Sei que não sou a pessoa mais indicada para falar sobre o assunto, mas vou falar mesmo assim o que penso. O que escrevo aqui vale para você que é pai e para você que é mãe, principalmente para você que é pai, devido à data oportuna.
Foi a convivência com a afilhadinha da minha namorada, uma adorável criança de quase 3 anos, que me fez pensar mais ainda a respeito da paternidade, nestes dias. A menina é uma graça e ainda é um bebezinho. O que nos cativa nela é sua inocência, sua meiguice e sua pequenez que lhe fazem parecer uma bonequinha indefesa e dá vontade de a gente carregar nos braços. Ela me lembra um pouco a minha irmãzinha caçula, quando era pequenininha, por ser tão dengosa, e me lembra também minha irmã do meio, por ser comilona, abrindo o bocão prá gente dar a comidinha na colher. A bichinha fica tão feliz quando me vê chegando que corre para abrir a porta do meu carro, sempre pensando que vou levá-la para a "alegria", ou seja, para brincar em alguma praça ou parque onde haja outras crianças brincando. Semana passada, eu estava cuidando dela, enquanto ela brincava no playground de um restaurante, na Serra da Meruoca, e ela me chamou de pai. Eu fiquei comovido demais com isso. Bem que eu queria que ela fosse mesmo minha filhinha. Realmente ela precisa de um pai. Ela sente uma pontinha de ciúmes de sua madrinha. Enquanto está acordada, não quer nos deixar a sós. Ela se deita no nosso colo, quando estamos sentados na poltrona, diante da TV, com uma chupeta na boca, toda dengosa, parecendo uma nenezinha. Às vezes ela tenta cantar a canção Let it be, dos Beatles, de tanto ouvi-la com a madrinha. Então aproveitamos a deixa e cantamos essa música para niná-la e fazê-la dormir. Imagine a cena. É muito linda. No próximo final de semana, nossa princesinha se vestirá de anjinho para coroar Nossa Senhora em uma festa religiosa, em Viçosa do Ceará. Gostaria muito de ver isto.
Há algumas semanas, escrevi sobre Michael Jackson (http://conscienciaacademica.blogspot.com/2009/07/63-edicao-de-2009.html). Desde então, eu já vinha matutando com meus botões a respeito da relação pais x filhos. Enquanto o mundo inteiro condena o pai do cantor, eu questionei se tudo o que ele fez com os filhos foi por falta de caráter, por oportunismo ou apenas por querer ver os filhos bem-sucedidos. Em parte sou sensível como Michael. Não gosto de ver crianças chorando. Logo, me dá vontade de chorar também e de fazer alguma coisa para ajudar ou consolar, ainda mais se eu for culpado desse choro. Semana passada, tivemos que ser um pouco duros com minha "filhinha". Ela chorou quando não a levamos aos lugares aonde ela queria ir. Faz parte. Lamento ter que dizer isto, mas, infelizmente, não podemos sempre satisfazer todas as vontades das crianças, para o próprio bem delas. Espero que um dia elas entendam isso. Ao sair de casa com sua criança, prepare-se, porque toda criança, ao se engraçar com um objeto, com uma pessoa ou com um lugar, dificilmente vai querer largar o objeto ou se afastar da pessoa ou do lugar. Às vezes, a dor da separação é aguda e insuportável demais, até para os adultos, quando passam por situações similares. Portanto, não julgue mal a criança nem perca a paciência com ela. Sei que é de partir o coração ver uma situação dessas, mas temos que ser discretos, firmes, educados e gentis. Afinal, VOCÊ também já passou por isso, na sua infância. E EU também.
Sou contra bater em crianças. Confesso que tenho vontade de matar quem faz isso, ou pelo menos, de chamar a polícia. Penso assim pelos seguintes motivos:
1. Como dizia Shakespeare, se você está com raiva, você tem o direito de estar com raiva, mas não tem o direito de ser cruel.
2. Quem agride fisicamente uma criança é COVARDE. Isso mesmo. C-O-V-A-R-D-E. Está se aproveitando do seu porte físico contra uma pessoa mais fraca e incapaz de se defender.
3. No momento em que o sujeito agride a criança e percebe que está em vantagem sobre ela, tornando-a submissa à sua "autoridade", o que mais falta para esse sujeito começar a se aproveitar da situação e molestá-la sexualmente???
4. O sujeito bate nos filhos porque no fundo tem vontade de bater em algo ou alguém para descontar suas frustrações, principalmente quando bebe. Então, em princípio, tende a descontar no lado mais fraco. Com o tempo, passa a não se sentir mais satisfeito com isso e, como diz o adágio popular, costume de casa vai à praça, ou seja, não falta muito para que comece a agredir outras pessoas, dentro e fora de casa ou do trabalho, distribuindo porrada, como se fosse o Maçaranduba, do Casseta & Planeta.
Se existe muita bandidagem nas ruas hoje, a culpa não é tanto das supostas restrições às relações entre pais e filhos impostas pela lei. Ou seja, é uma teoria muito reducionista e medíocre dizer que existem mais bandidos porque os pais não podem mais bater nos filhos. Claro que às vezes acontece em parte pela falta de autoridade paterna, mas isto acontece mais por uma questão social. Eu, por exemplo, não fui criado apanhando dos meus pais, mas também não virei marginal. Conheço outro exemplo disso, acho que até já o mencionei aqui (http://conscienciaacademica.blogspot.com/2008/12/edio-bombstica-de-26-12-2008.html). O cantor Cosme, membro da Renovação Carismática Católica no Rio de Janeiro, foi membro do Comando Vermelho na adolescência. Não foi por falta de surra que ele entrou no crime. Seu pai era um cachaceiro que chegava ao lar quase todo dia embriagado, quebrando tudo, agredindo a esposa e os filhos, além de molestá-los. O crápula tinha amantes e deixava propositadamente faltar comida em casa. Então Cosme começou a fumar maconha para não sentir fome. Até que um dia, para continuar com seus baseados, teve de começar a roubar. Assim nasceu o "Caveirinha".
De qualquer maneira, é importante estabelecer limites, assim como Deus estabeleceu para Adão e Eva o limite de não comerem as frutas de certa árvore do Éden. Explique ao seu filho que, se você está fixando limites para ele, não é porque você quer, mas é porque a sociedade e o mundo também nos impõem limites.
Mantenha sua autoridade paterna, mas não permita que seu filho pense que você é inimigo dele. Antes de pensar em puní-lo, faça questão de deixar bem claro que você o ama e que não vai deixar de amá-lo, só porque ele errou. Se você não proceder assim, saiba que até os piores crápulas da face da Terra são capazes de fazê-lo.
Concluo meu raciocínio, declarando meu desejo de que nossa sociedade se torne mais civilizada, com mais cortesia, com mais educação e com menos violência. Desejo também que opiniões arcaicas oriundas de áreas rurais e do Período Colonial se dissolvam, e que as pessoas que têm aquelas opiniões levem-nas para suas sepulturas. Espero que nunca mais se repitam tragédias como: a morte da menina Isabela Nardoni (http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2008/04/14/veja_a_cronologia_do_caso_isabella_nardoni_1271167.html e http://g1.globo.com/Sites/Especiais/0,,15528,00.html), um marginal chamado Marcelo Boreli, acusado de roubo à bancos, de seqüestros, de ter engravidado uma cantora mexicana que esteve presa no Brasil, há alguns anos, fazendo um vídeo agredindo um bebê (http://www.parana-online.com.br/editoria/policia/news/213345/ e http://anamariabraga.globo.com/home/forum/?p=67&cpage=1) e um seqüestrador catarinense ensinando o filho a assaltar (http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2009/06/05/sequestrador-ensina-filho-sobrinha-de-menos-4-anos-assaltar-matar-em-santa-catarina-756209843.asp e http://www.youtube.com/watch?v=TSEFNfMrrGE). Tragédias provocadas por péssimos exemplos de pais. Espero que você não seja um canalha como eles.
Espero que aqueles que passarem por aqui tenham tido um excelente dia dos pais. Em homenagem a eles, deixo a canção Pais e filhos da Legião Urbana.
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