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sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Depoimento de uma missionária católica africana sobre sua liberdade

Testemunho de Vicky ao Meeting de Rimini

26 de agosto de 2008


 

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"Você tem um valor e este valor é grande". Fiquei em silencio, ela pronunciou só essas palavras, mas com os olhos, os olhos falavam muito mais que a sua boca. Olhou-me com os olhos que me convidavam a crer nela como dizendo "tem alguma coisa acima de você na qual você tem que colocar a sua esperança". Aqueles olhos foram raios de esperança para mim, olhos de amor, aqueles olhos falavam enquanto a boca repetia só aquelas poucas palavras "vai ver que a terapia permitirá a seu filho de sobreviver, Vicky você tem que reencontrar a esperança, você tem que viver per ver os seus filhos crescer". Mas eu pensava "como posso sobreviver? Que milagre precisa acontecer?". Foi só depois, quando voltei para casa, que alguma coisa continuava a se mover nos meus olhos, como um filme. Desde o momento em que começou a minha doença me fechei totalmente e todos me rejeitaram, aquelas foram as primeiras palavras de esperança. Eu sentia alguma coisa dentro de mim, alguma coisa que não posso exprimir, e não tinha experimentado quando estava com Rose, mas ai na minha cama eu continuava a ouvir aquelas palavras e comecei ai então a olhar aqueles olhos, para aqueles olhos que me falavam. Foi esse o dia em que eu tive o encontro com Rose, eu já tinha encontrado com ela muitas outras vezes mas não tinha feito um encontro com ela. Aquele dia foi um encontro profundo e também agora que estou contando desse dia eu o revejo com um filme. Eu comecei a readquirir uma esperança e comecei a freqüentar o meeting point. Rose nunca mais repetiu aquelas palavras mas os seus olhos me falavam cada vez que ela me olhava e que me encontrava. E assim comecei a terapia para o meu filho e vi que nele voltava a vida e na minha também.

Cada vez que me deparava com o rosto de Rose começava a imaginar e dizia: "Se Rose pode me olhar desse jeito como então será o olhar de Deus? Deus de alguma forma me olha com os olhos de Rose" e me dei conta que o olhar de Deus estava presente no olhar de Rose. Rose me deu um ombro no qual me apoiar e Cristo me deu um ombro no qual me apoiar. Cristo sob a forma de Rose veio até mim e me deu a esperança, aquela verdadeira. Tudo começou com um encontro, quando encontrei Rose encontrei Cristo e este encontro fez ressurgir a minha vida. E essa ressurreição deu vida a uma restauração, eu era restaurada. Hoje eu sou prova dessa realidade, e certo, os sofrimentos e a tristeza continuam, são reais. Como tudo isso aconteceu eu não sei explicar mas tenho um companheiro, tenho um amigo, Rose sempre esteve ai para mim e me fez entender que Cristo está sempre comigo, ao meu lado, também quando estou deitada na minha cama Cristo está ai comigo através desse processo de sofrimento que não sei descrever de outra forma.

Tudo isso aconteceu em 2002, em 2003 eu também comecei a terapia, eu e meu filho estamos em terapia desde então. Os outros meus dois filhos voltaram a escola.

Antes cada vez que morria alguém na cidade vinham na minha casa porque pensavam que tivesse morrido alguém de nos. Mas nos fizemos um encontro, um encontro no qual nos apoiamos também hoje, com o autor e criador da nossa vida. O meu valor foi restaurado, a minha dignidade foi restaurada. Mas tudo começou com Rose que respondia sim a um chamado, quando Rose foi chamada disse sim. Resumo essa sua opera com a história dos 10 leprosos: eu sou um desses 10 que voltou para Rose, onde estão os outros nove? Não conseguia entender porque Rose se comportasse assim, e é só por isso que eu entrei no movimento. Eu vi que o movimento é vivo, não é uma simples associação. O movimento é uma pessoa, o movimento tem uma vida e produz, gera a vida.

Vamos esquecer por um momento Lazaro, que ressuscitou muito tempo atrás, se nunca assistiram a um milagre eis me aqui! Sou eu! Porque estava morta. Por isso agora sou escrava desse movimento, porque me ajudou a entender o que era o meu destino e me acompanha ao meu destino, me ajudou a reconquistar a esperança, e acima de tudo agora sei de ter uma família, a família do movimento. Não tenho mãe, não tenho pai, não tenho marido, mas tenho um ombro no qual me apoiar.

Encontrei o movimento através de Rose, hoje quase me encontrei com o pai atual do movimento Padre Carron que conheceu a historia da minha vida, que é pai da minha esperança, cuja humildade me torna humilde, que fragmenta a minha humanidade e exalta a minha divindade e é por essa razão, repito, que eu agora sou escrava do movimento pela humildade que encontrei no movimento. Visitei hoje a exposição sobre os presos, me encontrei com eles e conversamos sobre a liberdade. Quando fiquei sabendo que eles estavam ai eu fui lá logo e falei "eu também sou prisioneira, eu também foi condenada, porque o vírus é uma condenação, mata, não tem cura, mas eu tenho a minha liberdade, todos podem ter a liberdade precisa só de uma coisa: dizer sim quando chega o chamado, rejeitar o chamado significa manter o estado de escravidão.

Quando recebi o resultado do teste do HIV eu fiz um voto. Odiava meu marido, tinha muito rancor. Essa coisa terrível que este homem fez comigo eu não teria feito para ninguém, eu consegui manter esse voto até hoje e não faltarei de respeitá-lo. Aprendi que Deus é meu marido e pai dos meus filhos, eu vi isso através de Rose, de Carron, através do movimento. Eu vi Deus operar em minha casa. O rancor é uma arma que mata, mas eu perdoei meu marido Eu não sou juiz da vida dele e desde o momento que consegui perdoá-lo a minha liberdade foi total. E ao momento certo quando morreremos, não morreremos escravos do vírus. Aprendemos a dizer sim ao chamado, aprendemos a dizer sim ao cálice amargo e que precisamos beber. Aprendemos a dizer sim a cruz que precisamos carregar e Rose aceitou de carregá-la conosco, e o movimento está conosco e nos não faltaremos na nossa tarefa.

Obrigada

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