Declaro que sou católico e que sou contra o aborto. Eu, como médico e como ser humano, jamais faria um aborto. Entretanto, não posso ficar calado diante de uma injustiça. Sobre a polêmica envolvendo uma moça de 9 anos que engravidou após ser molestada pelo padrasto, de seus filhos gêmeos terem sido abortados e de o arcebispo de Recife ter tomado a atitude precipitada de excomungar os pais e os médicos que provocaram o aborto, tenho algo a dizer: precipitada, inconseqüente, irresponsável, prepotente e covarde. Tudo bem que o arcebispo agiu dentro do que as leis da Igreja permitem, mas faltou bom senso. Ele tem noção do que significa uma excomunhão? Ele faz idéia das repercussões disso na vida das pessoas prejudicadas?
No século XXI, a Igreja Católica é mais humana, mais tolerante, mais aberta, mais generosa e mais prudente, perdeu aquele costume de excomungar pessoas, de uma hora prá outra, como fazia no século XVI. O último caso de excomunhão que tinha ouvido falar foi o da Madonna. A atitude de Dom Cardoso foi isolada. Nem o Vaticano aprovou. Quando Jesus Cristo criou a Igreja, praticamente delegou a Pedro, que era seu braço direito, e por tabela aos sucessores dele (cardeais, arcebispos e bispos) autoridade para praticamente decidir quem entra no Céu e expressar as opiniões de Deus nas questões terrenas. Será que esses poderes estão sendo bem empregados???
“E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.”
Mateus 16, 18-19
Esse arcebispo me deixou com um pouco de vergonha de ser católico. Mesmo assim, não pretendo abandonar minha fé. Não gosto de generalizações, como aqueles que acham que todos os padres são hipócritas e pedófilos, por causa das atitudes isoladas de alguns.
Por outro lado, os médicos que fazem abortos não estão certos. Historicamente, a medicina é uma profissão antagônica ao aborto. Se ele tem de ser feito, que seja por outro profissional de saúde. Segundo o famoso Juramento de Hipócrates, no seu texto integral original, traduzido do grego, a medicina deve defender a vida, portanto nenhum médico deve induzir aborto:
“JURO, por Apolo, médico, por Esculápio, Higeia e Panaceia, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo, a nenhuma mulher darei substância abortiva.
Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.
Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados.
Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.”
Na versão tradicional usada no Brasil, a parte referente ao aborto foi suprimida. Parece que os médicos viraram agentes 007, com licença para matar:
“Prometo que, ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência.
Penetrando no interior dos lares, meus olhos serão cegos, minha língua calará os segredos que me forem revelados, o que terei como preceito de honra.
Nunca me servirei da profissão para corromper os costumes ou favorecer o crime.
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, goze eu, para sempre, a minha vida e a minha arte, com boa reputação entre os homens.
Se o infringir ou dele afastar-me, suceda-me o contrário.”
Veja mais sobre o Juramento de Hipócrates em:
http://www.pbs.org/wgbh/nova/doctors/oath_classical.html (versão completa do juramento em inglês).
http://usuarios.cultura.com.br/jmrezende/juramento.htm.
http://sardinhainnaldo.spaceblog.com.br/219617/JURAMENTO-DE-HIPOCRATES/.
http://medicinadoestilodevida.com.br/?p=1.
Achei um texto interessante, escrito pela Comunidade Católica Shalom, que também exemplifica com um trecho do texto original do Juramento de Hipócrates o valor da vida humana e ressalta que esse valor está perdido, nos dias atuais:
Nesses nossos dias em que o valor da vida humana está tão baixo, vale a pena relembrar o juramento daquele filósofo grego, que viveu 400 anos antes de Cristo, o "pai da medicina".
Já naquele tempo, muito antes de Jesus descer do céu para nos falar da transcendência e do valor enorme de cada vida humana " pela qual derramou o seu Sangue (Gal 2,20) " o filósofo já tinha o sentimento natural da grandeza da vida, que deve ser mantida intocável desde a concepção no ventre da mãe até o último suspiro. Eis seu célebre juramento, repetido pelos médicos:
"Eu juro ... que não darei a nenhuma pessoa remédio mortal, ainda que seja por ela pedido, nem darei conselhos que induzam à destruição: também não darei, a mulher alguma, substância ou objeto destinado a provocar abortamento.
Manterei a minha vida com pureza e santidade.(...)”
Leia mais em http://www.comshalom.org/formacao/exibir.php?form_id=3448.
A seguir, trechos de textos relacionados ao caso de Recife.
MÉDICO DRAUZIO VARELLA E A INCOERÊNCIA CATÓLICA
Eis artigo intitulado "Incoerência Católica" assinado pelo médico Drauzio Varella, nome dos mais conhecidos no País por suas participações no Programa Fantástico, da Rede Globo. Ele lamenta o episódio do arcebispo de Olinda e Recife e a excomunhão de médicos que fizeram aborto em criança de 9 anos. Confira:
AOS COLEGAS de Pernambuco responsáveis pelo abortamento na menina de nove anos, quero dar os parabéns. Nossa profissão foi criada para aliviar o sofrimento humano; exatamente o que vocês fizeram dentro da lei ao interromper a prenhez gemelar numa criança franzina.
Apesar da ausência de qualquer gesto de solidariedade por parte de nossas associações, conselhos regionais ou federais, estou certo de que lhes presto esta homenagem em nome de milhares de colegas nossos. Não se deixem abater, é preciso entender as normas da Igreja Católica. Seu compromisso é com a vida depois da morte. Para ela, o sofrimento é purificador: "Chorai e gemei neste vale de lágrimas, porque vosso será o reino dos céus", não é o que pregam?
É uma cosmovisão antagônica à da medicina. Nenhum de nós daria tal conselho em lugar de analgésicos para alguém com cólica renal. Nosso compromisso profissional é com a vida terrena, o deles, com a eterna. Enquanto nossos pacientes cobram resultados concretos, os fiéis que os seguem precisam antes morrer para ter o direito de fazê-lo. Podemos acusar a Igreja Católica de inúmeros equívocos e de crimes contra a humanidade, jamais de incoerência. Incoerentes são os católicos que esperam dela atitudes incompatíveis com os princípios que a regem desde os tempos da Inquisição.
Se os católicos consideram o embrião sagrado, já que a alma se instalaria no instante em que o espermatozoide se esgueira entre os poros da membrana que reveste o óvulo, como podem estranhar que um prelado reaja com agressividade contra a interrupção de uma gravidez, ainda que a vida da mãe estuprada corra perigo extremo?
Continue lendo a declaração em http://eliomardelima.blogspot.com/2009/03/medico-drauzio-varella-e-incoerencia.html.
Falando em Dráuzio Varella, apresento-lhe um trecho de um texto em que ele critica o Juramento de Hipócrates, por julgá-lo antiquado e incompatível com nossa realidade:
“O exercício da medicina por mais de 30 anos me concede a liberdade de aconselhar os médicos mais jovens, mesmo consciente da péssima reputação de que os conselhos gratuitos gozam. É que o passar dos anos desperta nos mais velhos o desejo compulsivo de recomendar aos que ensaiam os primeiros passos que sejam mais espertos e evitem os erros que a ingenuidade nos fez cometer.
Está na hora de acabar com o ritual do juramento de Hipócrates nas cerimônias de formatura. Para que manter essa tradição? Os advogados, por acaso, juram que defenderão a justiça? Engenheiros e arquitetos precisam jurar construir casas que não caiam?
O juramento de Hipócrates está tão antiquado que soa ridículo ouvir jovens recém-formados repetirem-no feito papagaios.”
Continue lendo em http://drauziovarella.ig.com.br/artigos/jhipocrates.asp.
Em artigo, Vaticano critica excomunhão de envolvidos em aborto em menina brasileira
CIDADE DO VATICANO, 14 MAR (ANSA) - O Vaticano afirmou que antes de pensar na excomunhão dos envolvidos no aborto feito na garota brasileira de 9 anos que ficou grávida de gêmeos após ser violentada pelo padrasto, "seria necessário e urgente salvaguardar sua vida inocente".
Leia mais em http://otortoeadireita.blogspot.com/2009/03/aborto-em-recife-o-vaticano-condena.html.
Veja também em http://verdesmares.globo.com/v3/canais/noticias.asp?codigo=251896&modulo=964.
DOM JOSÉ CARDOSO E UMA ENTREVISTA NA VEJA PARA ENCERRAR A POLÊMICA
E a entrevista de "Páginas Amarelas" da Veja desta semana é o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso. Confira:
Ao longo de 2 000 anos de história, duas forças, ora conflitantes, ora complementares, moldaram a Igreja Católica: a doutrina do amor e o amor pela doutrina. Dom José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Olinda e Recife, é sem dúvida um homem da segunda força. Aos 75 anos, pequenino e orgulhosamente teimoso, ele reitera ponto por ponto as declarações que o transformaram na figura mais criticada no caso da menina de 9 anos estuprada pelo padrasto que engravidou de gêmeos e fez um aborto legal. A excomunhão dos adultos envolvidos é exigida pelas leis da Igreja, diz dom José, que considera ter cumprido o seu dever. "Estou tranquilíssimo", repete nesta entrevista, concedida na casa da arquidiocese na presença de outras cinco pessoas – um advogado, uma psicóloga, um médico e sua mulher, e um vigário. "Eles estão me dando apoio", explicou.
Leia mais em http://eliomardelima.blogspot.com/2009/03/dom-jose-cardoso-e-uma-entrevista-na.html.
EXCOMUNHÃO - REPRESENTANTE DO VATICANO CRITICA ATO DE DOM JOSÉ CARDOSO
"Antes de pensar em excomunhões seria necessário e urgente salvaguardar sua vida inocente, devolvendo a ela um nível de humanidade", disse o presidente da Pontifícia Academia para a Vida, monsenhor Salvatore Rino Fisichella, em artigo publicado pelo jornal vaticano L'Osservatore Romano com data de domingo, 15/3. As declarações de Fisichella contrastam com a decisão do arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, que dias após o aborto da menina anunciou a excomunhão de sua mãe, dos médicos e dos integrantes de ONG's envolvidos no caso. "A terrível historia da violência cotidiana" da qual a menina foi vitima, sofrendo abusos frequentes por parte de seu padrasto, "teria passado despercebida com a intervenção do bispo", observa o presidente da Pontifícia Academia para a Vida. Para o representante do Vaticano, a menina brasileira "deveria ter sido defendida antes de tudo", mas "não foi feito isto, lamentavelmente, prejudicando a credibilidade de nossas instruções que, para muitos, parecem marcadas por insensibilidade, incompreensão e falta de misericórdia".
Leia mais em http://eliomardelima.blogspot.com/2009/03/excomunhao-representante-do-vaticano.html.
A Arquidiocese de Olinda e Recife preparou uma nota oficial para tratar da polêmica do aborto da menina de Alagoinha. A carta está sendo enviada aos padres pelos Correios, devendo também ser publicada em jornais locais nesta sexta-feira.
Veja em primeira mão o conteúdo:
Declaração da Cúria Metropolitana do Recife
Considerando a ampla divulgação do caso recente, ocorrido na cidade do Recife, de uma menina de apenas nove anos que foi submetida a um aborto, a Cúria Metropolitana declara:
1- Todos os esforços desta Arquidiocese foram no sentido de salvar a vida das TRÊS crianças.
2- Nossa Santa Igreja sempre condenou todas as violações graves da Lei de Deus (por exemplo, injustiças, homicídios, pedofilia, estupro, etc) mas colocou em evidência quais são as violações mais graves, sobretudo o aborto que é a supressão de uma vida de um ser humano inocente e indefeso. Para cumprir mais eficazmente a sua missão de convencer os fiéis a observarem esta lei de Deus, a Igreja estabeleceu a penalidade medicinal da excomunhão Latae setentiae, isto é, que se incorre automaticamente pelo simples fato de cometer o delito.
3- Não foi, portanto, o Arcebispo Dom José Cardoso que excomungou alguém. Depois do fato consumado, o Arcebispo simplesmente mencionou a lei vigente que se encontra no cânone 1398 do Código do Direito Canônico: Quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão Latae setentiae.
4- Esta excomunhão, aplicada, automaticamente aoa adultos, portanto não à menina de 9 anos, tem como finalidade a conversão de quem praticou o aborto, pois é missão da Igreja levar todos à salvação, já realizada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, não é uma exclusão defintiva da Nossa Santa igreja Católica, desde que os envolvidos se arrependam de seus atos.
5- Esta disciplina foi estabelecida pela Nossa Santa Igreja em todos os tempos. Recordamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica no número 2271 (promulgado oficialmente pelo Papa João Paulo II: “Desde o século 1, a Igreja afirmou a maldade moral de todo aborto provocado. Este ensinamento não mudou. Continua invariável. O aborto direto, quer dizer querido como um fim ou como um meio, é gravemente contrário à lei moral”.
O Papa cita em seguida as palavras do documento Didaché do I século: Não matarás o embrião por aborto e não farás perecer o recém-nascido.
Em seguida, o catecismo da Igreja Católica cita as seguintes palavras do Concílio Vaticano II: “Deus, senhor da vida, confiou aos homens o nobre encargo de preservar a vida, para ser exercido de maneira condigna ao homem. Por isto, a vida deve ser protegida com o máximo cuidado desde a concepção. O aborto e o infanticídio são crimes nefandos”. E acrescenta: “O inalienável direito à vida de todo o indivíduo humano inocente é um elemento constituitivo da sociedade civil e de sua legislação”. Recordemos emfim as palavras dirigidas pelo Papa Bento XVI no passado dia 9 de fevereiro ao novo embaixador do Brasil junto à Santa Sé. “desejo reiterar aqui o desejo de que, em conformidade com os princípios que zelam pela dignidade humana, dos quais o Brasil sempre se fez paladino, se continue a fomentar e divulgar os valores humanos fundamentais, sobretudo quando se trata de reconhecer de maneira explícita a santidade da vida familiar e a salvaguarda do nascituro, desde o momento de sua concepção até o seu termo natural. Pari passu, no que diz respeito às experiências biológicas, a Santa Sé vem promovendo a defesa de uma ética que não deturpe e proteja a existência do embrião e o seu direito de nascer”
Recife, 10 de março de 2009.
Padre Cícero Ferreira de Paula
Chanceler e professor de Direto Canônico.
(Este Blog com Blog de Jamildo - JC)
Veja em http://eliomardelima.blogspot.com/2009/03/arquidiocese-de-olinda-e-recife-divulga.html.
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Evangelho de 16-03-2009
Lucas 4, 24-30
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 24Jesus acrescentou: Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria. 25Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias, quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a terra; 26mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. 27Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu; mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã. 28A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga. 29Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali abaixo. 30Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se. - Palavra da salvação.
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3 comentários:
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