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terça-feira, 17 de novembro de 2009

Natal de luz

Concordo que o Natal ainda seja uma época bonita, porque tudo e todos ficam mais bonitos (pelo menos por fora), como diz o reclame de uma conhecida marca de cosméticos. A propaganda deles no rádio é mais completa e mais profunda, mesmo assim posto aqui a propaganda de TV que também é bonita.


O governo estadual em parceria com os grandes comerciantes do Estado pretende mais uma vez investir pesado na decoração natalina e na realização de grandes eventos públicos com apresentações de artistas consagrados, na capital e em algumas cidades do interior.

Tudo bem, eu entendo que, como eu já disse algumas vezes, todo mundo tem o direito de arrumar a casa, de acordo com a ocasião (http://conscienciaacademica.blogspot.com/2009/11/evolucao.html e http://conscienciaacademica.blogspot.com/2009/09/11-de-setembro-de-2009.html). No entanto, seria melhor se eles maneirassem com isso e canalizassem os seus recursos para embelezar as cidades e seus habitantes de tal maneira que a beleza do trabalho durasse o ano inteiro, ou melhor, que fosse permanente. Neste fim de ano, precisamos remodelar a sociedade de maneira mais profunda, cuidando das estéticas interna e externa e tentando diminuir a exclusão social.

Lembre-se que, para a maioria das pessoas, todo esse clima de Natal que a mídia quer implantar deixou de fazer algum sentido ou nunca fez, não necessariamente por razões socioeconômicas. Eu, por exemplo, já não posso mais desfrutar da atmosfera natalina como antigamente. Não posso mais parar, sentar e pensar "que beleza, é natal". Não posso mais passear com minha mãe pelo turbulento centro de Fortaleza, que fica mais turbulento ainda nesta época, como nos meus tempos de criança. Já não faço mais questão de acordar na manhã de 25 de dezembro e encontrar uma surpresa embaixo da cama. De uns tempos para cá, meu presente de Natal tem sido um mês de trabalho, estresse e ansiedade. Se bem que aliviou um pouco de uns cinco anos para cá. Mas no mês que vem, trabalharei que nem peão, e alguns de meus amigos trabalharão mais ainda. Alguns serão, a contragosto, como os pastores de Belém, porque talvez estejam de plantão em uma maternidade, na noite de Natal, noite essa que eu também, onde quer que esteja, não consigo mais celebrar em paz, porque, todo dia e toda vez que eu faço as refeições, eu me lembro que alguém está passando fome em algum lugar, e toda vez que eu fico alegre, eu me lembro que alguém está triste em algum lugar, e toda vez que tenho algum motivo para comemorar ou estou em uma festa, me lembro que alguém está de luto, está em um hospital ou em um velório. Estranhamente, depois que comecei a cursar medicina, tornei-me mais sensível aos problemas da humanidade e me preocupo mais com os sofrimentos das pessoas. Por isso que tenho vontade de um dia ingressar na carreira política. Falarei mais sobre isso em outra ocasião.

O importante agora é refletir sobre o impacto real de tantos enfeites e mídias natalinas em nossas vidas e tentarmos embelezá-las de verdade. Enquanto para muitos o ano está acabando, para outros, como eu, está só começando. Fica aí o mote lançado para as próximas postagens.

http://www.antonioviana.com.br/2009/site/ver_noticia.php?id=61025.

http://cearaenoticia.blogspot.com/2009/11/agendacdl-lanca-hoje-campanha-natal-de.html.

http://jangadeiroonline.com.br/ceara/vanessa-da-mata-abre-campanha-ceara-natal-de-luz/.

http://blog.opovo.com.br/blogdoeliomar/ceara-natal-de-luz-sera-lancado-no-dia-20-de-novembro/.

http://www.radiocaicara.com/index.php?option=com_phocagallery&view=category&id=17Itemid=109.

http://www.sobralportaldenoticias.com/videosview.php?id=278.


 


 

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Futuro do Brasil



Devia ter publicado esta postagem no mês passado, por conta do mês das crianças. Mas a minha vida estava meio corrida. De qualquer maneira, precisava escrevê-la porque algumas situações me fizeram refletir sobre aquilo que chamam de "o futuro do Brasil". Será que esse "futuro" ainda tem futuro???
Enfim, certa noite, estava eu sentado em uma praça quando um garoto chegou e me perguntou se podia engraxar meus sapatos. Eu permiti. Confesso que me senti um homem importante de negócios. Nunca haviam engraxado meus sapatos assim antes. Estava perto do "Dia das crianças". Isto me fez lembrar que nem toda criança leva uma vida de "Pá-pé-pio". Que muitas crianças ainda andam com os pés descalços e ainda levam uma vida sofrida de trabalho e, às vezes, de estudo. Lembrei-me também que o personagem Chaves representa a realidade de muitas crianças latino-americanas e que ele apareceu trabalhando como engraxate em um dos episódios da série homônima. Pena que não consegui achar o vídeo.
No dia dito das crianças, fui com minha namorada e seus dois afilhados a um parque de diversões. Observei que havia muitas crianças de "pé-no-chão" rondando o local, procurando brechas para adentrar e brincar em alguns dos brinquedos. Foi grande a vontade de ser milionário e poder pagar ingressos a todas elas. Minha situação na infância era similar a deles, guardadas as devidas proporções, porque eu já quis um dia conhecer a Disney. Nunca fui. Muita gente da minha geração só teve condições de ir "pedir a benção ao Mickey pessoalmente" quando já estava na adolescência, nos anos 90. Para você ver como as condições financeiras de nossos pais eram difíceis, quando éramos crianças, nos anos 80. Mas parece que não perdi grande coisa.
Vendo as situações que acabei de expor, a do garoto engraxate e a dos garotos que não podiam brincar no parque, me veio a seguinte indagação: será que as crianças ainda são o futuro do Brasil??? Há uns 50 anos, podiam dizer que sim. Elas não apenas eram o futuro. Elas tinham o futuro nas mãos. Naqueles tempos, ninguém podia descartar a possibilidade de um garoto qualquer, como aquele que engraxou meus sapatos, por exemplo, vir a ser um presidente de um banco, um médico ou um político. Naqueles tempos, as crianças mais pobres podiam sonhar com um futuro mais próspero e podiam construí-lo por meio de esforço próprio, com um pouco de trabalho e com muito estudo. Naqueles tempos, ainda podiam contar com alguma educação pública de qualidade e, com a educação, podiam chegar aonde quisessem. Meus pais são bons exemplos disso. Não entendo porque hoje está cada vez mais difícil isto acontecer. Por que as crianças mais simples não podem mais crescer com a educação??? Por que é quase impossível agora imaginar um desses garotos pedintes que lavam pára-brisas nos cruzamentos virando adultos com carteiras assinadas, famílias constituídas, casas próprias e carros nas garagens??? O que está acontecendo???
Tenho uma teoria que pode ajudar a responder esta pergunta, pelo menos em parte. É a teoria da malandragem e da vida fácil, por vezes associada ao uso da violência, que está ganhando terreno. Certa noite, estava eu em uma lanchonete jantando, quando um garoto veio me pedir dinheiro para pagar um mototaxista que o levasse para casa. Eu perguntei o que ele fazia fora de casa, depois das onze. Ele respondeu que não havia comida em casa. Eu como sou sensível nessas situações, ajudei-o. Depois quero comentar sobre essa questão da minha sensibilidade à palavra "fome". Dei-lhe dois reais e ele saiu. Andou alguns passos e apareceu um amigo dele segurando uma bicicleta. E os dois saíram juntos. Fiz papel de trouxa. Não foi pior que o papel que a mamãe fez, quando ela estava na porta de um hospital, em Fortaleza, e um sujeito disse que veio de Canindé, que estava ali apenas para uma consulta, mas perdeu o microônibus bancado por sua prefeitura que o levaria de volta para casa, e pediu a ela ajuda para voltar à sua cidade, dizendo que uns policiais se dispuseram a conduzi-lo até a rodoviária. Ela deu 10 reais. Eu sabia que não ia fazer bom negócio. Desde quando uns policiais são tão legais a ponto de largarem o serviço e atravessarem a cidade para deixar alguém na rodoviária???
Voltando ao meu caso, o dono da lanchonete sentou-se em minha mesa e conversou comigo. Explicou que já estava trabalhando naquele ponto há tempo suficiente para entender das malandragens daqueles pedintes que passam por lá. Disse que já tentou oferecer emprego em seu estabelecimento a vários daqueles garotos. Dentre os poucos que aceitaram, a maioria lhe deu muito trabalho e muita dor de cabeça. Uns o roubaram, outros o acionaram na justiça. Lamentou que o governo atual, com seus programas de benefícios sociais, incentivou as pessoas a deixarem de trabalhar e a viverem às custas do governo. Por isso, os jovens não querem mais aceitar trabalho. Preferem tocar a vida da maneira mais fácil que encontrarem. Mas nem tudo é desgraça. Ele citou um exemplo de um empregado seu que está em um cursinho pré-vestibular.
O bolsa-escola eu ainda tolera. Pelo menos ele serve para acabar com a desculpa de que o filho não vai para a escola porque os pais não têm dinheiro para o material, para o lanche ou para o transporte. Seguro-desemprego dá um suporte provisório até o sujeito se recolocar no mercado de trabalho. Passar o resto da vida com ele não dá. Mas bolsa-família é um abuso. Tem gente que acha que engravidar é brincadeira. Gente que acha que engravidar para receber benefícios do governo dá lucro. Não dá. O que o governo paga vai para a mãe e para a criança. E ainda é pouco para as duas. Não seria melhor essa moça estudar e trabalhar para ganhar mais e não precisar do dinheiro do governo???
A expressão "Pá-Pé-Pio" se refere a um comercial de TV que, todos os anos, na época do Dia da Criança, uma loja de calçados de Fortaleza lança. Desde que me entendo por gente esse comercial existe. Em 2009, está reformulado e um pouco diferente dos anos anteriores, mas continua sendo um marco para a infância fortalezense.