Antes de começar, você já deve ter notado que foram realizadas algumas reformas discretas no blog. A gadget do site www.bibliacatolica.com.br, por exemplo, já está de volta. Desta vez, consegui posicioná-la no topo da página. Notou também que pus um relógio maior no cabeçalho, não é?
Falando sério, o Evangelho da missa de ontem (Marcos 12:38-44) me chamou bastante a atenção. Ele versa sobre os doutores da lei que adoravam aparecer, usarem a religião para explorar os oprimidos e se sentiam lisonjeados quando todos lhe tiravam o chapéu nas ruas. Jesus também apresentou o exemplo de uma viúva que depositou um pouco de dinheiro no cofre das ofertas do templo. Sua doação valia mais que a dos outros porque era de coração e representava praticamente todos os seus recursos materiais. Na missa de ontem, também houve um trecho do Antigo Testamento (1 Reis 17:10-16), no qual o profeta Elias estava em fuga da ira de um rei e, ao passar por um vilarejo, vê uma viúva passando, pede a ela água e logo em seguida pede a ela pão. Ela se assusta e diz que o pouco pão que ela tem só dá para ela e para o filho. Ele garante que, se ela lhe der um pão, não lhe faltará mais comida em casa. E ela deu um voto de confiança àquele estranho. Dito e feito. Seu passo ousado foi recompensado. Não lhe faltou mais comida.
Acho que essas passagens da Bíblia devem ser analisadas com muito cuidado, para evitar equívocos e o uso indevido delas. Alguém pode sair por aí dizendo que a Bíblia diz que quem for pobre deve doar tudo o que tem para receber mais. E assim, muitos pastores evangélicos, de maneira antiética, trabalham pensando apenas em seu próprio benefício levantando riquezas para si e comprometendo a moral daqueles pastores que trabalham honestamente e com fé. Afinal, não podemos condenar todos por culpa de alguns. Mas é preciso ter cuidado para distinguir quem são os lobos em peles de cordeiro.
"Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores."
Mt 7:15
Você viu os escândalos recentes envolvendo as facções evangélicas "Igreja Universal do Reino de Deus" e "Igreja Renascer em Cristo":
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u642951.shtml.
http://noticias.uol.com.br/politica/2009/10/28/ult5773u2843.jhtm.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u646594.shtml.
Na homilia da missa na qual eu participei ontem, o padre falou muito bem. Com relação ao costume da jactância dos fariseus e dos escribas, ele disse que infelizmente até os dias atuais a sociedade vive da bajulação e "dá corda" nesses "doutores da lei" modernos. Há muita gente que vive como eles. Eu conheço um lugar onde se vê muito disso. Onde figuras públicas que nem tem tantos méritos assim são elevadas pelo povo ao status de "super-heróis" capazes de administrar tudo e de resolver todos os problemas privados de cada cidadão. São pessoas geralmente bem humoradas, porém sarcásticas e de convivência desagradável, podres de ricas em dinheiro, mas pobres de espírito. Acham que são as donas da verdade. Abrem a boca para falar o que querem, mas um dia vão ouvir o que não querem. Dizem que quem tem boca vai a Roma, mas com umas bocas grandes assim, essa gente podia dar a volta ao mundo. E as palavras deles soam como músicas aos ouvidos da burguesia local. Se pessoas daquele naipe estivessem em um jantar coletivo e arrotassem na mesa, aposto que todo mundo aplaudiria.
Da mesma forma, a cultura popular nordestina distorceu a imagem do poeta português Camões, mas não lhe deu feições caricatas, transformou-o em justiceiro, como se vê em http://www2.uol.com.br/parlapatoes/divirta/caldo%204.htm e http://www.bahai.org.br/cordel/origens.html.
Não sei se os padres daquelas terras teriam coragem de falar o que o padre da igreja que eu freqüento quando estou em Fortaleza falou na missa de ontem. A relação entre religião e política por lá ainda parece ser muito forte, como no início do século passado, ao ponto de uma tornar-se aparentemente conivente com a outra e de padres se elegerem deputados. Voltarei a falar sobre isso em outra ocasião.
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