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terça-feira, 4 de março de 2008

Gestus Mentis 2

    Aqui está mais um artigo que escrevi para o Expresso do Norte. Ele foi publicado praticamente da mesma forma como escrevi, sem alterações significativas. Nele você pode notar certo tom político. Escrevi assim para chocar mesmo, provocar reflexão e exigir providências. Cheguei inclusive a enviá-lo para o endereço eletrônico da Secretaria de Segurança Pública na época. Não houve resposta, como eu já esperava. Mas não desisto. Vou enviar de novo, até porque o secretário mudou. Se você também quiser encher o saco deles, como eu faço de vez em quando, basta acessar www.seguranca.ce.gov.br, e procurar o link "Fale conosco".

    De nada adianta o trabalho dos profissionais da saúde para salvar vidas de vítimas das diversas formas de violência se as autoridades policiais e judiciárias não cumprirem seus deveres devidamente. O Programa Ronda no Quarteirão, em Fortaleza, já está mostrando bons resultados, porque aumentou efetivamente a presença policial em muitas áreas da cidade antes esquecidas e incrementou também as capturas de criminosos e as apreensões de armas de fogo, mas tudo isso ainda é insuficiente. Conversaremos melhor sobre isto noutra ocasião. Por enquanto, deleite-se com meu texto e deixe seu comentário, por favor.


 

Transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) e a violência


 

Tony Harrison Oliveira Nascimento

Acadêmico de Medicina (UFC-Sobral),

membro do Gestus Mentis, projeto de extensão da UFC.

Sabe-se que a violência e o estresse, infelizmente, são situações que cada vez mais estão presentes nas nossas vidas. Porém ainda é bastante desconhecido que estas situações podem levar a uma série de doenças mentais. Doenças como o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), a quinta condição psiquiátrica mais comum, ainda são ignoradas no Brasil.

O estresse pós-traumático é uma resposta anormal a um evento traumático significativo, que faz a vítima ter pensamentos ou pesadelos persistentes relacionados ao evento, passando a evitar situações ou lugares que lembrem o trauma. Além disso, apresenta certa hiperexcitação e irritabilidade. O estresse é mais intenso em pacientes submetidos à situações com risco de morte, com destaque para as vítimas da violência urbana. Embora os homens sejam os mais afetados pela violência no Brasil, são as mulheres vítimas da violência quem mais desenvolvem o estresse pós-traumático.

O tratamento se constitui basicamente por ajustes no estilo de vida, suporte psicológico e medicação, especialmente com antidepressivos, com os objetivos de regular resposta ao estresse e controlar sintomas de ansiedade, hiperexcitação e insônia. Esses tratamentos são intrínsecos ao paciente. São necessárias também intervenções coletivas por parte da Saúde e da Segurança Públicas, em se tratando de TEPT causado pela violência.

Ajudar uma vítima da violência a superar seu trauma e sentir-se mais segura para sair de casa e retornar às suas atividades cotidianas é fundamental, mas não é suficiente, enquanto houver condições propícias para outra experiência traumática no meio em que ela vive. Deve-se cobrar das autoridades mais rigor no combate ao principal agente etiológico do TEPT no Brasil, que é a criminalidade somada à impunidade da maioria dos agressores. Neste caso, oferecer mais segurança à população é uma boa medida de promoção e prevenção da saúde mental.


 

PARA SABER MAIS:

O sofrimento em flashback. Disponível em http://www.ufrgs.br/jornal/abril2002/pag04.html


 

"A violência nunca foi tão vista e falada como hoje em dia".

Disponível em

http://www.aol.com.br/revista/materias/2006/0041.adp


 

Tratamento para estresse pós-traumático. Disponível em http://www.unisite.com.br/saude/estresse.shtml


 

Seqüelas invisíveis. Disponível em

http://www.aol.com.br/revista/materias/2006/0040.adp


 

Publicado no semanário "Expresso do Norte", edição de 26/08 à 01/09/2006.

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