Como na semana passada foi abordada novamente pelo Jornal da Globo aquela situação de venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos em pontos turísticos de Fortaleza (http://conscienciaacademica.blogspot.com/2009/10/postagem-de-23102009.html e http://conscienciaacademica.blogspot.com/2009/10/postagem-de-13102009.html), retomo a temática do alcoolismo.
Como eu dizia, o álcool é uma substância muito perigosa, da qual eu tenho medo, pelas conseqüências que seu consumo pode trazer. Digo isso por experiência própria. Como eu já disse antes, eu raramente bebo cerveja, mas quando bebo, tenho dificuldade de parar. Apesar de ter história familiar positiva para alcoolismo, não me considero um alcoólatra, pois não tenho um consumo etílico diário ou regular, tampouco meu organismo demonstra sinais de abstinência. Em outras palavras, não sou dependente e consigo passar muito bem sem álcool. Minha experiência com o álcool, eu a vejo como traumática porque, em alguns dos meus poucos episódios de libação etílica que tive ao longo de minha história, ou seja, durante alguns dos poucos porres que tomei, perdi meu autocontrole, falei demais, inclusive coisas que não devia ter falado, coisas que não falaria se estivesse sóbrio, às vezes falei coisas que nada têm a ver comigo, segundo testemunhas, tomei atitudes insensatas (ainda bem que dirigir não estava entre elas) e apresentei comportamento anti-social. Isso contribuiu para minha ruína moral e eu fiquei mal falado nos lugares por onde andei por um bom tempo. Aquelas atitudes insensatas poderiam comprometer minha saúde, minha segurança e meu futuro. Houve uma vez que eu passei um período de cerca de seis horas durante o qual não me lembro do que eu fiz naquele período e, ao final dele, acordei em casa, com diarréias e vômitos. Deus me livre de ficar novamente inconsciente e incapaz de controlar meus atos. Só Deus sabe o que pode acontecer a alguém fora de si dessa maneira. Poderia ter me machucado gravemente. Soube de histórias de pessoas que morreram assim. Enfim, ingerir álcool até ficar com a personalidade anestesiada na frente dos outros. Não vale a pena pagar esse mico. Até porque, segundo o adágio popular, "o que é de bêbado não tem dono". Algumas pessoas podem beber à vontade e não ficam nesse estado. Outras não. Prefiro manter-me alerta, com o meu próprio controle, o da situação e do meio em que estiver. Depois quero comentar sobre essa questão do controle.
A cerveja é uma bebida paradoxal. Ela precisa ser degustada quando estiver o mais gelada possível, mas não congelada, senão perde o gás. Se você beber depressa, pode até aproveitar o melhor da bebida, mas vai sentir muita vontade de urinar muito e vai se embriagar mais depressa. Se beber devagar, ela esquenta e perde o gás e o sabor. Há quem ponha sal na cerveja para diminuir a diurese, mas isto faz aumentar a perda de bolhas de gás e altera o sabor. Não compensa. O negócio é saber beber.
Reza a lenda que, no Antigo Egito, os padeiros começaram a provar da água estocada nos tanques onde eles preparavam e deixavam a massa para fazer os pães de molho. E principiaram a sentir os efeitos daquela água. Foi aí que começaram a descobrir como produzir uma "bebida diferente" a partir da fermentação, com os mesmos ingredientes usados para fabricar o pão. Quem me contou essa lenda foi o companheiro Fujita. Esse mesmo paradigma de síntese de uma bebida alcoólica é usado nas penitenciárias. De maneira artesanal, os presos misturam fermento, farinha e tudo mais que possa ser fermentado em recipientes com água para tentar produzir uma espécie de cachaça caseira. Ela tem que ficar bem escondida, como se fosse celular e drogas, porque é proibida a entrada de bebidas alcoólicas nas prisões. Presumo que proibiram por serem substâncias de efeito psicotrópico que comprometem o comportamento dos detentos e suas teóricas ressocializações.
Os efeitos do álcool no organismo dependem da tolerância de cada indivíduo. Como eu já tinha dito, há quem beba uma grade de cerveja e não fique embriagado, assim como há quem beba apenas um copo e não tenha condições de dirigir. Já desisti de esperar para ver um certo amigo meu cambaleando de tonto e de contar quantas garrafas de cervejas seriam necessárias para vê-lo assim. Se ele morrer antes de mim, eu abrir-lhe-ei o abdome e estudar-lhe-ei o fígado.
Como as autoridades não têm como determinar o limite de teor etílico de cada indivíduo em particular, até o qual ele é capaz de operar máquinas e de responder por seus atos, os legisladores acharam mais prudente enrijecer a lei, nivelando de uma vez todo mundo por baixo. Ou seja, para ter uma maior margem de segurança, foi melhor proibir logo que todo mundo que ingeriu qualquer quantidade de bebida alcoólica dirija. Antes, havia um limite de teor etílico permitido detectável pelo bafômetro, mas esse limite não se aplicava a todos, pois havia gente que se embriagava abaixo daquele valor. Já falei sobre isso antes em http://conscienciaacademica.blogspot.com/2008/07/notcias-de-primeiro-mundo.html, http://conscienciaacademica.blogspot.com/2008/07/causos-curiosos-das-ltimas-semanas.html e http://conscienciaacademica.blogspot.com/2008/05/cmara-aprova-lei-que-considera-crime.html.
Muitos dos evangélicos brasileiros evitam o consumo de bebidas alcoólicas, alegando que suas igrejas os proíbem. Não lhes tiro a razão, eles não estão perdendo grande coisa, pois o consumo de álcool traz mais desvantagens que vantagens. Acho curioso eles justificarem essa abstinência alcoólica pela religião. Acredito que isto seja peculiar aos evangélicos daqui. Nos Estados Unidos, onde teoricamente a maioria da população é de evangélicos, as pessoas não fazem esse tipo de restrição. Pelo contrário, a produção e o consumo de bebidas por lá são bastante difundidos. Alguns Estados daquele país proíbem o consumo por menores de 21 anos. Em caso de violação, o próprio jovem é quem recebe a punição, e não seus pais. Se as religiões evangélicas por natureza proibissem o álcool, a Alemanha e a Holanda, que são países predominantemente evangélicos, não produziriam as melhores cervejas do mundo. Se bem que acho que devemos dar um desconto, porque, nos países que exemplifiquei, não há grande influência das religiões na cultura, nas leis e na sociedade. Além disso, muitas pessoas em todo o mundo, ainda que declarem ter uma religião, não são necessariamente religiosas e vivem como se Deus não existisse. Comentarei mais sobre isso em outra ocasião. Nos países muçulmanos, que, em sua maioria são Estados religiosos onde os cidadãos seguem os preceitos islâmicos, por bem ou por mal, nota-se a forte influência da religião em tudo, ao ponto de a fabricação, o comércio e o consumo de bebidas alcoólicas serem proibidos, exceto para turistas estrangeiros. Entretanto, na Indonésia, que é considerada o país mais muçulmano do mundo e era até pouco tempo governado por uma ditadura, acredito que não haja tanta restrição às bebidas. Além de ser um badalado destino turístico recheado de influências culturais ocidentais, ganhou recentemente uma filial da revista Playboy. A versão indonésia da revista é relativamente bem comportada, mas levantou grande polêmica. Observe que as leis indonésias são relativamente mais frouxas do que em outros países muçulmanos, mas a influência da religião é grande. Saiba mais em:
http://en.wikipedia.org/wiki/Playboy_Indonesia.
http://news.bbc.co.uk/2/hi/asia-pacific/4905640.stm.
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=385MON009.
http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/celebridades/2009/03/04/105845-playboy-indonesia-gera-polemica-no-pais.
http://www.clickpb.com.br/artigo.php?id=13488.
O Brasil é considerado o país mais católico do mundo, a maioria da população teoricamente é católica, e o Estado é laico. A religião já não tem mais tanta influência como antes. Muitos de nossos costumes não têm relação alguma com religião alguma. Às vezes transgridem-nas. Muitos evangélicos brasileiros vivem como estrangeiros dentro do próprio país. Talvez eles prefiram evitar a velha política de seguir as multidões e de serem apenas mais uns peixes no cardume. Preferem ser diferentes e fazer a diferença. Não concordo com suas idéias, mas admiro isso da parte deles. Retomarei essas idéias em outra ocasião.
Falei tanto sobre a influência da religião na sociedade para dizer que a restrição ou a liberação do etilismo ou de outros costumes não dependem tanto de religião. Dependem mais é das leis e dos interesses políticos e econômicos envolvidos.
Voltando ao etilismo, existe um questionário, que foi formulado na Inglaterra, se não me engano, chamado CAGE, que funciona como uma ferramenta para rastrear a suspeita de dependência etílica. O nome vem a calhar, porque o alcoolismo é, de fato, uma jaula. Adiante, você encontrará uma explicação para a sigla. Uma resposta positiva indica suspeita. Duas respostas positivas indicam certeza de dependência química. Então, se você desconfia que alguém de seu ciclo de relações foi fisgado(a) pela rede do alcoolismo, faça-lhe as seguintes perguntas e depois ofereça-lhe apoio, se necessário e se ele(a) quiser também:
- Você já tentou diminuir ou cortar ("Cut down") a bebida?
- Você já ficou incomodado ou irritado ("Annoyed") com outros porque criticaram seu jeito de beber?
- Você já se sentiu culpado ("Guilty") por causa do seu jeito de beber?
- Você já teve que beber para aliviar os nervos ou reduzir os efeitos de uma ressaca ("Eye-opener")?
http://www.alcoolicosanonimos.org.br/.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462004000500004.
http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/etanol1.htm.
http://www.adroga.casadia.org/alcoolismo/alcool_e_adolescencia.htm.
http://www.psicosite.com.br/tra/drg/alcoolismo.htm.
http://virtualpsy.locaweb.com.br/dsm_janela.php?cod=60.
http://www.alcoolismo.com.br/depqui.htm.
http://www.orientacoesmedicas.com.br/sosalcoolismo.asp.
Veja as reportagens do Jornal da Globo às quais me referi:
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