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Impressões pessoais sobre notícias ou sobre episódios cotidianos, além de informações de utilidade pública.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Mar Adentro

Hoje, assisti na faculdade, a um filme espanhol, cujo nome é o título desta postagem. Trata da história real de um cidadão, que, aos 25 anos, no final dos anos 60, sofre um acidente que o deixa tetraplégico. Desde então, ele vive deitado, sem poder se mexer, e sendo cuidado por familiares e amigos, até que, depois de quase trinta anos, ele perde de vez a vontade de viver e pede autorização da Justiça Espanhola para que seus entes queridos o ajudem a morrer sem serem incriminados.
Esta é uma situação muito difícil de lidar. Muito difícil saber o que fazer com uma pessoa assim, dar a ela uma boa razão para continuar a viver. Muito fácil dizer a ele que a vida é sagrada e que nós não somos donos dela. Não que a religião esteja errada em falar assim, mas se você se imaginar no lugar de uma pessoa nesta situação, você saberia o que fazer? Como desfrutar de uma vida, preso em um corpo que não funciona a contento e que não te ajuda a usufruir as coisas boas que a vida oferece ou conquistar tudo que você deveria ter, como trabalho, casamento e filhos? Viver preso e relativamente sozinho, sem ter acesso a essas coisas que mencionei, vale a pena? Não sei. O que posso dizer é que não devemos julgar essas pessoas, devemos ser solidários a elas, não ao ponto de ajudá-las a morrer, mas ajudá-las a viver. Eu no lugar dele, me sentiria muito mal, mas afastaria a idéia de morte de mim, em consideração às pessoas que me amam. Tentaria me manter em contato com Deus, ainda que eu O achasse injusto por me deixar passar por aquela situação. Sendo assim, somente Ele poderia me ajudar a suportar aquela dor. Eu me emocionei com o filme, embora algumas cenas fossem engraçadas, principalmente quando o protagonista estava muito sarcástico.
Toda semana, eu tenho aulas práticas em um ambulatório de infectologia. Todos os pacientes que eu vi até agora são portadores do HIV. A maioria deles contraiu o vírus no casamento. Deve ser por isso que a Igreja Católica condena a camisinha. Além de ela estimular a libertinagem das pessoas e de ser um método contraceptivo, ela não é suficiente para evitar a disseminação do vírus porque depende da maneira como é usada e da qualidade do material e por conta dos contágios matrimoniais. Se você se casa com alguém, é porque, além de amar a pessoa, confia nela, quer ter o máximo de contato íntimo com ela pelo resto da vida e deseja ter filhos com ela, não é? Vai pensar em usar camisinha com ela? Acho que não. Se houvesse mais fidelidade nos relacionamentos, talvez o preservativo não fosse tão necessário e a incidência de AIDS diminuiria consideravelmente. É louvável que tenham diminuido os casos de recém-nascidos infectados, graças às políticas de profilaxia no pré-natal (ainda sim, tive o desgosto de ver uma criança de 7 anos com AIDS internada na Santa Casa que veio à óbito, na semana seguinte) e lastimável que muita gente ainda é infectada da maneira que menos espera. Por isso, mais importante do que usar o preservativo, é saber escolher a pessoa certa, na hora certa.
Achei oportuno falar aqui sobre os pacientes soropositivos porque, embora eles não tenham tantas limitações como o personagem do filme e a maioria deles estejam assintomáticos, com a infecção devidamente controlada por terapia anti-retroviral, acredito que eles também sofrem bastante, seja pelo preconceito, seja pela consciência do fardo que estão carregando dentro de si pelo resto de suas vidas. Não sei até que ponto eles se sentem estimulados a continuarem vivos. Eu tento imaginar o que se passa na mente deles. À grosso modo, deve ser uma espécie de morte em vida. Então, não pretendo ser infectologista. Não que eu tenha preconceito com os pacientes, mas me sinto meio angustiado quando estou com eles. O sofrimento deles me afeta. Às vezes chego a ter a sensação de que posso pegar o vírus pelo ar. Me afeta mais ainda saber que, por enquanto, não há mais nada que possamos fazer por eles, mas ainda temos a esperança de um dia podermos libertá-los. Você pode dizer que eu ficaria afetado com o sofrimento de qualquer paciente. É verdade, mas tratar um paciente soropositivo não é a mesma coisa que tratar um paciente diabético, pois este deve sofrer menos porque tem menos limitações.
Acho que tudo isso deve ter uma explicação racional. Estou em uma fase em que, depois de ter visto tanta coisa na faculdade, depois de ter estudado tantas doenças, estou com muito medo de contraí-las. Deve ser o hipocondrismo ou hipocondria transitória do 3º ou do 4º ano. Ainda que as probabilidades de contrair aquelas doenças, especialmente as mais graves, ou de estar na mesma situação do personagem do filme sejam muito pequenas, eu sinto pavor só de pensar nisto. Enfim, tudo que eu vejo na minha carreira acadêmica está me afetando emocionalmente.
Então, todas as noites eu rezo por aquelas pessoas que carregam um sofrimento vitalício e entrego nas mãos de Deus minha saúde, minha segurança e meu destino, sempre agradecendo a Ele por estar saudável hoje, sem nenhum tipo de limitação ou de deficiência, implorando para que Ele me guarde assim, para que eu possa realizar meus sonhos, inclusive os de casar e de ter filhos. Me lembro sempre de pedir tudo isso também em favor de parentes e amigos meus. Aconselho você a fazer o mesmo.

Por essa eu até que esperava.

Ontem eu reclamei que a Justiça Eleitoral quer dominar tudo, inclusive a Internet. Sou a favor da liberdade de expressão, mas, realmente, a libertinagem na Internet está passando dos limites. Não digo isso apenas por causa da pedofilia, mas o crime organizado em geral está sendo bastante beneficiado com isso. Na verdade, o crime está sendo beneficiado por quase todo tipo de tecnologia, principalmente pela telefonia móvel. Vou comentar sobre isto em outra ocasião.
Só estou escrevendo isto hoje porque vi uma notícia intrigante no Yahoo, a respeito de um blog que vendia cartões de crédito roubados. Por incrível que pareça, a página não era brasileira. Ela vendia cartões roubados em vários países, em dólares e o conteúdo seria em inglês. Seu nome era "SellCVV2". Pelo que entendi, parece que estava hospedado pelo Blogspot, da Google, mas já teria sido retirada do ar. Ainda bem. Já pensou se os cartões corporativos do Governo Brasileiro fossem parar lá???
Isto não me surpreende tanto. Quem acessar o Orkut, não vai demorar muito para encontrar perfis e comunidades que fazem apologia ao crime. A bandidagem do Lagamar, um bairro de Fortaleza, por exemplo, deve estar quase toda lá. Muita gente aparece nas fotos fazendo gestos com as mãos, sugerindo revólveres, ou até mesmo ostentando armas. E muitos deles nem se dão o trabalho de criar "fakes". Até agora não vi, mas dizem que realmente existem pessoas que tem a cara-de-pau de comercializar drogas no Orkut. Devem também negociar outras coisas ilegais, inclusive cartões. Tudo é possível.
Se acha que estou mentindo sobre a venda dos cartões, leia as notícias:
http://br.noticias.yahoo.com/s/080331/7/gjlr9y.html
http://www.techworld.com/news/index.cfm?RSS&NewsID=11808
http://online.iguga.com/2008/03/31/site-para-venda-de-cartoes-roubados-e-descoberto/

Mensagem do dia

Numa noite fria e escura, um alpinista tentava escalar sozinho uma montanha muito alta. De repente, ele pisa em falso numa rocha e cai na escuridão. Depois de alguns segundos em queda livre, ele pára de cair e fica suspenso por sua corda. Está tudo escuro ao seu redor e ele fica desesperado, sem saber o que fazer para sair de lá. Então, ele invoca o nome de Deus, pedindo socorro. Quando ele menos espera, Deus responde, perguntando se o alpinista acredita mesmo que Ele pode tirá-lo de lá. Ele responde que sim. Então Deus o manda cortar a corda. Ele chega a levar a mão à cintura, a fim de pegar uma faca para cortar a corda, mas retrocede, e cheio de dúvida e de medo, se agarra mais ainda à corda.
Na manhã seguinte, uma equipe de resgate encontrou um homem congelado, pendurado por uma corda, há apenas dois metros de altura.

Às vezes precisamos cortar algumas cordas que nos prendem a certas coisas que achamos que são importantes para nós e nos deixarmos cair nas mãos de Deus.

domingo, 30 de março de 2008

Mensagem do dia

"Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços o meu pecado de pensar."

Clarice Lispector

TSE quer ter controle absoluto até sobre a Internet, como se aqui fosse a China.

Já estava na hora de acabarem com esta história de voto obrigatório. É até tolerável a velha retórica de que votar, além de ser um direito, é uma obrigação do cidadão. O que não se pode tolerar é que a obrigatoriedade do voto seja uma desculpa para a prepotência e o despotismo da Justiça Eleitoral e de seus comandados, cuja autoridade se estende praticamente sobre todos os brasileiros, especialmente em épocas eleitorais. Eles se acham no direito de manipular tudo, o cotidiano das pessoas, a venda de bebidas alcóolicas, os meios de comunicação, daqui a pouco vão decretar toque de recolher. Já conseguiram tirar algumas emissoras de rádio do ar. Provavelmente vão querer tirar também este blog do ar. Vão dar uma de Hugo Chavéz à brasileira.
Além de ser obrigado a sair de casa para votar, ainda corre-se o risco de ficar por lá. Você já deve ter ouvido falar de histórias de pessoas que, depois de votarem, foram "convidadas" a ficarem lá trabalhando na seção eleitoral, mas como se recusaram, foram presas. Não sei se os "déspotas" que fizeram esses "convites" eram funcionários dos TREs ou apenas cidadãos comuns escalados para estar lá e que apenas queriam descontar em alguem. Também não sei em que lei eles se basearam.
Eles fazem isso porque sabem que todo mundo depende do título de eleitor para poder sobreviver, assim como os homens dependem direta ou indiretamente do serviço militar. Quem não tem esses dois documentos, aos quais muitos documentos e serviços estão atrelados, fica praticamente com suas "pernas cortadas", impedido de viver.
Nos Estados Unidos, considerados a "Terra da Democracia", o voto é facultativo. Aqui, as leis precisam ser mudadas, pois votamos demais e não vemos resultado algum nisso. Vivemos cada vez com menos qualidade de vida. Mas aqueles que poderiam mudar tudo isso, não estão nem um pouco preocupados.
E AINDA CHAMAM O DIA DE VOTAÇÃO DE "FESTA DA DEMOCRACIA"!!!
Se você ainda acha que estou mentindo, dê uma olhada nestas duas matérias:

http://samadeu.blogspot.com/2008/03/tse-quer-controlar-campanha-na-internet.html

http://marcelotas.blog.uol.com.br/arch2008-03-16_2008-03-31.html

Achado interessante

Neste artigo da revista "Superinteressante", publicado há alguns anos, sobre as "brechas" da psicanálise de Freud, há um trecho que me chamou a atenção, porque ele invoca a importância da relação médico-paciente, que deve ser bastante valorizada:
Como um bom gastroenterologista, Wilhelm Kenzler cuidava com esmero do estômago de seus pacientes. Examinava, entubava, operava e indicava remédios para aliviar a dor. Até que um dia, quando fazia seu doutorado na Alemanha, na década de 1950, ele atendeu um homem com uma intrigante dor de estômago. Depois de um exame físico detalhado, o médico não achou absolutamente nada de anormal com o paciente - pelo menos até começar a conversar com ele. "Ele sentou e me contou sua história de vida", diz Kenzler. "Quando me disse que queria largar sua mulher, 15 anos mais velha que ele, e que seu relacionamento com ela era típico de mãe e filho, percebi qual a verdadeira origem de sua dor de estômago."


Se quiser saber mais, acesse
http://super.abril.com.br/superarquivo/2002/conteudo_120830.shtml

Mensagem do dia (Eclesiástico, cap. 38, vs. 1 ao 15)

1. Honra o médico por causa da necessidade, pois foi o Altíssimo quem o criou.
2. (Toda a medicina provém de Deus), e ele recebe presentes do rei:
3. a ciência do médico o eleva em honra; ele é admirado na presença dos grandes.
4. O Senhor fez a terra produzir os medicamentos: o homem sensato não os despreza.
5. Uma espécie de madeira não adoçou o amargor da água? Essa virtude chegou ao conhecimento dos homens.
6. O Altíssimo deu-lhes a ciência da medicina para ser honrado em suas maravilhas;
7. e dela se serve para acalmar as dores e curá-las; o farmacêutico faz misturas agradáveis, compõe ungüentos úteis à saúde, e seu trabalho não terminará,
8. até que a paz divina se estenda sobre a face da terra.
9. Meu filho, se estiveres doente não te descuides de ti, mas ora ao Senhor, que te curará.
10. Afasta-te do pecado, reergue as mãos e purifica teu coração de todo o pecado.
11. Oferece um incenso suave e uma lembrança de flor de farinha; faze a oblação de uma vítima gorda.
12. Em seguida dá lugar ao médico, pois ele foi criado por Deus; que ele não te deixe, pois sua arte te é necessária.
13. Virá um tempo em que cairás nas mãos deles.
14. E eles mesmos rogarão ao Senhor que mande por meio deles o alívio e a saúde (ao doente) segundo a finalidade de sua vida.
15. Aquele que peca na presença daquele que o fez, cairá nas mãos do médico.

Do Ensino Médio ao Ensino Médico.

Já parou para imaginar porque existem tantas faculdades de medicina no Brasil? Será por causa da demanda? Pode ser, mas essa demanda está muito mal distribuída. Ainda faltam médicos em muitos lugares do país e tem gente que acha que a solução é aumentar o número de faculdades. Até porque ainda há muita gente querendo cursar medicina. Por isso que não faltam clientes para as faculdades particulares. E por que tantos adolescentes, ao saírem do colégio, querem estudar medicina? Tudo bem que a medicina continua sendo uma carreira nobre, promissora e glamourosa, mas eles ainda não sabem que a diferença entre o Ensino Médio e o Ensino Médico vai além de uma letra a mais. Ainda é possível desfrutar de algum status na profissão, desde que trabalhe bem, sabendo onde está pisando. A culpa disso, ao meu ver, é dos grandes colégios particulares, que, ficam se degladiando nos vestibulares por fama, e fazem a gente sair deles com a sensação de que só vai vencer na vida se for médico, advogado ou dentista.
Não sou radicalmente contra a abertura de novos cursos de medicina ou aumento de vagas nos cursos já existentes, desde que sejam em universidades públicas e, de preferência, no interior. Nas universidades públicas, porque aumentam as chances de qualquer pessoa ingressar, embora seja mais difícil passar no vestibular. No interior, porque as capitais já estão praticamente saturadas de médicos e de acadêmicos. Além disso, a abertura de faculdades de medicina no interior abre a possibilidade de mais médicos irem trabalhar lá, porque os médicos do interior podem ter acesso facilitado à educação continuada, tão importante para nossa atualização, por meio de cursos de pós-graduação, congressos e simpósios, e eles ainda podem ganhar uma grana extra como professores dessas faculdades.
A queixa daquele médico potiguar que escreveu uma carta publicada em vários jornais do país e eu publiquei numa postagem aqui procede, porque há mesmo uma certa desvalorização do trabalho do médico, que, assim como qualquer proletário, não recebe integralmente o valor de seu serviço, de acordo com a velha teoria da mais-valia.
O quadro de terror desenhado pelas entidades médicas, com medo do aumento do número de médicos, ainda se restringe às capitais, principalmente no Sudeste. Apesar disso, não se podem criar faculdades de medicina ao acaso em cidades pequenas, nem enviar médicos prá lá ao acaso. Depende da cidade e dos serviços de saúde oferecidos. Sobral, por exemplo, só agüenta os alunos da faculdade atual, e olhe lá. Existe a ameaça de abertura de uma faculdade particular aqui. Ainda que o tão prometido Hospital Regional Geral da Zona Norte saía logo do papel, acho que não haverá lugar suficiente para os alunos das duas instituições. Se querem abrir uma faculdade de medicina, que seja em uma cidade que ainda não possui uma e que tenha o mínimo de estrutura suficiente para albergá-la.
Do que adiantaria aumentar o número de médicos se não aumentar o número de vagas nos programas de residência médica, que é o que todo mundo quer quando se forma???? Se for assim, eles não terão direito à educação continuada.
Em suma, o problema dos médicos brasileiros não é o excesso de médicos. É o excesso de médicos em alguns lugares e a falta deles em outros. Tentar desagregá-los dos lugares onde estão sobrando não será fácil. Muitos ficam por lá porque acham que profissionalmente ainda vale a pena ou por motivos pessoais (família, vida noturna, etc). A meu ver, a "válvula de escape" será mesmo o interior, onde as oportunidades de empregos são maiores, para qualquer profissão, e onde há mais qualidade de vida. O problema é o sujeito se desapegar do conforto da cidade grande e se dispôr a trabalhar num lugar onde ele talvez seja bem remunerado, mas as condições de trabalho não sejam tão boas. Em questão de conforto, não tenho muita frescura e conheço muitas cidades do interior onde tenho acesso às mesmas coisas que teria na capital. Qualidade de vida nem se fala. Sobral pode não ser mais um paraíso, mas pelo menos não se compara com Fortaleza, no tocante à insegurança.
Mas atenção: dependendo da sua especialidade, escolha bem o lugar onde vai trabalhar, porque existem cidades do interior saturadas de especialistas e capitais carentes deles.
Em tempo: o MEDGRUPO sinalizou a possibilidade de abrir uma sucursal do MEDCURSO em Sobral, com aulas por videoconferencias. Eles estão procurando saber quem são os interessados, entre alunos da faculdade e médicos da região. Antes tarde que nunca.
Você ainda acha que estou mentindo sobre a questão do mercado de trabalho nas capitais? Então acesse:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ult10037u351860.shtml.

sábado, 29 de março de 2008

Águas de Março


Antes que se vá o mês de março com suas águas que fecham o verão, além das promessas de vida em nossos corações, como dizia o poeta, principalmente depois da Páscoa, quero deixar algumas considerações sobre as mulheres, porque este foi o mês delas.
Do homem que faz uma mulher chorar, nem se fala. Mas feliz mesmo é o homem que faz uma mulher sorrir. Se conseguir esta façanha, você está feito, meu chapa. Nada me deixa mais emocionado e lisonjeado do que ver a alegria brotar de um coração feminino, ao sentir minha presença, crescer até explodir e chegar até os lábios, fazendo-os se contraírem involuntariamente. Graças a Deus e modéstia à parte, eu tenho este dom de fazer muita mulher sorrir ao me ver. Eu também sorrio e elas me dizem que meu sorriso é bonito e que eu devia sempre sorrir mais. Olha que não sou dentista, nem chego aos pés de Thiago Lacerda ou de Reinaldo Gianechini. Não sei explicar o porquê de minha presença diante delas ser tão animadora. Isso não quer dizer que elas estejam necessariamente apaixonadas por mim. Veja bem, elas sorriem ao me verem, mas não necessariamente vêm atrás de mim. Não sou um Don Juan. Longe disso. Não sou alto, nem tenho dinheiro e ainda não me formei em medicina. Antigamente eu vivia me lamentando por isso. Só agora, entre estatura, dinheiro e diploma de médico, estou conseguindo o que é menos difícil e humanamente possível. Mas não tem problema. Deus sabe o que faz. É até melhor que eu não seja um garanhão, porque não quero ter várias ao mesmo tempo, não quero viver trocando de mulher, enfim, não quero levar uma vida promíscua. Amo as mulheres em geral, mas, para mim, basta apenas uma, porque eu quero mesmo é alguem para me dedicar a amar de verdade, casar e ter filhos. Claro que sexo é importante, mas não é tudo. Entrego todo dia meu destino nas mãos de Deus e acho que, se Ele quiser que Fulana, Sicrana ou Beltrana venha aos meus braços, providenciará que isto aconteça. Seria muita ingenuidade da minha parte dizer que Fulana é a mulher da minha vida. Como é que eu vou ter tanta certeza disto se não sei nem se ela é a pessoa certa para mim??? Mesmo que fosse, será que a recíproca é verdadeira??? Se não for, então deve ser tudo falso, da minha parte e da dela. Poderia eu convencê-la de que eu sou o homem da vida dela??? Olha, revendo meus conceitos, depois daquilo que escrevi na minha postagem do Dia de São Valentim, eu até poderia, desde que fosse pelo meu próprio exemplo de vida e pelas minhas maneiras de ser e de agir, sem se preocupar demais com os outros. Mais ou menos do mesmo modo que o Evangelho nos aconselha a pregá-lo, não gritando em cima dos telhados, mas pelo bom exemplo. Agora, viver atrás dela, telefonando, mandando bilhetinho ou presentinho, enfim, tentando "catequizá-la", assim não dá. Isso é extremamente artificial, vergonhoso e desagradável. Se não servir o exemplo, é porque não é a pessoa certa mesmo. O importante é ser você mesmo e encontrar alguem que goste de você do jeito que você realmente é, pois não adianta correr atrás de borboletas. O melhor é cuidar do jardim para que elas pousem nas flores. Melhor do que encontrar quem estamos procurando é encontrar quem está procurando por alguem como nós.
Ah, mulheres. Por que sentimos tanta falta delas? Quando não guardamos nenhuma delas em nossos corações, nós as procuramos. Quando não amamos, buscamos alguem para amar. Deve ser porque elas nos preenchem. Ao vê-las, elas enchem nossos olhos e limpam nossas vistas. Mas o olhar ainda não é suficiente para sentí-las. Queremos cheirá-las, como se elas fossem flores, como naquela música da Ivete Sangalo. Vou dar um exemplo melhor: a canção "Girl", dos Beatles, no seu refrão, John diz "Girl" e inspira profundamente. Queremos puxá-las para dentro de nós pelo nariz, juntamente com o ar. Ou até mesmo sem ele.
Amemos as mulheres da nossa vida, mas com os pés no chão, sem esperar demais delas, respeitando seus limites. E elas também nos farão felizes.

EARTH HOUR



Hoje é dia mundial da campanha Earth Hour 2008, promovida pela ONG internacional WWF(World Wild Life). Trata-se de uma mobilização pacífica, por meio de um "apagão" voluntário, no qual moradores de centenas de cidades ao redor do mundo apagam as luzes de suas casas e desligam seus eletrodomésticos de 20 às 21 horas, nos horários locais. Nas cidades que participam oficialmente da campanha, as luzes de monumentos públicos são apagadas, como ocorreu em Sydney, onde a Casa da Ópera e a Ponte da Baía ficaram às escuras. No Brasil, a única cidade oficialmente confirmada é Curitiba. Ainda não sei como aconteceu por lá. Quem souber, poste um comentário, por favor.
O objetivo desta manifestação é chamar a atenção para o consumo desenfreado e insustentável de recursos naturais associado às mudanças climáticas danosas que estão ocorrendo no planeta. Acredito que cada um de nós pode e deve fazer sua "Earth Hour" individual todo dia, tentando usar com mais parcimônia a àgua e a energia elétrica em seu lar.
A campanha acontece durante toda a data de hoje, em todos os fusos horários da Terra, até que os relógios marquem 20h no extremo oeste do planeta, em algum lugar do Oceano Pacífico. Portanto, se você perdeu a hora, onde quer que esteja, não se exaspere. Você tem até às 5h da manhã de domingo, pela Hora de Brasília, quando serão 20h de sábado no 1º fuso horário do Pacífico. Além disso, a maioria dos brasileiros talvez não soubesse e não tenha participado. Aqui em Sobral, acho que apenas eu participei. Só não divulguei antes porque eu só fiquei sabendo há algumas horas.
Aqui estão alguns links interessantes para quem participou ou ainda quer participar:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u387026.shtml
http://www.wwf.ca/earthhour/
http://www.worldwildlife.org/earthhour/
http://www.earthhour.org/

"You may say I'm a dreamer,
but Im not the only one,
I hope some day you'll join us,
And the world will live as one"

John Lennon

sexta-feira, 28 de março de 2008

Mensagem do dia

"O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença."
(Luís Fernando Veríssimo)

quarta-feira, 26 de março de 2008

Mensagem do dia

“Quando tomamos consciência de nosso papel, mesmo o mais obscuro, só então somos felizes. Só então podemos viver em paz e morrer em paz, pois o que dá um sentido a vida dá um sentido à morte.”

(Antoine de Saint-Exupéry)

Mensagem do dia

"As Melhores Mulheres pertencem aos homens mais atrevidos. Mulheres são como maçãs em árvores. As melhores estão no topo. Os homens não querem alcançar essas boas, porque eles têm medo de cair e se machucar. Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão, que não são boas como as do topo, mas são fáceis de se conseguir. Assim, as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas, quando na verdade, ELES estão errados... Elas têm que esperar um pouco mais para o homem certo chegar... aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore”.

(Machado de Assis)


Interessante. A mulherada em cima da árvore e os varões em cima do muro. Dia 12 de junho a gente conversa mais sobre isso. Até lá, eu vou rir muito.

Please please read my blog.


Só passando para informar rapidamente que, neste sábado último, dia 22 de março, completaram-se 45 anos do lançamento do primeiro álbum dos Beatles, Please please me. Antes disso, as canções "Love me do" e "Please please me" haviam sido gravadas e lançadas em singles 1962. As outras 12 canções do álbum foram gravadas no mesmo dia, 11 de fevereiro de 1963, durante quase 10 horas de trabalho, nos Estúdios Abbey Road.
No Brasil, a banda se tornou conhecida em 1964, graças ao filme A Hard Days Night, vulgo "Os reis do iêiêiê", e ao lançamento de diversos LPs com coletâneas de canções dos álbuns que eles haviam lançado na Inglaterra até o momento. O primeiro álbum deles só foi lançado mesmo no Brasil, assim como em muitos lugares do mundo, em 1976, quando a discografia internacional do grupo foi padronizada. A música deles só chegou aos ouvidos dos cubanos mais recentemente, há cerca de 20 anos, por motivos óbvios.
O grupo se desfez em Abril de 1970. Interessante é que todas as músicas do último álbum lançado, Let it be, foram gravadas antes das músicas do álbum Abbey Road. Portanto este foi oficialmente o último disco gravado e aquele foi o último disco lançado, pois o grupo já ia "mal das pernas" em 1969.
Lamentávelmente o grupo nunca se apresentou no Brasil. George Harrison costumava vir aqui de vez em quando, mas só para ver os GPs de Fórmula 1. Paul McCartney só pisou aqui pela primeira vez em 1990. Uma tia doidinha que eu tenho esteve lá no Maracanã, naquela ocasião.
Há uma série de mitos a respeito de mensagens subliminares nas canções e nas capas dos discos. Quem quiser conferir, pode acessar por exemplo esta página: http://www.mensagens-subliminares.kit.net/msbeatles.htm.

Maiores informações sobre a carreira da banda em http://www.beatleshp.com/ ou http://pt.wikipedia.org/wiki/Please_Please_Me.

terça-feira, 25 de março de 2008

Mensagem do dia

"No meio do inverno, aprendi que havia em mim um invencível verão."

(Albert Camus)

segunda-feira, 24 de março de 2008

Feliz Páscoa!!!


Sei que já é meio tarde e que o feriado acabou, mas eu não podia sair dele sem ao menos passar aqui para expressar minha homenagem Àquele que fez o melhor que podia por nós, que deu o máximo de si.
Confesso que rezei pouco esta semana e só fui à igreja no domingo, mas Deus sabe que eu nunca estive indiferente a esta ocasião. Estive sempre me lembrando e respeitando.
Aprecio o Domingo de Páscoa. Teoricamente, este deve ser o dia mais alegre do ano, especialmente para as crianças, não necessariamente por causa dos ovos de chocolate. Para mim, é um dia em que somos chamados a sermos felizes. Nunca o jargão popular "Amanhã é outro dia" fez tanto sentido. É um dia em que dá gosto acordar cedo e ver o sol brilhando ou uma chuvinha caindo de leve, às vezes.
Nada contra as Testumunhas de Jeová. Um dia desses, me entregaram um panfleto, convidando para comemorar a morte de Jesus. Eu prefiro comemorar a Ressurreição.
Então, Feliz Páscoa a todos.

sexta-feira, 21 de março de 2008

PROMOÇÃO DA SAÚDE : só para notificar, constar e não passarem batidas as campanhas da IFLMSobral em março de 2008 (leia até o fim, por favor).



Peço perdão porque estou tardiamente informando aqui sobre as duas campanhas realizadas mais recentemente pela IFLMS (Federação Internacional dos Estudantes de Medicina), por meio de seu comitê sobralense. Não foi por desleixo, foi por falta de tempo mesmo.
No dia 08 de março, promovemos na Praça de Cuba, centro de Sobral, o Dia Internacional da Mulher. Foi a manhã inteira de panfletagem, aferição de pressão, dicas sobre o auto-exame do câncer de mama e sobre higiene bucal e distribuição de brindes. O que mais me dói é não ter escrito isto logo no mesmo dia e não ter escrito também um texto em homenagem às mulheres. Mas será que elas merecem tanto? Por que será que rastejamos tanto aos pés delas? Por que somos tão dependentes delas, mesmo depois de adultos e mesmo que tenhamos tudo que queremos? Próximo ano vou tentar responder essas perguntas, porque o clima já acabou, mas posso adiantar que elas merecem tudo isso e muito mais.
Agradeço àquelas que passaram por lá e nos deram algumas doses de atenção, aos que colaboraram com diversos recursos, e às galeras dos cursos de medicina, odontologia, psicologia e enfermagem, tornando nossa manhã chuvosa de sábado mais animada.
Na manhã de 14 último, uma quinta, a IFLMS realizou, em parceria com a LUNES (Liga Universitária de Nefrologia de Sobral), a campanha do Dia Mundial do Rim, no PSF do Junco. Quem estava lá e na Escola de Saúde da Família Visconde de Sabóia, que fica ao lado, era convidado a responder um questionário para saber se possui fator de risco de Doença Renal Crônica, aferirem peso, altura, circunferência abdominal e pressão arterial, e, em caso de algum fator de risco presente, orientadas a procurarem a Santa Casa, mais precisamente o setor de hemodiálise, para realizar gratuitamente exames de uréia, creatinina e glicemia de jejum. Quer saber mais sobre esta campanha? Acesse http://www.sbn.org.br/previna1.htm.
Posso adiantar que ela é realizada todo ano, na segunda quinta-feira de março, e se justifica pelo aumento da prevalência de Insuficiência Renal Crônica, na maioria das vezes causada por diabetes ou hipertensão, velhos problemas de saúde pública tão comuns e tão discutidos, assim como a dengue, mas parece que pouca gente os leva a sério e não se encontra uma solução para eles. Falando em dengue, olha só que revoltante: http://click.uol.com.br/?rf=hu-hn-man1&u=http://noticias.uol.com.br/ultnot/2008/03/21/ult23u1555.jhtm.
Isto me lembra uma canção dos Titãs chamada "O pulso". Nela são citadas diversas moléstias que afetam o povo brasileiro, que, apesar delas e de um sistema de saúde que ainda se esforça para combatê-las a contento, consegue sobreviver. Por isso que o refrão é "O pulso ainda pulsa".

O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa...

Peste bubônica
Câncer, pneumonia
Raiva, rubéola
Tuberculose e anemia
Rancor, cisticircose
Caxumba, difteria
Encefalite, faringite
Gripe e leucemia...

E o pulso ainda pulsa
E o pulso ainda pulsa

Hepatite, escarlatina
Estupidez, paralisia
Toxoplasmose, sarampo
Esquizofrenia
Úlcera, trombose
Coqueluche, hipocondria
Sífilis, ciúmes
Asma, cleptomania...

E o corpo ainda é pouco
E o corpo ainda é pouco
Assim...

Reumatismo, raquitismo
Cistite, disritmia
Hérnia, pediculose
Tétano, hipocrisia
Brucelose, febre tifóide
Arteriosclerose, miopia
Catapora, culpa, cárie
Câimba, lepra, afasia...

O pulso ainda pulsa
E o corpo ainda é pouco
Ainda pulsa
Ainda é pouco
Assim...

IMPORTANTE: Sobre minhas postagens

Estou passando para avisar que, de vez em quando, estou editando algumas de minhas postagens, quando não gosto de como elas ficaram ou quando surgem novidades sobre o assunto que escrevi.
Aproveito para deixar links interessantes relacionados aos temas das postagens anteriores.

Transtorno do estresse pós-traumático
http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=387&sec=35

Dia de São Valentim
http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=388&sec=35

Saúde versus violência
http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=61&sec=20

Cadê nosso Medcurso???

Medcurso, nós que aqui em Sobral estamos e por vós esperamos, reivindicamos um minuto de vossa atenção. Onde estão que não nos dão atenção???
Desejamos uma filial vossa em nossa humilde cidade universitária porque quase toda cidade que tem faculdade de medicina conta com um curso preparatório de residência (não sei se é o caso de Garanhuns, terra do Presidente, onde está sendo implantada uma faculdade particular). Por que a nossa ainda não conta com um??? O que custa implantar pelo menos um "satélite", prá gente contar com vídeoconferências e não ficar isolado do mundo???
Aqui eu somo minha voz ao clamor de meus companheiros da Faculdade de Medicina de Sobral, pois, ao sairmos daqui, queremos competir em pé de igualdade com o povo de fora, pela nossa sesmaria ao sol. Embora os índices de aprovação da nossa escola em programas de residência sejam excepcionais, ainda acho muito baixos, em termos absolutos.
O que eu escrevi até agora fica só entre nós. É claro que não enviei esta mensagem para o Medgrupo. Prá quê? Prá passar vergonha???

O CREMESP tem sua opinião formada sobre os cursos no estilo Medcurso. Se quiser conferir, está na página http://www.cremesp.org.br/crmonline/jornalcrm/175/ensinomedico_0302.htm.

Por mim, tudo bem, eu respeito. É natural que os lentes achem que isto é eticamente inaceitável, que os alunos só querem moleza na hora de estudar prás provas e que isto seria um jeito de menosprezar as aulas da faculdade. Não é bem assim. A gente sempre precisa de um complemento, sabe? Principalmente no internato, quando a gente sente saudades da sala de aula. Será que as faculdades de medicina não estão preparando adequadamente seus "filhotes" para alçar vôo??? Não sei. O fato é que a gente precisa coletar o máximo de conhecimento possível, de qualquer fonte, prá não concorrer em desvantagem. Como diria aquele coiote do desenho do cachorrinho Droopy: "É a Lei do Oeste".

Lá nos meus links, adicionei link para o blog de um médico que trabalha num PSF qualquer em algum rincão do Brasil. Vale a pena conferir as aventuras desse cidadão.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Um ano na vida 2

Não criei este blog com o intuito de me abrir e falar da minha vida pessoal. Mas ultimamente me vejo obrigado a fazê-lo.
Houve um tempo que foi decisivo para mim, de uma ruptura quase completa com o passado, assim como o tempo que estou vivendo agora e viverei pelos próximos dois anos, pelo menos. Tive que deixar muitas coisas para trás, aprender a andar sozinho e seguir meu próprio caminho. Melhor assim, porque não quero passar o resto da vida na sombra alheia. Em breve terei de fazer tudo de novo e começar do quase zero. Quase zero porque vou guardar sempre alguma coisa, em geral, boa. Se for má, é coisa pequena, superável, e que não vai comprometer efetivamente meu futuro. Do lugar e do tempo atuais só quero levar o melhor. Provavelmente vou levar muita música. Gosto de colecionar músicas dos anos 80 e 90, músicas que faziam sucesso em momentos-chave da minha vida, embora não tenham relação direta com ela, e coleciono também algumas músicas que fazem sucesso hoje.
Quero ser independente. Firmar minha personalidade. Conquistar tudo que um homem da minha idade tem direito. Agradeço aos convites que me fizeram, mas não posso aceitá-los porque não pretendo levar uma vida vegetativa. Tem gente que acha que não sou homem de verdade. Duvida que eu seja capaz de fazer o que eles fazem, só porque não penso e não vivo como eles e porque não tenho muito dinheiro. Por isso que pouca gente me respeita e me leva sério, enquanto outros se divertem procurando alguem como eu para rebaixar e deixar rente ao chão. Gente que só se importa com minha vida quando quer me prejudicar. Dessa gente não vou sentir falta.
O fato é que, nos períodos de transformação, eu tive que abrir mão de muitas coisas e pensei que não iria sobreviver sem elas. Graças à Deus sobrevivi e estou aqui para confirmar isto. Ainda que eu venha a sentir saudades delas, posso concluir que talvez elas não me façam tanta falta como imaginei que fariam. Deus sabe o que faz. Ele foi sábio, quando retirou certas coisas da minha vida e pôs outras. Ele fez novas quase todas as coisas em minha vida. Pensando bem, quase todas não. Praticamente todas as coisas são novas. Já não sou mais o que eu era há dez anos. O que eu perdi de juventude ganhei de qualidade de vida. Apesar dos diversos labirintos pelos quais eu passei, Ele sempre achou um jeito de me conduzir da melhor maneira possível até aqui. Ele sempre me protegeu, nos momentos em que minha vida esteve em risco, mesmo quando eu não merecia. Infelizmente não tenho sido grato o suficiente com relação a isto. Confesso meu temor de que Ele perca a paciência comigo, me abandone, que eu me perca no caminho, destruindo minha vida de vez. Então eu vivo obcecado, procurando saber o que Ele tem a me dizer, procurando sempre uma prova de que Ele está me vendo e me ouvindo e outra de que Ele, sempre bem acompanhado por diversas entidades celestes (Jesus Cristo, Santa Maria, Espírito Santo, os demais santos e anjos, continuará sempre por perto. Meu destino não poderia estar em mãos melhores, por isso, eu sempre consagro minha saúde e segurança, bem como de meus parentes e aderentes, a Ele. Faço votos para que nossa relação continue assim.
Quanto ao futuro, tenho que aprender a fazer meus planos sozinho e incluir neles, além de mim mesmo, apenas aquilo que eu tenho certeza que estará lá. Mesmo assim, ele está aberto. Quem quiser embarcar, ainda há vagas. Apesar do grande medo que tenho de pagar no futuro pelos erros do passado e do presente (pois já sofri bastante por causa de alguns erros do passado), eu penso muito no futuro e desejo tanto que ele chegue depressa, mesmo sem saber o que esperar dele, pois o presente me oferece quase nenhuma opção para ser feliz. Gostaria de viajar em busca do desconhecido, pois o conhecido já não me ajuda muito. Quero evitar o passado, porque eu prolongo o sofrimento por situações desagradáveis ao recordá-las. Imaginar o que pode me acontecer em determinadas situações futuras também me machuca. Quando preciso me concentrar, procuro focar toda minha atenção única e exclusivamente na segurança propiciada pelo presente.
Um dia, quando eu entrar na política, pretendo que meu lema seja "Rompimento com o passado, compromisso com o presente, arrancada para o futuro".

Mensagem do dia

"Me ame quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso."
(Provérbio Chinês")

"O tempo é muito lento
para os que esperam,
muito rápido para os que
têm medo,
muito longo para os
que lamentam,
muito curto para os
que festejam.
Mas, para os que amam,
o tempo é eternidade."
(William Shakespeare)

quarta-feira, 19 de março de 2008

Mensagem do dia

"Os bens espirituais valem mais que os materiais".

Anônimo

domingo, 16 de março de 2008

Gestus Mentis 3.

Resposta da SSPDS, depois que enviei a eles aquele texto sobre TEPT:

"Prezado (a) Senhor (a),

Em referência à sua mensagem de número 108829, postada no link "FaleConosco Setorial" em 06/03/2008, informamos que a sua manifestação foilevada ao conhecimento das autoridades competentes, e as devidasprovidências cabíveis ao caso adotadas. Conforme posicionamento fornecido pela Coordenadoria de Desenvolvimento,Capacitação e Gestão de Pessoas (CODECAP), as informações referentes aotranstorno do estresse pós-traumático e violência, pelo senhordisponibilizadas, vão se somar ao trabalho a ser desenvolvido pela Célulade Assistência à Saúde desta Coordenadoria.

Atenciosamente,

Ouvidoria-Geral da SSPDS-CE"

quinta-feira, 13 de março de 2008

EM DEFESA DA MEDICINA.

Dr. Paulo Ezequiel, médico ginecologista da Prefeitura de Natal e do Estado do Rio Grande do Norte, escreveu um artigo polêmico, que retrata a situação tenebrosa de desvalorização e de queda do padrão de vida da classe médica, e que ganhou repercussão nacional entre seus pares. Seu artigo tem sido publicado em jornais de grande circulação e repassado por e-mails, há cinco anos, sendo inclusive referido em um discurso proferido pelo médico e senador piauiense Mão Santa, no Senado Federal, em 29/09/2003, que tratava dos prós e contras do desenvolvimento da medicina no Brasil e a presença de médicos na política(http://legis.senado.gov.br/pls/prodasen/PRODASEN.LAYOUT_DISC_DETALHE.SHOW_INTEGRAL?p=340622).
A quem interessar, eis o artigo do médico potiguar, na íntegra, que pode também ser visto nas páginas http://www.sbdba.org.br/news.php?noticia=31 e http://www.apmsbc.org.br/revistaApmMat.asp?rvId=219, que apresentam também comentários, chamando o artigo de "carta patética". O artigo também corrobora minha idéia de que o Poder Judiciário, apesar de não fazer algo significativo para melhorar a qualidade de vida dos brasileiros, ainda é excessivamente valorizado.:

“Médicos, companheiros de profissão, como descemos... Quando meu pai, médico, aposentou-se há nove anos, disse que estava fazendo aquilo porque a profissão médica havia chegado ao fundo do poço e não agüentava ver a classe descer mais do que já havia descido. Nesses nove anos, os salários e até o CH (coeficiente de honorários), criado para proteger o trabalho médico, desvalorizou 308,68% se comparado ao salário mínimo (e nós pagamos salários baseados no mínimo aos funcionários); desvalorizou 73,47% pelo IBG, que mede o índice de preços ao consumidor da inflação), índice este que sabemos ser maquiado pelo Governo Federal. Se “dolarizarmos” nossas perdas, elas chegam a 351,81%.

“Médicos, companheiros de profissão, como descemos... Quando meu pai, médico, aposentou-se há nove anos, disse que estava fazendo aquilo porque a profissão médica havia chegado ao fundo do poço e não agüentava ver a classe descer mais do que já havia descido. Nesses nove anos, os salários e até o CH (coeficiente de honorários), criado para proteger o trabalho médico, desvalorizou 308,68% se comparado ao salário mínimo (e nós pagamos salários baseados no mínimo aos funcionários); desvalorizou 73,47% pelo IBG, que mede o índice de preços ao consumidor da inflação), índice este que sabemos ser maquiado pelo Governo Federal. Se “dolarizarmos” nossas perdas, elas chegam a 351,81%.

Como descemos... Inicialmente fizemos cortes no orçamento, depois aumentamos a carga de trabalho, passando a dar mais plantões. Cortamos férias, nos tornamos “clientes especiais” dos bancos, inicialmente eventuais, hoje cativos. Não temos tempo sequer para nos organizar.

Como descemos! Não podemos lutar sequer na Justiça, pois o Judiciário jamais votaria a nosso favor, mesmo que estejamos certos. Os juízes já votaram seu próprio aumento salarial e, se votassem o nosso, poderia não sobrar para eles.

Em 1994 um médico recebia R$ 755,00 e um promotor público R$ 1.300,00.

Hoje, o médico recebe os mesmos R$ 755,00 e o promotor mais de R$ 8.000,00.

Que diferença de responsabilidade ou de um curso faz com que ocorra tal disparidade? Sem falar de vereadores, auditor fiscal e outros cargos que, devido ao seu poder de autogestão dos salários foram evoluindo exponencialmente, enquanto nós retrocedemos.

Como descemos! E a culpa, de quem é? De nós mesmos! Nós, que deixamos a coisa ocorrer sem reagir. Talvez devido à celebre frase: “Medicina é sacerdócio!”. Mas até os padres, hoje em sua maioria vivem bem, comem bem, dormem bem, têm carro, vestem-se bem, viajam. A culpa é nossa por termos aceitado dar plantões em condições mínimas! Sem água? Compramos água. Comida ruim? Compramos comida. Não há material? Improvisa Tudo em prol da continuidade do serviço e do paciente. A culpa é nossa por termos criado uma cooperativa médica que pode proteger a todos, menos ao médico. Veja uma diária hospitalar hoje e há oito anos. Quem protege quem? Os planos de saúde aprenderam que não temos tempo para reclamar e pagam o que querem, quando querem e se quiserem. Como descemos! Chegamos no nosso carrinho, cara de cansados, exaustos, na verdade, maltrapilhos e somos atendidos pelo gerente do plano de saúde: bem dormido, gravata, perfumado e de carrão zero às nossas custas. Burros de cangalha é o que somos! O Governo também aprendeu que não temos força para cobrar o que é de direito: retira gratificações, suspende pagamentos. É como se fôssemos isentos de obrigações financeiras.

Coitados de nós! Como descemos!!!
Temos medo de pedir um orçamento a um pintor ou pedreiro. Estamos apertados para pagar o colégio dos nossos filhos. Achamos que se continuarmos assim vamos acabar pagando para trabalhar. Estamos enganados! Já estamos pagando, pois as noites em claro nos renderam doenças e problemas de saúde que nossa aposentadoria do Estado de R$ 400,00 somados ao INSS de R$ 800,00, mais talvez uma previdência privada, não conseguem cobrir. Pagamos, porque a nossa ausência em casa na busca de manter um “padrão de vida”, não tem preço. Nossos filhos estão à mercê de drogas e maus exemplos, devido ao abandono. E como dizer aos nossos filhos para estudarem, pois vale a pena? Eles vêem o exemplo do pai que estudou tanto, fez tantos cursos, passou tantos concursos e tem uma qualidade de vida tão ruim. E aí vem o “Big Brother”, as novelas e pessoas que vivem melhor, até de forma ilícita. É difícil fazê-los compreender que os que nos mantêm em nossa profissão, o que nos alimenta a alma e o espírito são duas coisas: o amor pela prática médica e a incapacidade que temos de reverter todo o investimento que fizemos à mesma. Se o medo é de pagarmos para trabalhar, pode ficar ciente de que já estamos fazendo isso! Acho que deveríamos ser mais radicais e não aceitarmos imposições, pois sabemos que estamos totalmente certos!

Temos que ganhar melhor para atendermos melhor a nossos pacientes.

Temos que dormir bem, para atendermos melhor a nossos pacientes.

Temos que estudar e nos atualizar, para atendermos melhor a nossos pacientes.

Queira ou não, tudo isso depende de remuneração!

Está na hora de todos os Médicos do Brasil se unirem por melhores condições de trabalho e remuneração digna, atualizada!!! Chega de sermos escravos, humilhados !! Sem união, nada conseguiremos !! Um juiz salva a vida de alguém? Então por que essa disparidade de salários em relação ao nosso? Lembrem-se que somos nós quem temos a capacidade de salvar vidas, e vidas não tem preço!"



Algum tempo depois, outro médico e professor de cirurgia potiguar, Dr. Francisco Edílson Leite Pinto Jr., escreveu um artigo no qual ele ratifica as idéias do colega (http://www.natalpress.com/index.php?Fa=aut.inf_mat&MAT_ID=2921&AUT_ID=93 e http://aph.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=3&Itemid=2):

"Medicina no fundo do poço: o preço da desunião


“As crises fazem pensar. Os padecimentos pessoais e coletivos permitem o crescimento”.
Leonardo Boff

Após 13 anos de formado, dez dos quais dedicados ao ensino da medicina, achei que era hora de ter “uma conversa entre eu e mim mesmo” - como dizia Machado de Assis. E resolvi parar para refletir por que nós médicos deixamos que nossa profissão, a mais nobre missão da humanidade, chegasse ao fundo do poço.

Tem razão o caro amigo e médico ginecologista, Dr. Paulo Ezequiel, quando no seu brilhante, nos questionou: “Companheiros de profissão, por que descemos tanto?”. Talvez, ainda não tínhamos dado conta de que havíamos chegado ao fundo do poço, pois a crise é tão grande que levaram o poço e, mais ainda, a nossa dignidade profissional, nossa liberdade, nosso entusiasmo, nossos salários, e parte dos nossos sonhos.

Há cerca de dois anos, quando fui paraninfo da turma de medicina 2001.1, apontei diversos fatores que considerava relevantes para explicar a perda do prestígio da nossa profissão. Deixamos de ser profissionais liberais para sermos reféns de planos de saúde mercantilista, que só visam o lucro; aceitamos sem reclamar os honorários ridículos e aviltantes fornecidos pelo SUS como os R$2,40 pela consulta médica (hoje nos pagam é bem verdade melhor, passou para R$7,50); não denunciamos as péssimas condições de trabalho nem os falsos médicos que usam a medicina como comércio (vejam o exemplo da nossa cooperativa, onde apenas dez profissionais levam quase 10% de todo o faturamento); permitimos a perda do caráter humanístico, onde o “médico superespecialista é exímio em fazer muito bem o quê sem saber em quem”; além da inércia das nossas entidades médicas.

No final daquele discurso, enfatizei que somente a re-humanização da medicina pelas novas gerações de médicos poderia resgatar a nossa dignidade profissional. Acredito hoje, que não basta apenas, e somente, trazer amor aonde muito tem faltado, mas há, principalmente, necessidade de unir a classe médica. Temos que fazer a união das diferenças!

Chega a ser cômico quando somos acusados de corporativista, que segundo o Aurélio “É alguém que pratica o corporativismo que em última análise, trata-se da reunião de indivíduos para um fim comum”. Nenhuma classe é tão desunida quanto a classe médica, e o preço que pagamos por isso, pela desunião, é estarmos hoje no fundo do poço ou da caverna como queiram, já que vejo uma certa semelhança entre nós e os prisioneiros do livro VII da República de Platão.

Se não fosse a nossa desunião não estaríamos, há oito anos, sem aumento nos nossos salários, no Estado, aliás, tivemos foi uma redução já que em 1994, o médico ganhava em torno de 20 salários mínimos, porém, o “governador das águas”, fazendo valer o seu título, colocou por água abaixo o nosso aumento e, hoje, não ganhamos nem 05 salários por 20 horas semanais.

Se não fosse a nossa desunião não aceitaríamos trabalhar em péssimas condições como estamos trabalhando no maior Pronto-Socorro do nosso estado, o hospital Clóvis Sarinho, e o que é pior aceitamos até passivamente e pacificamente essa situação.

Se não fosse a nossa desunião não seríamos alvo tão fácil do apetite voraz de alguns advogados e pacientes que estão utilizando-se da “indústria do processo de erro médico” para nos retirar as últimas migalhas e também nossos últimos sonos e sonhos.

O filósofo Sören Kierkegaard comentava que “A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, embora ela deva ser vivida olhando para frente, isto é, para algo que não existe”.

Olho para trás e procuro a origem de toda essa desunião. Penso que a origem esteja mesmo no começo, nos bancos universitários. Aos estudantes de medicina é ensinado quase tudo, como diagnosticar e tratar as doenças da melhor forma possível, porém, esquecem de ensiná-los a importância da união entre eles, pois somente assim, seríamos fortes o bastante para lutarmos pelos nossos direitos: Trabalhar em condições dignas e receber dignamente por esse trabalho. Pelo contrário, falar em direitos e, principalmente, em remuneração médica, na Universidade, é tido como pecado.

Por isso, os médicos trabalham mal, ganham mal, vivem mal, tudo mal... Estamos infelizes. O escritor Rubem Alves certa vez escreveu “Que escolhemos ser médicos por desejarmos ser belos como o cavaleiro solitário, puros como o santo, e admirados como o feiticeiro”. Era isso que estava dentro de nós, quando tomamos a decisão de estudar medicina. Hoje, o médico perdeu sua aura sagrada, tornou-se um profissional como os outros e deixou de ser escolhido pelos seus pacientes não mais por respeito, gratidão e admiração, mas sim, por constar no catálogo do convênio.

Estamos tristes. E diante de toda essa tristeza lembro-me da frase do sociólogo alemão Max Weber: “Efetivamente para o homem, enquanto homem, nada tem valor a menos que ele possa executa-lo com entusiasmo”. Então, eu me pergunto como poderemos exercer a medicina com entusiasmo necessário se estamos no fundo do poço? A sociedade, tão exigente conosco e tão condescendente na escolha dos nossos representantes políticos, poderia responder essa questão. Com certeza, os nossos representantes políticos poderiam não só responder, como também resolver essa triste realidade, porém, eles só estão preocupados em olharem apenas para si mesmos ou para os seus próprios bolsos.

Agora olho para frente, aliás, olho para cima, já que estou no fundo do poço. Procuro uma saída. E só vejo uma alternativa que é através da nossa união. Para isso, teremos que deixar de lado a nossa inveja, buscar mais ainda o caminho da ética e procurar crescer sem tentar destruir o outro.
Penso que Leonardo Boff tem razão quando diz: “Os padecimentos pessoais e coletivos permitem o crescimento”. Afinal, precisávamos chegar ao fundo do poço (ou da caverna), para percebermos quanto é importante estarmos juntos e creio que, mais cedo do que possamos esperar, estaremos unidos, talvez ainda não pela nossa afinidade, mas sim pela necessidade. Necessidade de sairmos do poço e voltarmos a ser médicos.

Assim espero!"


Devido à minha falta de tempo e ao tardar da hora, só pude dar uma olhada superficial nos dois artigos. Em outra oportunidade, prometo que vou repetir tudo que já sabemos sobre as perspectivas de vida para os futuros médicos, mas vou dizer também o porquê de o aumento do número de cursos de medicina poder nos beneficiar. Enfim, não nos desesperemos, porque para tudo há uma saída.

Mensagem do dia 3

Mensagem do dia 2

"O verdadeiro heroísmo consiste em persistir por mais um momento quando tudo parece perdido."

Ana Glória

Mensagem do dia

"Quando fizer planos para o futuro, faça apenas para você mesmo. Não inclua outras pessoas sem o consentimento delas, pois hoje você está bem acompanhado, mas amanhã poderá estar só."

quinta-feira, 6 de março de 2008

Revelação no futebol

    Não podia ir dormir hoje sem comentar rapidamente o êxito da equipe de futebol do Icasa, de Juazeiro do Norte. Foi campeã do 1º turno do Campeonato Cearense. Hoje, após empatar em 2x2 com o Bahia, jogando em Feira de Santana, apesar das dificuldades enfrentadas, inclusive com relação à arbitragem, conseguiu classificar-se para a próxima fase da Copa do Brasil.

    Vou encerrar meu comentário por aqui, porque não sou comentarista esportivo, tampouco tenho autoridade suficiente prá falar, até porque não acompanho partidas de futebol com assiduidade. Gosto de futebol, mas não torço por algum time em especial. Apenas acho que o Icasa é uma potência. Este time promete. Ceará, Fortaleza e Guarany de Sobral, aprendam.

STF adia decisão sobre pesquisa com célula-tronco embrionária

    Vejam só. O Poder Judiciário se vê obrigado agora a decidir sobre uma lei da Natureza, porque falta um padrão definitivo e concreto que sirva de referência para todos os cidadãos. Afinal de contas, quando começa a vida humana???

    Esta é uma pergunta que seria melhor respondida por quem criou a vida. Como não podemos ouvir a resposta Dele pessoalmente, para todos os efeitos, consideramos o que dizem seus "representantes legais" como sendo o mais sensato e mais próximo da verdade. A vida começa com a fusão dos gametas. Eu ainda vou mais longe. Acho que a vida não tem começo nem fim. O começo não pode se resumir à união de duas células, porque as células já são uma vida pregressa. Eu, por exemplo, já existia, de uma forma ou de outra, antes de os gametas que me formaram se unirem. Minha vida já existia em algum lugar antes de eu nascer, mas fragmentada em células e em partículas. Nessas horas até ganha um certo sentido a idéia da reencarnação. Quando eu morrer, minha vida vai continuar existindo. Minha alma no Além, minhas células e partículas dispersas pelo mundo.

    Filosofias à parte, um embrião pode ser considerado um ser humano porque é composto de matéria viva. Talvez já tenha vontade própria, mas como não pode expressá-la e é um ser indefeso, é melhor protegê-lo e não mexer com ele. Prá encerrar a conversa, os pesquisadores deviam ficar só com as células-tronco de cordão umbilical mesmo. Podem não ser tão totipotentes, mas pelo menos não tem choro prá ninguém.



http://br.noticias.yahoo.com/s/reuters/080305/manchetes/manchetes_ciencia_stf_celulatronco_pol_1

Saúde versus Violência

    Segundo matéria do site do CREMEPE (Conselho Regional de Medicina de Pernambuco), Brasil gasta R$ 4 bilhões por ano com as vítimas da violência. Você pode conferir em http://portal.cremepe.org.br/publicacoes_noticias_ler.php?cd_noticia=1934. A matéria confirma uma coisa que eu já sabia: que a violência compromete a saúde e a qualidade de vida das pessoas, que ao saírem de casa, sentem mais medo de serem assaltadas do que pegar dengue, por exemplo.

    Todo mundo aponta a mesma solução: investimentos em educação, moradia, emprego, alimentação e lazer. Não nego que tudo isto seja importante para evitar que mais jovens ingressem no crime, pois a violência está, grosso modo, vinculada às desigualdades sociais, mas acho importante lembrar que a violência também é uma questão de caráter. Isto me faz lembrar agora que estou devendo uma postagem a respeito de uma pesquisa realizada por algumas universidades gaúchas envolvendo menores infratores que serão submetidos a exames de ressonância magnética do cérebro. Então, os investimentos sociais têm que estar associados com ações policiais, porque ainda persiste uma meia dúzia de gatos pingados que farão de tudo para sabotar qualquer ação social e continuar corrompendo crianças e adolescentes. Você já se perguntou o porquê de, apesar de tantos criminosos serem presos ou morrerem e de tantas armas serem apreendidas, especialmente em Fortaleza, com a implantação do Programa Ronda do Quarteirão, esta violência parece não ter mais fim e, quanto mais o tempo passa, pior? Minha teoria diz que esses delinqüentes que todo dia aparecem nos programas policiais não são tão pobres coitados assim, mas representam apenas a ponta do iceberg. Eles passam, eles se vão, mas parece que aqueles que estão nos bastidores do crime permanecem ganhando dinheiro às expensas da violência. São verdadeiros parasitas da miséria humana. Eu me refiro aos grandes patrocinadores da violência, que são os locadores de armas de fogo (no Ceará existem pessoas que alugam armas clandestinamente), os receptadores de objetos roubados e, como não poderia deixar de ser, os narcotraficantes. Em comunidades carentes, pode faltar tudo, como rua com calçamento, saneamento básico, posto de saúde, escola e iluminação nas ruas. Só não podem faltar ladrões. Quanto pior a situação estiver, melhor para eles, mesmo que seus familiares e amigos sejam prejudicados. Eles também são uns parasitas. Alguns se deixaram corromper e querem corromper também mais gente. É muito difícil trazer essa gente de volta à lucidez e torná-los pessoas honestas.

Concordo com o que diz o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Osmar Terra: "A violência não está em toda a parte. Temos de saber quem são essas pessoas e onde estão. De forma organizada, ampliaremos a oferta de serviços para saúde física e mental. E quanto mais serviços, menos violência". Eu ainda acrescento apoio espiritual. Se esses delinqüentes se convertessem efetivamente a alguma religião, acredito que eles deixariam o crime. De nada adiantarão aquelas medidas enquanto as autoridades não atingirem quem está armando crianças e adolescentes, quem está comprando as coisas que eles roubam e os traficantes, que geralmente se fundem com os outros dois grupos que eu mencionei. Vejo de vez em quando os programas policiais das emissoras de TV cearenses e percebo que muito raramente esses "padrinhos" do crime organizado são presos.

    Os profissionais da saúde não podem fazer muito para propiciar mais segurança à população sozinhos. Precisam do apoio de outros setores, principalmente da segurança pública e do Poder Judiciário.

    Nesta página, vai encontrar links para estudos sobre a violência em Pernambuco e no Brasil: http://portal.cremepe.org.br/publicacoes_noticias_ler.php?cd_noticia=404.

    Uma lista de propostas das entidades médicas pernambucanas para os candidatos ao governo daquele Estado nas eleições de 2006: http://portal.cremepe.org.br/publicacoes_noticias_ler.php?cd_noticia=740.


 

quarta-feira, 5 de março de 2008

Mensagem do dia

"It's a funny thing about life; if you refuse to accept anything but the best, you very often get it."

W. Somerset Maugham
English dramatist & novelist (1874 - 1965)


 

"A vida é engraçada: se você se recusa a aceitar algo que não seja o melhor, freqüentemente acaba conseguindo o melhor."


 

Quer ver mais deste autor? Acesse http://www.quotationspage.com/quotes/W._Somerset_Maugham/.

Utilidade Pública 2

    Antes de tudo, aceite um conselho: ao comprar um celular, prefira comprar um aparelho novo, em uma loja autorizada pela operadora de sua preferência. Evite comprar aparelhos usados, a não ser que você conheça a procedência. Você pode achar que não tem nada a ver com isso, mas entenda: quem compra celular supostamente roubado está alimentando a onda de crimes. As dezenas de reais que são desembolsados na compra de um aparelho bom e novo no mercado negro podem representar o valor do sangue derramado de alguém. Lamentavelmente, pouca gente tem consciência disso, e, quando tem, não sente a consciência pesar.

    De qualquer maneira, agora vem o mais importante: ao adquirir um celular, digite nele o código *#06#, e você verá o número de série do aparelho. Anote esse número. Em caso de perda ou roubo do aparelho, ligue prá operadora e informe o número de série. Assim, a operadora poderá bloquear o aparelho, com ou sem chip, e invalidá-lo permanentemente. Assim ele não terá mais serventia, nas mãos de quem quer que esteja com ele.

    Passe esta mensagem adiante, para que possamos desarticular o comércio de celulares roubados e reduzir os assaltos.

    Para encerrar, uma frase sábia, cujo autor eu ignoro. Se alguém souber, me diga, por favor:

    "O mal só vence quando os homens de bem cruzam os braços."

Serviço de Utilidade Pública

    Recebi esta mensagem e resolvi postá-la aqui porque a considero procedente. Acho que não devemos nos omitir. Devemos todos fazer nossa parte para fechar o maior número possível de brechas que os criminosos usam e, assim, inviabilizar o trabalho deles e diminuir nossas cefaléias, ou melhor, dores de cabeça. De agora em diante, estarei esporadicamente divulgando dicas de segurança, trazendo à tona tudo que está acontecendo de errado, e fazendo minha parte para tentar evitar que volte a acontecer.

"Um advogado circulou a seguinte informação para os empregados na Companhia dele:


1. Não assine a parte de trás de seus cartões de crédito. Ao invés, escreva 'SOLICITAR RG' .


2. Ponha seu número de telefone de trabalho em seus cheques em vez de seu telefone de casa. Se você tiver uma Caixa Postal de Correio use este em vez de seu endereço residencial. Se você não tiver uma Caixa Postal, use seu endereço de trabalho. Ponha seu telefone celular ao invés do residencial.


3. Tire Xerox do conteúdo de tua carteira. Tire cópia de ambos os lados de todos os documentos, cartão de crédito, etc. Você saberá o que você tinha em sua carteira e todos os números de conta e números de telefone para chamar e cancelar. Mantenha a fotocópia em um lugar seguro. Também leve uma fotocópia de seu passaporte quando for viajar para o estrangeiro. Sabe-se de muitas estórias de horror de fraudes com nomes, CPF, RG, cartão de créditos, etc... roubados.

Infelizmente, eu, que sou advogado, tenho conhecimento de primeira mão porque minha carteira foi roubada no último mês. Dentro de uma semana, os ladrões ordenaram um caro pacote de telefone celular, aplicaram para um cartão de crédito VISA, tiveram uma linha de crédito aprovada para comprar um computador, dirigiram com minha carteira, e mais...

Mas aqui está um pouco de informação crítica para limitar o dano no caso de isto acontecer a você ou alguém que você conheça.

E MAIS...

4. Nós fomos informados que nós deveríamos cancelar nossos cartões de crédito imediatamente. Mas a chave é ter os números de telefone gratuitos e os números de cartões à mão, assim você sabe quem chamar.

Mantenha-os onde você possa achá-los.

5. Abra um Boletim Policial de Ocorrência imediatamente na jurisdição onde seus cartões de crédito, etc., foram roubados. Isto prova aos credores que você tomou ações imediatas, e este é um primeiro passo para uma investigação (se houver uma).

Mas aqui está o que é talvez mais importante que tudo:

6. Chame imediatamente o SPC (11-3244-3030), o SERASA (11-33737272) e outros órgãos de crédito se houver, para pedir que seja colocado um alerta de fraude em seu nome e número de CPF. Eu nunca tinha ouvido falar disto até que fui avisado por um banco que me chamou para confirmar sobre uma aplicação para empréstimo que havia sido feita pela Internet em meu nome. O alerta serve para que qualquer empresa que confira seu crédito saiba que sua informação foi roubada, e eles têm que contatar você por telefone antes que o crédito seja aprovado.

Até que eu fosse aconselhado a fazer isto (quase duas semanas depois do roubo), todo o dano já havia sido feito. Há registros de todos os cheques usados para compras pelos ladrões, nenhum de que eu soube depois que eu coloquei o alerta. Desde então, nenhum dano adicional foi feito, e os ladrões jogaram fora minha carteira. Este fim de semana alguém a devolveu para mim. Esta ação parece ter feito que eles desistissem.

Passamos para frente muitas piadas pela Internet. Mas se você estiver disposto a passar esta informação, realmente poderá ajudar alguém com quem você se preocupe."

terça-feira, 4 de março de 2008

Gestus Mentis 2

    Aqui está mais um artigo que escrevi para o Expresso do Norte. Ele foi publicado praticamente da mesma forma como escrevi, sem alterações significativas. Nele você pode notar certo tom político. Escrevi assim para chocar mesmo, provocar reflexão e exigir providências. Cheguei inclusive a enviá-lo para o endereço eletrônico da Secretaria de Segurança Pública na época. Não houve resposta, como eu já esperava. Mas não desisto. Vou enviar de novo, até porque o secretário mudou. Se você também quiser encher o saco deles, como eu faço de vez em quando, basta acessar www.seguranca.ce.gov.br, e procurar o link "Fale conosco".

    De nada adianta o trabalho dos profissionais da saúde para salvar vidas de vítimas das diversas formas de violência se as autoridades policiais e judiciárias não cumprirem seus deveres devidamente. O Programa Ronda no Quarteirão, em Fortaleza, já está mostrando bons resultados, porque aumentou efetivamente a presença policial em muitas áreas da cidade antes esquecidas e incrementou também as capturas de criminosos e as apreensões de armas de fogo, mas tudo isso ainda é insuficiente. Conversaremos melhor sobre isto noutra ocasião. Por enquanto, deleite-se com meu texto e deixe seu comentário, por favor.


 

Transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) e a violência


 

Tony Harrison Oliveira Nascimento

Acadêmico de Medicina (UFC-Sobral),

membro do Gestus Mentis, projeto de extensão da UFC.

Sabe-se que a violência e o estresse, infelizmente, são situações que cada vez mais estão presentes nas nossas vidas. Porém ainda é bastante desconhecido que estas situações podem levar a uma série de doenças mentais. Doenças como o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), a quinta condição psiquiátrica mais comum, ainda são ignoradas no Brasil.

O estresse pós-traumático é uma resposta anormal a um evento traumático significativo, que faz a vítima ter pensamentos ou pesadelos persistentes relacionados ao evento, passando a evitar situações ou lugares que lembrem o trauma. Além disso, apresenta certa hiperexcitação e irritabilidade. O estresse é mais intenso em pacientes submetidos à situações com risco de morte, com destaque para as vítimas da violência urbana. Embora os homens sejam os mais afetados pela violência no Brasil, são as mulheres vítimas da violência quem mais desenvolvem o estresse pós-traumático.

O tratamento se constitui basicamente por ajustes no estilo de vida, suporte psicológico e medicação, especialmente com antidepressivos, com os objetivos de regular resposta ao estresse e controlar sintomas de ansiedade, hiperexcitação e insônia. Esses tratamentos são intrínsecos ao paciente. São necessárias também intervenções coletivas por parte da Saúde e da Segurança Públicas, em se tratando de TEPT causado pela violência.

Ajudar uma vítima da violência a superar seu trauma e sentir-se mais segura para sair de casa e retornar às suas atividades cotidianas é fundamental, mas não é suficiente, enquanto houver condições propícias para outra experiência traumática no meio em que ela vive. Deve-se cobrar das autoridades mais rigor no combate ao principal agente etiológico do TEPT no Brasil, que é a criminalidade somada à impunidade da maioria dos agressores. Neste caso, oferecer mais segurança à população é uma boa medida de promoção e prevenção da saúde mental.


 

PARA SABER MAIS:

O sofrimento em flashback. Disponível em http://www.ufrgs.br/jornal/abril2002/pag04.html


 

"A violência nunca foi tão vista e falada como hoje em dia".

Disponível em

http://www.aol.com.br/revista/materias/2006/0041.adp


 

Tratamento para estresse pós-traumático. Disponível em http://www.unisite.com.br/saude/estresse.shtml


 

Seqüelas invisíveis. Disponível em

http://www.aol.com.br/revista/materias/2006/0040.adp


 

Publicado no semanário "Expresso do Norte", edição de 26/08 à 01/09/2006.

sábado, 1 de março de 2008

Gestus Mentis


    Este é um nome bem original e sugestivo. Na verdade, é uma sigla que significa Grupo de Estudos em Saúde Mental Interdisciplinar de Sobral. Era uma espécie de projeto de pesquisa e extensão em saúde mental do qual eu fazia parte e que funcionou em nossa faculdade até meados do ano passado. Entre nossas atividades, estava o esclarecimento de conceitos em saúde mental para a comunidade leiga através de artigos que publicávamos no jornal semanal Expresso do Norte, em Sobral. Se eu tivesse tempo, eu tentaria criar uma liga de psiquiatria ou coisa parecida para tentar substituir o Gestus, porque ele está fazendo falta.

Para homenagear o lendário Gestus Mentis, tão bem capitaneado pelo Prof. Dr. Tófoli, vou publicar no blog alguns dos artigos que eu escrevi pelo grupo para o jornal. O primeiro, você pode considerá-lo uma dica de livro. É um comentário sobre um conto escrito por Machado de Assis que faz uma crítica à assistência à saúde mental no Brasil até o século XIX. Você pode ler o texto original que eu escrevi e em seguida o texto editado para ser publicado no jornal, em julho de 2006. Em outra ocasião, vou redigir uma postagem sobre a Reforma Sanitária Brasileira, incluindo a Reforma Psiquiátrica.


 

Antipsiquiatria: um bom exemplo na Literatura Brasileira

    

Tony Harrison Oliveira Nascimento

Acadêmico de Medicina (UFC-Sobral),

membro do Gestus Mentis, projeto de extensão da UFC.


 

Antipsiquiatria é um movimento oriundo da Grã-Bretanha, nos anos 60, em oposição à psiquiatria ortodoxa, que seria um instrumento de dominação imposto pela sociedade àqueles que se desviassem de suas normas a respeito da saúde mental. A antipsiquiatria questiona a validade da psiquiatria como metodologia científica de tratamento da doença mental, além do próprio papel do psiquiatra, considerando constrangedora a sua postura na relação com o paciente, e, portanto, insuficiente no processo de cura da enfermidade psíquica. Ela foi a mola propulsora da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial que se estendem até o presente.

Ainda no século XIX, a antipsiquiatria já era referenciada no conto "O Alienista", de Machado de Assis. A história se passa na vila de Itaguaí, interior do Rio de Janeiro, final do século XVIII, onde um médico português chamado Simão Bacamarte se instala e se dedica ao estudo de saúde mental, sendo por isso chamado alienista, denominação equivalente a de psiquiatra. Com o apoio do poder público, consegue construir a primeira casa de orates (manicômio) do Brasil, que acaba sendo chamada de Casa Verde. Seu grande objetivo é determinar os limites entre a razão e a loucura. Para isso, ele usa a população de Itaguaí como amostra de sua pesquisa. Ele observa o comportamento de cada pessoa e manda internar na Casa Verde aquelas que apresentem um padrão de comportamento que ele considere desvio de personalidade, como no caso de um cidadão que perde toda a sua fortuna emprestando dinheiro sem cobrar de volta. Sua pesquisa é puramente experimentalista. Não há bastantes detalhes sobre a terapêutica empregada na Casa Verde. Parece que o alienista apenas manda os "dragões" (a polícia da época) recolherem os supostos loucos e confiná-los na Casa Verde para ver o que lhes acontece. A Câmara Municipal do lugar não apenas o autoriza a fazer isso como determina que os cofres públicos banquem a maioria das internações. São, respectivamente, um exemplo de medicalização da sociedade e uma prévia de um momento do século XX em que o Estado subsidiaria a construção de hospitais e clínicas particulares, além de custear internações, muitas vezes desnecessárias, naquelas instituições. Isto causa revolta na população, principalmente quando o número de internos da Casa Verde atinge cerca de três quartos da população da vila. Então o alienista faz uma conclusão lógica: se mais da metade de sua amostra apresenta desvios de conduta, é porque esses desvios são normais no ser humano. Loucos são, portanto, os que não possuem tais desvios.


 

Este conto machadiano não é apenas uma crítica à psiquiatria da época. É uma crítica ao cientificismo do século XIX, muito presente na corrente literária naturalista. O alienista é uma caricatura de cientistas da época, homens que falavam demais, demonstrando ter muitos conhecimentos, mas não sabiam como prová-los e empregá-los. É a deformação do "cientista" que toma como verdade absoluta os pressupostos da ciência e comete, em seu nome, equívocos sucessivos sem dar pelo absurdo de suas pretensões. Chama-se a atenção para a relatividade da ciência. O médico cria algumas teorias para a loucura, e pensa que cada uma delas é uma verdade absoluta para, em seguida, se frustrar. Critica-se também a postura cientificista que não vê o ser humano na sua integridade corpo X alma.

O escritor Machado de Assis é um caso à parte na Literatura Brasileira. Suas histórias, especialmente na sua fase realista, são marcadas por narrativas introspectivas e psicológicas, com ênfase nos personagens, em detrimento dos eventos. Ele sonda os pensamentos dos personagens para explicar suas condutas e suas relações sociais. É isso que ele tem em comum com o alienista e faz dele uma espécie de psiquiatra literário. Ele sempre escrevia com uns toques de humor, ironia, pessimismo e crítica à hipocrisia nas relações humanas. Um exemplo disso é a aparente subserviência de Simão Bacamarte à ciência. Porém, Machado revela a hipocrisia humana através das intenções verdadeiras de Bacamarte: atingir a glória e ser a pessoa mais importante de Itaguaí.

Neste conto, a análise psicológica vem acompanhada de uma crítica social, sendo, portanto, um conto psicossocial.

Enfim, "O Alienista" é um conto alegórico, porque simboliza metaforicamente algo que poderia acontecer doravante em qualquer lugar do mundo.

Notas históricas:

  • O primeiro manicômio do Brasil foi inaugurado em 1852, nomeado Hospício Pedro II, servindo como um anexo da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.
  • Na época em que ocorre a história surge a psiquiatria moderna na Europa, que descarta a possessão por maus espíritos como causa de enfermidades mentais.


 

PARA SABER MAIS:

Sobre Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial. Disponível em: http://www.polbr.med.br/arquivo/wal0605.htm
http://portalteses.cict.fiocruz.br/transf.php?script=thes_chap&id=00006302&lng=pt&nrm=iso

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59702005000100003&script=sci_arttext


 

A antipsiquiatria e Machado de Assis: "O Alienista", de Maria Regina H. Newlands Trotto. Disponível em:

http://www.psicosite.com.br/per/jbp/jbp1991.htm


 

Comentário e resumo sobre o conto "O Alienista", além de vida e obra do autor. Disponível em:

www.vestibular1.com.br

http://www.culturabrasil.org/machadodeassis.htm

http://vbookstore.uol.com.br/resumos/alienista.shtml


 

História da Psiquiatria no Brasil. Disponível em:

http://www.psiquiatriageral.com.br/legislacao/saude_mental01.htm

http://www.sppc.med.br/mesas/anamariagaldini.html


 


 

Uma Crítica da Psiquiatria na Literatura Brasileira


 

Tony Harrison Oliveira Nascimento

Acadêmico de Medicina (UFC-Sobral),

membro do Gestus Mentis, projeto de extensão da UFC.

Muito antes da Reforma Psiquiátrica (que questiona o valor dos manicômios como forma de tratar os portadores de transtornos mentais), ainda no século XIX, Machado de Assis abordou o assunto no conto "O Alienista". A história se passa na vila de Itaguaí, interior do Rio de Janeiro, final do século XVIII, onde um médico português chamado Simão Bacamarte se instala e se dedica ao estudo de saúde mental, sendo por isso chamado alienista, denominação equivalente a de psiquiatra. Com o apoio do poder público, consegue construir a primeira casa de orates (manicômio) do Brasil, que acaba sendo chamada de Casa Verde. Seu grande objetivo é determinar os limites entre a razão e a loucura. Para isso, ele usa a população de Itaguaí como amostra de sua pesquisa. Ele observa o comportamento de cada pessoa e manda internar na Casa Verde aquelas que apresentem um padrão de comportamento que ele considere desvio de personalidade, como no caso de um cidadão que perde toda a sua fortuna emprestando dinheiro sem cobrar de volta. Sua pesquisa é puramente experimentalista. Não há bastantes detalhes sobre a terapêutica empregada na Casa Verde. Parece que o alienista apenas manda os "dragões" (a polícia da época) recolherem os supostos loucos e confiná-los na Casa Verde para ver o que lhes acontece. A Câmara Municipal do lugar não apenas o autoriza a fazer isso como determina que os cofres públicos banquem a maioria das internações. São, respectivamente, um exemplo de medicalização da sociedade e uma prévia de um momento do século XX em que o Estado subsidiaria a construção de hospitais e clínicas particulares, além de custear internações, muitas vezes desnecessárias, naquelas instituições.

Este conto machadiano não é apenas uma crítica à psiquiatria da época. É uma crítica ao cientificismo do século XIX, muito presente na corrente literária naturalista. O alienista é uma caricatura de cientistas da época, homens que falavam demais, demonstrando ter muitos conhecimentos, mas não sabiam como prová-los e empregá-los. É a deformação do "cientista" que toma como verdade absoluta os pressupostos da ciência e comete, em seu nome, equívocos sucessivos sem dar pelo absurdo de suas pretensões. Chama-se a atenção para a relatividade da ciência. O médico cria algumas teorias para a loucura, e pensa que cada uma delas é uma verdade absoluta para, em seguida, se frustrar. Machado revela também a hipocrisia humana ao mostrar as intenções verdadeiras de Bacamarte: atingir a glória e ser a pessoa mais importante de Itaguaí. "O Alienista" é um verdadeiro conto psicossocial, pois apresenta uma crítica social através de uma profunda análise psicológica de seus personagens. Mas... quem quiser saber o final desta história... terá que ler.

PARA SABER MAIS:

Machado de Assis. O Alienista. Disponível para download em http://www.bibvirt.futuro.usp.br/textos/autores/machadodeassis/alienista/alienista.html


 


 


 

 

Mensagem do dia


"Amo a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres ...Se elas voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as possuí."

John Lennon

Lula versus Judiciário

O Presidente do TSE, Ministro Marco Aurélio Mello, criticou o lançamento de um programa do Governo Federal chamado Territórios da Cidadania justamente em 2008, um ano eleitoral. O Presidente Lula não gostou e respondeu mais ou menos da seguinte maneira:

"Seria tão bom se o Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas dele. Iríamos criar a harmonia que está prevista na Constituição para que democracia seja garantida. [...] O governo não se mete no Legislativo e não se mete no Judiciário. Se cada um ficar no seu galho, o Brasil tem chance de ir em frente. Se cada um der palpite [nas coisas do outro], pode conturbar tranqüilidade que sociedade espera de nós."

Agora pronto, de dois em dois anos, só porque é ano eleitoral, os administradores públicos têm que parar de trabalhar??? Assim é sacanagem. Boa desculpa para não trabalhar e não permitir outras pessoas trabalhem. Como eu já disse, o Poder Judiciário do Brasil deixa a desejar, pois não se vê muitos resultados positivos no trabalho deles.

O Presidente também insinuou que o Ministro tivesse alguma vontade de ingressar na carreira política, especialmente em partidos de oposição. Posteriormente, o Ministro negou isto.

Frase do Presidente sobre o direito de opinião:

"Quando se trata de opinião e palpite, os outros precisam concordar que outros possam dar palpite e opinião diferentes", disse. "Da mesma forma que como ser humano e brasileiro as pessoas dão palpite sobre as coisas, o presidente da República pode dar palpite e julgar os palpites dos outros. Afinal, estamos num debate político."

Isto me remete a uma frase atribuída a Voltaire: "Desaprovo o que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo". Ainda bem que, com o tempo, a idéia de Voltaire vingou em quase todo o mundo, apesar de alguns eventuais reveses. É por isso que hoje mantenho este blog. Deus abençoe Voltaire.

Quer saber mais sobre esta crise de poderes? Acesse:

Lula diz não haver crise entre Executivo e Judiciário
http://noticias.br.msn.com/brasil/artigo.aspx?cp-documentid=6368594

Após crítica, Lula nega crise com Judiciário; presidente do TSE rebate "acidez"
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u377472.shtml

Terremotos em Sobral, em edição especial, ao vivo 2.

01:40 Segundo a imprensa e os especialistas, os tremores contnuaram durante toda a sexta-feira. Por volta das 22h houve um daqueles que durou alguns segundos e fez o chão tremer como uma ondinha após um estrondo. A sensação de sentir o chão vibrando foi como levar um choque. Ainda há pouco ouvimos mais dois estrondos. Achei vários links para notícias relacionadas. Se quiser conferir, fique ad libitum (à vontade). Eles dizem praticamente que os abalos são freqüentes no Estado, não necessariamente com esta intensidade e freqüência atuais, que já ocorreram maiores, que têm sido provocados por acomodação de terra e pela falha geológica, que o epicentro teria sido no distrito de Jordão e que deve continuar pelos próximos dias, ou até mesmo por alguns anos. Há relato até de um acidente de trânsito, envolvendo um carro que estava na estrada na hora de um dos tremores mais fortes. Me lembro que ontem, quando estava ouvindo rádio, anunciaram que houve uma tentativa de estupro no Jordão. Muitos moradores do lugar resolveram dormir na rua. Uma mulher que estava deitada numa calçada foi atacada por um maníaco. Ela pediu socorro, outras pessoas foram em seu auxílio e o bandido fugiu. Até agora, não sei dizer se ele foi preso. É provável também que tenham ocorrido assaltos na região, pois no Brasil inteiro não falta gente oportunista. Impressionante é que, para os bons, sempre existe tempo ruim. Para os maus, não. Já parou para pensar nisso???

Tremores de terra no Ceará continuam pela manhã
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2008/02/29/tremores_de_terra_no_ceara_continuam_pela_manha_1210670.html

Novos tremores voltam a atingir a cidade de Sobral, no Ceará
http://apolo11.com/terremoto_brasil.php?posic=dat_20080229-084728.inc

Tremores de terra atingem várias cidades no Ceará e assustam moradores
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2008/02/29/tremores_de_terra_atingem_varias_cidades_no_ceara_1210047.html

´Devem ocorrer novos tremores em Sobral´, alerta especialista
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=516361

"Situação em Sobral é mais complicada do que parecia", diz sismólogo da UFRN
http://noticias.uol.com.br/ultnot/2008/02/29/ult23u1320.jhtm

Cerca de 100 tremores a partir das 2h, Sexta feira dia 29.
http://www.sobralportaldenoticias.com/news/upload/index.php?mod=article&cat=Noticias&article=350

Abalo Sísmico de 3.9 na Escala Richter deixa a cidade de Sobral Ce em pânico
http://www.sobralportaldenoticias.com/news/upload/index.php?mod=article&cat=Sobral Ce&article=349

Tremores são comuns no Ceará, explica sismólogo
http://noticias.br.msn.com/artigo.aspx?cp-documentid=6367329

300 abalos na Região Norte assustam moradores
http://verdesmares.globo.com/v3/canais/noticias.asp?codigo=210985&modulo=178

http://br.noticias.yahoo.com/s/29022008/25/manchetes-tremores-terra-atingem-interior-ceara.html

http://br.noticias.yahoo.com/s/29022008/25/manchetes-tremores-sao-comuns-no-ceara-explica-sismologo.html

http://correiodasemana.com.br/jornal/index.php?q=node/826

03:19 Não percebi mais tremor algum. Espero que esta noite seja mais tranqüila e o dia comece mais tranqüilo também. Apesar do clima de tensão pairar ainda sobre a região, acho que todo mundo já está mais calmo e mais prevenido. Meus vizinhos estão todos em suas casas dormindo e acredito que a maioria dos sobralenses também. Vou já fazer o mesmo e pedir a Deus que abençoe esta noite. Apesar do medo, acredito que esses tremores sirvam apenas para nos assustar (e conseguiram, pelo menos por enquanto, pois não conheço alguem que estivesse dormindo e não tenha acordado naquelas horas). Creio que, pelo menos por enquanto, nada pior irá acontecer. Confesso que estou com medo de dormir, mesmo consciente disso. É com esta pontinha de esperança que encerro aqui esta postagem. Gostaria que você, leitor, se passou por uma situação como esta, deixasse um comentário, contando sua experiência, e divulgasse meu blog. Se você também tem um blog, gostaria de conhecê-lo. Tenham todos um bom dia e fiquem com Deus. Cuidem-se.

P.S.: Coincidência ou não, neste clima de expectativa (há um bairro com este nome em Sobral, como estará a expectativa dos moradores de lá?) e de apocalipse, estou escutando rádio e está tocando uma música de uma banda dos anos 80 chamada Rádio Taxi, que começa mais ou menos assim: "Olha meu amor, é o final da odisséia terrestre..." Acho que não é prá tanto. Pelo menos por enquanto.