Devido à importância delas na formação do povo brasileiro e a tudo que elas têm sofrido, acho justo que as pessoas negras tenham direito a um dia consagrado de verdade a elas, porque o dia 13 de maio, data da assinatura da Lei Áurea, que teoricamente as libertou da escravidão no Brasil, mas libertou da escravidão para o desamparo, como se o governo da época quisesse apenas se livrar de um fardo, e que foi feriado em 1988, tem apenas um sentido ligeiramente cívico e é mais lembrada por ser dia de Nossa Senhora de Fátima. Salvo engano, acharam melhor escolher o dia 20 de novembro por ser aniversário da morte de Zumbi, líder do quilombo dos Palmares, que existiu como principal foco de resistência à escravatura, no século XVII.
Mês passado, você deve se lembrar de quando comentei sobre a escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016 e fiz referência ao sutil protesto feito por atletas afro-americanos contra o racismo nos Estados Unidos, quando eles subiram ao pódio, nos Jogos Olímpicos de Cidade do México, em 1968 (http://conscienciaacademica.blogspot.com/2009/10/postagem-de-03102009.html).
Apesar de a maioria das pessoas de cor ainda não terem obtido a cidadania plena, eu gostaria de ter nascido negro. Acredito que eu seria mais feliz assim, por quatro motivos:
- Os negros geralmente são pessoas bem humoradas e simpáticas.
- Muitos dos melhores atletas do mundo em diversas modalidades, especialmente no futebol, são negros. Eles geralmente têm melhor condicionamento físico. Não é a toa que, até pouco tempo atrás, a Corrida de São Silvestre era sempre vencida por atletas africanos. Os caras correm muito.
- Os negros sabem fazer música de qualidade, em qualquer lugar do mundo. Dou como exemplos o samba de Martinho da Vila e o romantismo de Lionel Ritchie. Um cidadão norte-americano que é casado com uma tia minha disse que os negros brasileiros fazem um tipo de música diferente do que fazem os negros de seu país porque eles são de etnias diferentes, oriundas de países diferentes do continente africano. Logo, teriam visões de mundo distintas, até pelas distintas influências dos meios culturais em que vivem. Além disso, não sei até onde isso influi na veia artística, mas os negros brasileiros são mais mestiços que os negros ianques, pois nos Estados Unidos não há a mesma miscigenação que temos aqui. O pessoal do Casseta & Planeta até brinca com isso, quando o De La Peña se fantasia de um Barrack Obama caricato, que é primo de uma mulher negra brasileira caricata, que é esposa de um Osama Bin Laden caricato, que vive escondido no Brasil. E esse Obama caricato adquire costumes e linguajar brasileiros. Para eles, é como se todos os afrodescendentes do mundo fossem iguais. Não é bem assim. Relembre a época em que ele foi eleito em http://conscienciaacademica.blogspot.com/2008/11/postagem-especial-de-domingo-09112008.html.
- Acredito que as pessoas negras vivem mais, porque demoram mais a envelhecer. Por outro lado, estão mais propensas às doenças cardiovasculares e o Captopril, que é o anti-hipertensivo mais elementar, não teria efeito significativo para elas.
Para comemorar atrasado a data, vou encerrar a postagem com o clipe de "We are the world", do álbum "USA & Africa", resultante de um consórcio que reuniu, há quase 25 anos, 45 artistas americanos brancos e negros, entre eles Michael Jackson, que nos deixou este ano. O álbum não foi necessariamente produzido com o intuito de fazer uma manifestação de cunho racial, mas sim humanitária, visando arrecadar fundos para socorrer vítimas da fome na Etiópia. Essa palavra "fome" é muito pesada. Me lembre de comentar sobre isto depois, por favor. Entre os músicos que participaram das gravações, havia um brasileiro, que já trabalhava na produção de trilhas sonoras para o cinema, em Hollywood (http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulinho_da_Costa).
Certa prima minha que morava conosco na década de 80 tinha o LP, ao som de cujas canções muitos de meus companheiros de faculdade nasceram e foram embalados. Saiba mais sobre aquela obra em http://pt.wikipedia.org/wiki/USA_for_Africa.
À propósito, como eu mencionei Michael Jackson, acho que ele merece que você reveja as postagens publicadas sobre ele:
http://conscienciaacademica.blogspot.com/2009/07/63-edicao-de-2009.html.
http://conscienciaacademica.blogspot.com/2009/07/57-edicao-de-2009.html.
Um comentário:
Ynot
Infelizmente no Brasil, que muitos afirma ser um País onde onde não existe discriminação racial. Ela está presente no dia-a-dia. Quando nos posicionamos contra políticas afirmativas para os negros.
Sabemos que muitos são contra a criação do sistema de cotas nas universidades públicas para os negros.
Nos EUA de hoje há uma classe média negra, após anos de políticas de cotas.
Enquanto isto no Brasil setores se posicionam contra à medida.
A discriminação velada e muitas vezes explicita jogou o país na violência urbana, onde negros foram jogados após a "A abolição" nos morros e obrigados a morar em favelas sem as mínimas condições de moradias. Rui Barbosa mandou queimar todos os arquivos referentes a escravidão, para que não restasse nem a memoria escrita deste período.
Abraço,
Francisco Firmino
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