Na última postagem sobre Sobral (http://conscienciaacademica.blogspot.com/2009/10/sobral.html), falei sobre uma reportagem antiga da revista Veja, fazendo sutil referência a Sobral de onze anos atrás. Agora vamos tratar daquela reportagem mais recente, publicada na revista Veja, há quase um mês, versando amplamente sobre a cidade de Sobral, no Ceará (http://veja.abril.com.br/300909/the-united-states-of-sobral-p-144.shtml).
De fato, ela realmente me pareceu um pouco jocosa, em alguns momentos. Não sei se a real intenção dos autores era denegrir as imagens da cidade e do ministro Ciro Gomes, para prejudicar-lhe a candidatura à presidente, no próximo ano, como dizem as más línguas, mas eu sei que, como cidadão sobralense por opção, há quase cinco anos, não me senti ofendido ao falarem dos nossos estrangeirismos. Na verdade, aqui não existem tantos estrangeirismos assim. Não sei onde fica esse "Central Park" e não sabia que nosso rio era chamado de Hudson. Falando nisso, no verdadeiro Hudson, em Nova Iorque, houve um acidente aéreo, há 3 meses, quando um avião chocou-se com a traseira de um helicóptero, e ambos caíram no leito do rio. Não houve sobreviventes. Isto me revoltou mais ainda, pelo modo absurdo como aconteceu e porque aconteceu pouco mais de dois meses após a queda de vôo da Air France no Atlântico (http://noticias.terra.com.br/brasil/vooaf447/), deixando patentes as crescentes irresponsabilidade e falta de compromisso com a vida por parte dos responsáveis pelos transportes aéreos no mundo inteiro (http://www.tudoagora.com.br/noticia/21407/Acidente-aereo-em-Nova-York---Tres-corpos-encontrados-Equipes-de-resgate-retomam-buscas.html).
Voltando a falar de Sobral, há um conjunto de prédios de apartamentos em um bairro nobre e às margens do rio Acaraú que, até o momento, são os prédios mais altos da cidade e são apelidados de "torres gêmeas". Reza a lenda que a expressão "Estados Unidos de Sobral" surgiu na década de 40, por ocasião da visita de um cônsul ianque a esta cidade, durante a Segunda Guerra Mundial. Os convites para o baile de recepção àquele cônsul teriam sido impressos em inglês e com a expressão "United States of Sobral". Naqueles tempos, reza outra lenda que havia um imigrante ianque vivendo em Sobral chamado John Sanford, que viria a se tornar nome de uma das maiores avenidas da cidade.
Arco do Triunfo, torres gêmeas, ônibus escolares amarelos, Derby Clube(nome do hipódromo que também nomeia o bairro em que moro e também nomeia um bairro de Recife) e beisebol. Acho que nossos estrangeirismos param por aqui. Nem de longe, nosso padrão de vida e nossos costumes se parecem com os dos norte-americanos e os dos franceses. É irrisório o percentual da população local que fala inglês ou francês fluentemente. Essa última língua é mais falada pelos neurocirurgiões que trabalham aqui e fizeram suas especializações na França. Há rumores de um imigrante inglês que vive na cidade e que dá aulas particulares de inglês para muitos médicos, mas ainda não tive a honra de conhecê-lo.
Pode até ser que Sobral tenha sido mais xenofílica no passado. So what? Toda cidade tem ou já teve seus elementos de influência estrangeira na sua cultura, na sua arquitetura e em outros aspectos do cotidiano. Entretanto, são esses pequenos focos de xenofilia, especialmente franco-americana, peculiares à nossa cidade. Nenhuma outra cidade tem tal marca registrada. Isso já foi abordado outras vezes pela mídia. Na verdade, na maioria das vezes em que Sobral aparece na TV em rede nacional é por causa de seu estrangeirismo sui generis. Por isso que, em princípio não vi como uma ofensa aquela matéria da Veja. Entretanto, as referências que fizeram ao Governador do Estado e ao seu irmão, que é Ministro da Integração Nacional, coincidência ou não em um momento estratégico, às vésperas de um ano eleitoral, revelam possíveis segundas intenções. Em suma, o ataque não foi necessariamente contra a cidade.
Não quero com isso defender a campanha de Ciro Gomes à Presidência da República. Pelo contrário, acho que ela deve ser questionada.
Há alguns anos, como governador, foi-lhe atribuída a seguinte fala: "Médico é como sal, branco, barato e abundante". Estou averiguando se ele disse isso mesmo e, caso tenha dito, se ele já se desculpou ou explicou o porquê daquela atitude. Até agora, achei referências a isto apenas em http://dradnet.com/section1/a-vulgarizacao-do-termo-depressao.html e em http://desciclo.pedia.ws/wiki/Medicina. Houve quem atribuísse a infeliz sentença a um governador do Amazonas, como se vê em http://www.sbd.org.br/medicos/extranet/jornal/jornal_julho-agosto2.pdf. Continuarei investigando e, sobre a questão da honra do médico, conversaremos em outra oportunidade.
Por isso eu recomendo cautela ao povo cearense, especialmente, aos sobralenses, que já teriam uma tendência natural a votar nele, que é filho da terra, e mais especificamente aos médicos desta cidade. Todos eles devem pensar bem a respeito disso, antes de votarem em um conterrâneo por entusiasmo.
Acho que foi, em parte, ato de traição da parte dele, o de transferir seu domicílio eleitoral para São Paulo. Tudo bem, eu entendo que ele praticamente mora lá, que ele nasceu no interior de lá e que ele deve achar que a política do café-com-leite ainda está em vigor, pensando que, para ser Presidente da República, precisa agradar os interesses dos Estados de São Paulo e de Minas Gerais. Por outro lado, ele foi eleito como deputado federal para representar o Ceará, unidade federativa com a qual ele tem mais identidade.
Continua...
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