A informática evolui por um lado e involui pelo outro. Se, por um lado, os equipamentos eletrônicos ficam mais sofisticados, capazes de realizar mais tarefas com mais rapidez, mais reduzidos em dimensões e discretamente mais baratos, por outro lado, eles ficam mais complexos, os arquivos e os programas ficam cada vez mais "pesados", requerendo incrementos quase que constantes nas capacidades das memórias e nas freqüências de processamento dos computadores. Um computador montado há dez anos teria hoje grande dificuldade para executar as mesmas tarefas e abrir as mesmas páginas da Internet que ele abria naquela época. Um computador montado em 2009 deve ter no mínimo um processador de 2 GHz, uma memória HD de 160 GB e uma memória RAM de 2 GB para funcionar bem com o sistema operacional Windows Vista. Daqui a um ano, esse computador já estará um pouco obsoleto e meio lento. Então serão produzidos cada vez mais computadores com mais gigahertz e mais gigabytes. Parece que o céu é o limite para tanto aperfeiçoamento. Me lembro que o primeiro microcomputador que apareceu em minha casa, em 1997, custava o dobro do que custaria hoje, rodava com Windows 95, tinha HD de 1 GB, memória RAM de 8 MB e processador Pentium 100 Mhz. Com pouco tempo de uso, ele já não correspondia às nossas expectativas. Fazer um upgrade nele era inviável. Suas peças eram caras e difíceis de serem encontradas no mercado. Em cinco anos, ele morreu lenta e dolorosamente como um paciente terminal em UTI, sem que nada pudéssemos fazer. Um vírus mortal apoderou-se dele e não podíamos instalar um bom antivírus porque suas configurações de software eram incompatíveis com qualquer antivírus da época e nem podíamos alterar as configurações de software porque as configurações de hardware não permitiam, pois, como eu disse, fazer um upgrade nele já não era mais inviável, era impossível. Há quase três anos, comprei um pen drive com MP3 player 1 GB de memória por duzentos reais. Agora é possível comprar o mesmo aparelho com o dobro de memória por menos da metade daquele valor. No meu tempo de colégio, eu não saberia o que significa um pen drive. Ninguém sabia.
Agora eu entendo porque existem pessoas que trocam de computadores, de carros e de celulares todos os anos. Nem sempre fazem isso simplesmente por frescura. Também não é tanto pelo fato de se tornarem discretamente obsoletos e menos eficientes. É porque alguns dos bens que eu mencionei praticamente se tornam descartáveis. Descartáveis porque, depois de vencidos seus prazos de garantias, geralmente de um ano, eles começam a apresentar tantos problemas que se torna mais viável substituí-los que consertá-los. Isto me lembra aquela passagem bíblica que fala algo sobre não valer a pena remendar tecidos velhos com remendos novos:
"Ninguém rasga um pedaço de roupa nova para remendar uma roupa velha, porque assim estragaria uma roupa nova. Além disso, o remendo novo não assentaria bem na roupa velha."
São Lucas 5:36
Os automóveis são uma exceção, na maioria das vezes. Eles duram um pouco mais. Notebooks duram menos que os computadores convencionais por serem portáteis e de manutenção mais difícil e mais cara. Sobre os celulares, nem se fala. Falando em celulares, um dia desses, fui tentar desbloquear um de meus aparelhos, com mais de três anos de uso, e me chateei, porque todo mundo em Sobral se recusou a fazer o serviço. Uns disseram que era por causa da operadora. Outros alegaram falta de equipamento. Enfim, quando me lembrei daquele trecho da Bíblia que mencionei lá atrás, estava para desistir, mas acabei conseguindo que fizessem o serviço em Fortaleza.
Vou tentar segurar meus bens de consumo teoricamente duráveis pelo maior tempo possível, enquanto estiverem funcionando satisfatoriamente, não apenas para economizar dinheiro, mas também pensando no meio ambiente. Eu já disse uma vez que, quanto mais consumimos, mais somos responsáveis pelo consumo de recursos naturais, mais lixo produzimos e mais sobrecarregamos o meio ambiente (http://conscienciaacademica.blogspot.com/2008/12/edio-bombstica-de-26-12-2008.html). Naquela postagem, eu também disse que há muitos brasileiros que, seguindo os maus exemplos uns dos outros, compram demais e se endividam demais. Por que eles fazem isso? Porque adoram viver de aparências. Há muitos brasileiros acomodados na posição de ostentar falso luxo, vivendo de aparências, acima de tudo. O sujeito pode morrer pagando aluguel de um imóvel, mas não deixa de ter uma Hilux zero Km na garagem de uma casa que não lhe pertence. Na verdade, viver de aparências faz parte da nossa cultura. Tanto que, quando notícias sobre a violência no Rio de Janeiro e outras partes do país vazam para a imprensa internacional, isto causa escândalo por aqui. Nossas autoridades se descabelam, dizendo que a imprensa exagera. Você acha isso exagero???
Tortura ao vivo – o justo pagando pelo pecador e o cinismo nas escusas dos responsáveis:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u649105.shtml.
Quando eles provocam a polícia e a sociedade, matando um cidadão como esse médico, por exemplo, devem receber a resposta que merecem:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u646679.shtml.
Recife é campeã nacional de homicídios, segundo jornais americanos:
http://www.pebodycount.com.br/post/postUnico.php?post=812.
Repercussão internacional da onda de violência no Rio:
http://www.portugaldigital.com.br/noticia.kmf?cod=9062342&indice=0&canal=157.
Assassinato do coordenador do Afroreggae, com a provável conivência de policiais corruptos:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u642650.shtml.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u643661.shtml.
http://noticias.uol.com.br/ultnot/agencia/2009/10/27/ult4469u47966.jhtm.
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/10/29/ult5772u5856.jhtm.
Assim não dá para viver de aparências. Tudo bem, eu entendo que todo mundo tem o direito de deixar a casa arrumadinha para receber visitas, como eu disse em http://conscienciaacademica.blogspot.com/2009/09/11-de-setembro-de-2009.html, mas tenhamos bom senso. Não adianta varrer a sujeira para debaixo do tapete. Isso não vale só para essa questão social. Vale também para a vida individual. Se continuamos nos recusando a enxergar um problema, ele apenas se esconde para retornar mais tarde. E ele continua nos afetando de qualquer maneira.
Um comentário:
Boa Noite!
Ótima postagem, amigo! Em nada me surpreende o seu espírito. Não tenho carro. PC tenho, mas não o troco sempre. Faço isso quando dá "tilt" na máquina. Concordo que é mais vantajoso desfazer-se do que já virou sucata pelo novo. Mas, como vc bem o disse, em informática, isso se dá numa fração de segundos. E quem é que tem tanto dinheiro disponível sempre?
Beijos e abraços
Boa semana,
Obrigada pela partilha e por outro tanto,
Renata
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