da época para traduzir as letras de algumas das canções mais recentes dos Beatles, e aquelas traduções foram anexadas a uma reportagem sobre os "Fab Four". Seria coincidência? Por que chamaram logo ele para cumprir aquela tarefa? Por que ele aceitou? Presumo que ele já estivesse na terceira idade, naquela época. Por que, então, se interessaria por letras de rock´n´roll? Enfim, parece que o resultado ficou bom. Nas páginas que vou citar, há alguns comentários sobre as canções traduzidas e sobre a tradução drummondiana. Ele não conseguiu traduzir algumas gírias, não sei se pela idade ou pela falta de conhecimento sobre a cultura que envolvia os compositores. Você sabia que a canção "Blackbird", aquela que é tema de fechamento do programa jornalístico Teveneno, da TV Diário de Fortaleza, canal 22, é uma metáfora da luta dos afro-descendentes pelos seus direitos civis nos Estados Unidos, no contexto em que Martin Luther King foi assassinado, há quarenta anos?

Então acesse http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond10.htm e http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond15.htm.


quinta-feira, 17 de julho de 2008

Tragédia da TAM: one year later

Nada se encaixa melhor no contexto daquele incidente do que o poema "Morte no Avião", escrito por Carlos Drummond de Andrade, há mais de sessenta anos. O poeta refletia bastante sobre a fugacidade da vida em sua obra. O texto me foi apresentado em uma aula de tanatologia na faculdade no semestre passado e logo me fez lembrar do acidente em São Paulo com o avião da TAM, há um ano, e daquele acidente com o avião da Gol, por conta de uma colisão com um jato norte-americano sobre uma floresta, em setembro de 2006. Não foram meras fatalidades. Foram episódios desastrosos que podiam ter sido evitados, se não fosse pela falta de consideração, de dedicação, de responsabilidade e de cuidado de alguém. Como pode haver dois acidentes aéreos assim em um país em menos de um ano??? Seguiram-se greves de controladores de vôo, atrasos nos aeroportos e o medo nas pessoas que voam com freqüência.

Nada mais revoltante do que ter algo arrancado de você tão repentina, dolorosa e tragicamente que você nada pode fazer para impedir, não é? E ainda não há ao menos 50% de garantia de que isso não vai voltar a acontecer. Pouca gente deve estar se esforçando para prevenir. Então, sugiro que rezemos por nossos irmãos que "partiram" naquele episódio ou em situações similares e por seus familiares. E por nós mesmos, que não estamos livres.

Agora vamos ao poema do glorioso CDA. Um poema que narra o último dia de vida de um passageiro de um vôo noturno de uma companhia aérea qualquer, em um aeroporto qualquer, em qualquer época, mas podia ter sido hoje. Poderia ter sido o último dia de uma daquelas pessoas que morreram no Aeroporto de Congonhas, ano passado. Você não vai se arrepender de me dar dois dedinhos de atenção na leitura deste texto. Se quiser ouvi-lo declamado, acesse http://www.rhaiza.com.br/drummond_14.htm. Se quer ver um comentário sobre este e outros poemas do autor, acesse http://educaterra.terra.com.br/literatura/livrodomes/2002/12/27/002.htm ou http://www.casaeuclidiana.org.br/texto/ler.asp?Id=1445&Secao=120.

Antes, confira, no portal UOL, matéria especial sobre a tragédia em http://noticias.uol.com.br/especiais/1-ano-acidente-airbus-tam/.


Acordo para a morte.

Barbeio-me, visto-me, calço-me.

É meu último dia: um dia

cortado de nenhum pressentimento.

Tudo funciona como sempre.

Saio para a rua. Vou morrer.


Não morrerei agora. Um dia

inteiro se desata à minha frente.

Um dia como é longo. Quantos passos

na rua que atravesso. E quantas coisas

que há no tempo, acumuladas. Sem reparar,

sigo meu caminho. Muitas faces

comprimem-se no caderno de notas.


Visito o banco. Para que

esse dinheiro azul se alguma horas

mais, vem a polícia retirá-lo

do que foi meu peito e está aberto?

Mas não me vejo cortado e ensangüentado.

Estou limpo, claro, nítido, estival.

Não obstante, caminho para a morte.

Passo nos escritórios. Nos espelhos.

Nas mãos que apertam, nos olhos míopes, nas bocas

que sorriem ou simplesmente falam eu desfilo.

Não me despeço, de nada sei, não temo;

a morte dissimula

seu bafo e sua tática.


Almoço. Para quê? Almoço um peixe em ouro e creme.

É meu último peixe em meu último

garfo. A boca distingue, escolhe, julga,

absorve. Passa música no doce, um arrepio

de violino ou vento, não sei. Não é a morte.

É o sol. Os bondes cheios. O trabalho.

Estou na cidade grande e sou um homem

na engrenagem. Tenho pressa. Vou morrer.

Peço passagem aos lentos. Não olho os cafés

que retinem xícaras e anedotas,

como não olho o muro do velho hospital

em sombra.

Nem os cartazes. Tenho pressa. Compro um jornal.

É pressa, embora vá morrer.


O dia na sua metade já rota não me avisa

que começo também a acabar. Estou cansado.

Queria dormir, mas os preparativos. O telefone.

A fatura. A carta. Faço mil coisas

que criarão outras mil aqui, além, nos Estados Unidos.

Comprometo-me ao extremo, combino encontros

a que nunca irei, pronuncio palavras vãs,

minto dizendo: até amanhã. Pois não haverá.


Declino com a tarde, minha cabeça dói, defendo-me,

a mão estende um comprimido, a água

afoga a menos que dor, a mosca,

o zumbido... Disso não morrerei: a morte engana,

como um jogador de futebol a morte engana,

como os caixeiros escolhe

meticulosa, entre doenças e desastres.


Ainda não é a morte, é a sombra

entre edifícios fatigados, pausa

entre duas corridas. Desfalece o comércio de atacado,

vão repousar os engenheiros,

os funcionários, os pedreiros.

Mas continuam vigilantes os motoristas, os garçons,

mil outras profissões noturnas. A cidade

muda de mão, num golpe.


Volto à casa. De novo me limpo.

Que os cabelos se apresentem ordenados

e as unhas não lembrem a antiga criança rebelde.

A roupa sem pó. A mala sintética.

Fecho meu quarto. Fecho minha vida.

O elevador me fecha. Estou sereno.


Pela última vez miro a cidade.

Ainda posso desistir, adiar a morte,

não tomar este carro. Não seguir para.

Posso voltar, dizer: amigos,

esqueci um papel, não há viagem,

ir ao cassino, ler um livro.


Mas tomo o carro, indico o lugar

onde algo espera. O campo. Refletores.

Passo entre mármores, vidro, aço cromado.

Subo uma escada. Curvo-me. Penetro

no interior da morte.


A morte dispôs poltronas para o conforto

da espera. Aqui se encontram

os que vão morrer e não sabem.

Jornais, café, chiclets, algodão para o ouvido,

Pequenos serviços, cercam de delicadez

nossos corpos amarrados.

Vamos morrer, já não é apenas

meu fim particular e limitado,

somos vinte a ser destruídos,

morreremos vinte,

vinte nos espatifaremos, é agora.


Ou quase. Primeiro a morte particular,

restrita, silenciosa, do indivíduo.

Morro secretamente e sem dor,

para viver apenas como pedaço de vinte,

e me incorporo todos os pedaços

dos que igualmente vão perecendo calados.

Somos um em vinte, ramalhete

de sopros robustos prestes a desfazer-se.


E pairamos,

frigidamente pairamos sobre os negócios

e os amores da região.

Ruas de brinquedo se desmancham,

luzes se abafam, apenas

colchões de nuvens, morros se dissolvem.

Apenas

um tubo de frio roça meus ouvidos,

um tubo que se obtura; e dentro

da caixa iluminada e tépida vivemos

em conforto e solidão e calma e nada.


Vivo

meu instante final e é como

se vivesse há muitos anos

antes e depois de hoje,

uma contínua vida irrefreável,

onde não houvesse pausas; síncopes, sonos,

tão macia na noite é esta máquina

e tão facilmente ela corta

blocos cada vez maiores de ar.


Sou vinte na máquina

que suavemente respira,

entre placas estelares e remotos sopros de terra,

sinto-me natural a milhares de metros de altura,

nem ave nem mito,

guardo consciência de meus poderes,

e sem mistificação eu vôo,

sou um corpo voante e conservo bolsos, relógios, unhas,

ligado à terra pela memória

e pelo costume dos músculos,

carne em breve explodindo.


Ó brancura, serenidade sob a violência

da morte sem aviso prévio,

cautelosa, não obstante irreprimível

aproximação de um perigo atmosférico,

golpe vibrado no ar, lâmina de vento

no pescoço, raio

choque estrondo fulguração

rolamos pulverizados

caio verticalmente e me transformo em notícia.





quinta-feira, 29 de maio de 2008

Em dez anos, país perde 44 aeroportos de pequeno e médio porte

Para quem não sabe, Sobral também possui um aeroporto, mas não sei se ele funciona. Não conheço alguém que viaje freqüentemente de avião entre Fortaleza e Sobral ou de Sobral para outro lugar. Minha casa fica próxima a esse aeroporto, mas nunca vi nenhum avião da TAM, por exemplo, passando sobre minha cabeça. Só ouço uns ruídos de mosquitos gigantes todas as manhãs ou nos fins de tarde. Lamentável que a nossa cidade, uma das maiores do Estado, seja depreciada assim.

A quantidade de cidades atendidas por vôos comerciais tem diminuído devido "liberalização do setor" e "concorrência predatória" entre as empresas. É o que sustenta um estudo coordenado pela Associação Brasileira de Empresas de Transportes Aéreos Regionais (Abetar) e financiado pelo Ministério do Turismo.

Realizado por técnicos do Núcleo de Estudos em Competição e Regulação do Transporte Aéreo (Nectar) do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em parceria com profissionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o trabalho revela que, nos últimos dez anos, o número de aeroportos em operação diminuiu de 199 para 155. Essa variação negativa atingiu diretamente 384 cidades, afetando pelo menos 8 milhões de brasileiros obrigados a se deslocar até outras localidades para viajar de avião.

A redução do número de aeroportos ocorreu em todo o país, mas a Região Norte foi a que mais perdeu em termos absolutos de cobertura. Lá, o número de aeroportos em operação baixou de 59 para 46, uma variação de 22%. A quantidade de microrregiões cobertas baixou de 41 para 33, enquanto o número de municípios atendidos caiu de 248 para 214.

Na Região Centro-Oeste, o número de aeroportos em operação diminuiu 29%, passando de 31 para 22. O número de microrregiões cobertas baixou de 24 para 18 e o de municípios atendidos de 232 para 162.

Na Região Nordeste, a quantidade de aeroportos em operação baixou de 35 para 29 (menos 17,1%). As microrregiões cobertas, que antes chegavam a 31, hoje são 26. Já o número de municípios caiu de 366 para 274.

Na Região Sudeste, a quantidade de aeroportos em operação baixou de 42 para 32 (menos 23,8%), o número de microrregiões cobertas caiu de 39 para 30 e o de municípios, de 516 para 417. Já na Região Sul, o número de aeroportos em funcionamento baixou de 32 para 26 (variação de 18,8%), o de microrregiões cobertas de 31 para 24 e o de municípios de 459 para 370.

http://verdesmares.globo.com/v3/canais/noticias.asp?codigo=220859&modulo=125

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Coincidência ou não...


Recebi esta interessante mensagem por correio eletrônico, há alguns meses, e estou compartilhando aqui, por ser uma história bastante curiosa e impressionante, e para homenagear a pessoa que me enviou, porque está aniversariando hoje:



"Estou enviando essa mensagem, não por que acredito que vá acontecer qualquer milagre, vejo milagres
acontecerem todos os dias, mas porque achei a mensagem muito bonita, que mostra a força da gratidão. Por tanto, podem ignorar a última parte da mensagem, ou não. Pouco importa, mas não custa ser traficante de mensagens belas."


Ana Glória





Veja mais em http://conscienciaacademica.blogspot.com/2008/03/mensagem-do-dia-2.html.

"No mês de agosto de 2001, Moshê, um bem sucedido empresário judeu, viajou para Israel a negócios.
Na quinta feira, dia nove, entre uma reunião e outra, o empresário aproveitou para ir fazer um lanche rápido em uma pizzaria na esquina das ruas Yafo e Mêlech George no centro de Jerusalém. O estabelecimento estava superlotado. Logo ao entrar na pizzaria,
Moshê percebeu que teria que esperar muito tempo numa enorme fila, se realmente desejasse comer alguma coisa - mas ele não dispunha de tanto tempo. Indeciso e impaciente, pôs-se a ziguezaguear por perto do balcão de pedidos, esperando que alguma solução caísse do céu. Percebendo a angústia do estrangeiro, um israelense perguntou-lhe se ele aceitaria entrar na fila na sua frente. Mais do que agradecido, Moshê aceitou. Fez seu pedido, comeu rapidamente e saiu em direção à sua próxima reunião.
Menos de dois minutos após ter saído, ele ouviu um estrondo aterrorizador. Assustado, perguntou a um rapaz que vinha pelo mesmo caminho que ele acabara de percorrer o que acontecera. O jovem disse que um homem-bomba acabara de detonar uma bomba na pizzaria Sbarro`s...
Moshê ficou branco. Por apenas dois minutos ele escapara do atentado. Imediatamente lembrou do homem israelense que lhe oferecera o lugar na fila. Certamente ele ainda estava na pizzaria. Aquele sujeito salvara a sua vida e agora poderia estar morto. Atemorizado, correu para o local do atentado para verificar se aquele homem necessitava de ajuda. Mas encontrou uma situação caótica no local. A Jihad Islâmica enchera a bomba do suicida com milhares de pregos para aumentar seu poder destrutivo. Além do terrorista, de vinte e três anos, outras dezoito pessoas morreram, sendo seis crianças. Cerca de outras noventa pessoas ficaram feridas, algumas em condições críticas. As cadeiras do restaurante estavam espalhadas pela calçada. Pessoas gritavam e acotovelavam-se na rua, algumas em pânico, outras tentando ajudar de alguma forma. Entre feridos e mortos estendidos pelo chão, vítimas ensangüentadas eram socorridas por policiais e voluntários. Uma mulher com um bebê coberto de sangue implorava por ajuda. Um dispositivo adicional já estava sendo desmontado pelo exército. Moshê procurou seu 'salvador' entre as sirenes sem fim, mas não conseguiu encontrá-lo. Ele decidiu que tentaria de todas as formas saber o que acontecera com o israelense que lhe salvara a vida. Moshê estava vivo por causa dele. Precisava saber o que acontecera, se ele precisava de alguma ajuda e, acima de tudo, agradecer-lhe por sua vida. O senso de gratidão fez com que esquecesse da importante reunião que o aguardava.
Ele começou a percorrer os hospitais da região, para onde tinham sido levados os feridos no atentado. Finalmente encontrou o israelense num leito de um dos hospitais. Ele estava ferido, mas não corria risco de vida. Moshê conversou com o filho daquele homem, que já estava acompanhando seu pai, e contou tudo o que acontecera. Disse que faria tudo que fosse preciso por ele. Que estava extremamente grato àquele homem e que lhe devia sua vida. Depois de alguns momentos, Moshê se despediu do rapaz e deixou seu cartão com ele. Caso seu pai necessitasse de qualquer tipo de ajuda, o jovem não deveria hesitar em comunicá-lo.
Quase um mês depois, Moshê recebeu um telefonema em seu escritório em Nova Iorque daquele rapaz, contando que seu pai precisava de uma operação de emergência. Segundo especialistas, o melhor hospital para fazer aquela delicada cirurgia fica em Boston, Massachussets. Moshê não hesitou. Arrumou tudo para que a cirurgia fosse realizada dentro de poucos dias. Além disso, fez questão de ir pessoalmente receber e acompanhar seu amigo em Boston, que fica a uma hora de avião de Nova Iorque.
Talvez outra pessoa não tivesse feito tantos esforços apenas pelo senso de gratidão. Outra pessoa poderia ter dito 'Afinal, ele não teve intenção de salvar a minha vida: apenas me ofereceu um lugar na fila'. Mas não Moshê. Ele se sentia profundamente grato, mesmo um mês após o atentado. E ele sabia como retribuir um favor.
Naquela manhã de terça-feira, Moshê foi pessoalmente acompanhar seu amigo - e deixou de ir trabalhar. Sendo assim, pouco antes das nove horas da manhã, naquele dia onze de setembro de 2001, Moshê não estava no seu escritório no 101º andar do World Trade Center Twin Towers.



Relatado em palestra do Rabino Issocher Frand

'Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor;
louvai-o, e bendizei o seu nome.' Salmos 100:4


Envie para 15 pessoas e terás um milagre esta noite.


Obs: Não ignore porque terás uma surpresa."


Obrigado pelo presente e Feliz Aniversário, Glorinha!!!