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terça-feira, 28 de abril de 2009

52ª edição de 2009

Infeccioso

"Se não sabes, aprende; se já sabes, ensina." - Confúcio

Tem gente que acha que a medicina resolve tudo. Não é bem assim. Na prática, nem sempre os antibióticos curam tudo. As doenças infecciosas são mais difíceis de lidar, pois estamos lidando com seres vivos dentro de seres vivos. A reação desses parasitas dentro de nós geralmente é imprevisível. A cada dia que passa, eles ficam mais atrevidos e resistentes aos quimioterápicos. Ficam cada vez mais indomáveis. Por isso que volta e meia surgem novas epidemias de novas doenças infecciosas que tendem a se tornar pandemias. Infecções sem fronteiras que viajam desgovernadas deixando seu rastro por onde passam e se extinguem espontaneamente, como a gripe espanhola, a gripe asiática do frango e agora essa gripe suína. Graças a Deus, até agora parece que os efeitos dessas novas gripes internacionais não foram nem serão tão devastadores quanto os da gripe espanhola, pois, nos últimos noventa anos, se a velocidade com que pessoas, mercadorias e agentes microbiológicos viajam aumentou, os meios de comunicação e as barreiras sanitárias também evoluíram. Teoricamente fica mais fácil barrar a proliferação de agentes infecciosos, tratar os pacientes infectados e prevenir novas infecções.

Há alguns meses, comecei minha temporada de internato pelo Hospital São José, que é um hospital de referência em infectologia em Fortaleza. Cheguei a cogitar a possibilidade de vir a ser infectologista um dia, pois gostei da organização do serviço e curti muito aquela brincadeira de ficar solicitando e interpretando exames, além de ter aprendido o manejo de pacientes soropositivos. O que fazer com um paciente portador do HIV que chega ao seu consultório? Comece a monitorar a carga viral e a concentração de linfócitos CD4 dele. Enquanto a contagem de CD4 não cair até 200, a conduta é expectante. A partir desse momento, iniciar terapia antiretroviral, com a seguinte trinca de drogas de escolha: AZT (Zidovudina) + 3TC (Lamivudina) + Efavirenz. As duas primeiras drogas são combinadas na apresentação comercial de Biovir. Na maioria dos casos, o tratamento é relativamente bem sucedido, quando os pacientes são cooperativos e a meta principal, que é manter a carga viral indetectável, é atingida. Além disso, devem ser feitas as devidas profilaxias para infecções oportunistas, como pneumonia pneumocística e candidíase, tratáveis com sulfametoxazol + trimetroprim e fluconazol, respectivamente.

Tecnicamente é fácil tratar pacientes com o vírus HIV. O problema é que eles nem sempre são pacientes fáceis e são pacientes com uma grande densidade psicológica, que podem afetar emocionalmente o médico. Além disso, meu caro, a infectologia não se resume à AIDS. Ela é o menor dos problemas que qualquer médico pode enfrentar. Existem infecções muito piores, como a pneumonia hospitalar causada por pseudomonas, que surge com freqüência em pacientes internados em UTIs e que é muito difícil de tratar.

Desisti dessa especialidade porque o mercado de trabalho para ela ainda é muito restrito, o salário é relativamente baixo e o risco de contaminação é maior.

Acredito que, a médio prazo, a infectologia deve crescer, pois vivemos em um mundo no qual impera um clima de tensão, uma atmosfera apocalíptica, a expectativa de que ocorram calamidades que ponham em xeque a permanência da espécie humana no planeta, como uma grande pandemia que mate todos os humanos sem exceção. Isto já foi bastante explorado em filmes de ficção científica. Enfim, infectologistas serão cada vez mais necessários para fazer frente à possibilidade de que uma infecção venha a ser responsável por nosso holocausto.

Lembre-se que o mundo por si só já é infeccioso. Ao lembrar-me do filme “Guerra dos mundos”, no qual alienígenas invadem a Terra com o intuito de exterminar todos os seres humanos e acabam tendo seus planos frustrados de maneira sutil, eu me pergunto quem seria o maior predador da espécie humana. Seriam os alienígenas? Seria o HIV? Seriam os estafilococos? Ou seria a leishmania? Nada disso. Nosso maior predador é o Homo sapiens. Talvez um dia os micróbios salvem nossas vidas, como naquele filme.

Saiba mais sobre a gripe suína em:

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Manchete de 27042009

Brasileiro recém-chegado do México é internado com suspeita de gripe suína


Agência de Turismo Congresso




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Evangelho de 28-04-2009

João 6, 30-35

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - Naquele tempo,30Perguntaram eles: Que milagre fazes tu, para que o vejamos e creiamos em ti? Qual é a tua obra? 31Nossos pais comeram o maná no deserto, segundo o que está escrito: Deu-lhes de comer o pão vindo do céu (Sl 77,24).32Jesus respondeu-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu;33porque o pão de Deus é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo.34Disseram-lhe: Senhor, dá-nos sempre deste pão! 35Jesus replicou: Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede. - Palavra da salvação.

http://www.catolicanet.com/?system=liturgia&action=ver_liturgia&ano=2009&data=28-04.



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2 comentários:

Karen Escudero disse...

Oi... Fazia séculos que eu não entrava no meu Blog "mais um blog", aí vi você como seguidor, fiquei lisonjeada :D.
Bom eu acabei de ler seu post e eu não entendo nada de medicia, mas concordo que lidar com vírus deve ser algo super complicado porque eles possuem capacidade de mutação muito rápida.
Prazer em conhece-lo e ao seu blog, claro.
Até mais ^^

Nayara Diniz disse...

O mundo está como está, porque perdeu-se o medo.
Gostei do blog, não por entender de medicina, mas ainda mais por admirar a profissão.

Beijos