Evangelho do dia, seguido por um comentário sobre a velhice. Vale a pena conferir.

Jo:21,15-19

15. Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: "Simão, filho de João, você me ama mais do que estes outros?" Pedro respondeu: "Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo." Jesus disse: "Cuide dos meus cordeiros."
16. Jesus perguntou de novo a Pedro: "Simão, filho de João, você me ama?" Pedro respondeu: "Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo." Jesus disse: "Tome conta das minhas ovelhas."
17. Pela terceira vez Jesus perguntou a Pedro: "Simão, filho de João, você me ama?" Então Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Disse a Jesus: "Senhor, tu conheces tudo, e sabes que eu te amo." Jesus disse: "Cuide das minhas ovelhas.
18. Eu garanto a você: quando você era mais moço, você colocava o cinto e ia para onde queria. Quando você ficar mais velho, estenderá as suas mãos, e outro colocará o cinto em você e o levará para onde você não quer ir."
19. Jesus falou isso aludindo ao tipo de morte com que Pedro iria glorificar a Deus. E Jesus acrescentou: "Siga-me."

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Estou cursando o módulo de geriatria na faculdade. Por isso, a parte do texto que está destacada em negrito me chamou a atenção. Reflete a situação atual do idoso, que muitas vezes fica sentado passivamente em um canto da casa, vendo a vida passar e vivendo à deriva, navegando de acordo com as vidas de seus familiares. É difícil para muitos deles conseguirem viver independentemente, como faziam na juventude, quando saíam de casa sozinhos e sabiam se cuidar. Quando perdem a lucidez, às vezes são conduzidos quando não querem sair de casa, para onde não querem ir, como um asilo, por exemplo, muitas vezes sem saber que estão indo para lá.
Um dia desses, uma amiga minha disse para a avó dela: "Vozinha, toda vez que tenho aula prática de geriatria, eu me lembro da senhora." E a avó respondeu: "Por quê? Por acaso eu sou a única pessoa idosa deste mundo?". Essa senhora possui pouco mais de 80 anos, está com Doença de Alzheimer, o que lhe causa alguns lapsos de memória, mas não tão significativos. Ela está com a lucidez preservada e está sendo bem cuidada, até porque possui bom padrão de vida. Revela ter um bom grau de instrução, até porque já foi professora.
Minha avó materna está bem, embora não tenha o mesmo padrão de vida, tem pouco mais de 80 anos também, mas nem parece. Nem cabelos brancos tem. Ainda está com a lucidez mantida, sai de casa para fazer caminhadas e faz algumas compras sozinha. Ela não tem nível de instrução tão elevado, veio do Sertão e, enquanto vivia lá, sempre trabalhou na roça. Ela não gosta de ser chamada de vovó, porque se sente velha. Todos a chamam de "Mãezinha". A mãe dela parece que também era chamada assim pelos seus netos.
Meu avô materno não mora com ela. Mora na oficina de um tio meu. Geralmente está sozinho, mas sempre recebe visitas e está sendo bem cuidado. Alguns anos mais novo que minha avó, embora pareça mais velho, torcedor fanático do Ceará, sempre visita meus pais, principalmente nos dias em que o "Alvinegro", que é vovozão que nem ele, joga. Os filhos costumam aconselhar que ele evite ir ao estádio, por causa da insegurança e porque, em uma das últimas vezes que ele foi, ingenuamente se meteu no meio da torcida rival. Um policial o salvou. Ele ainda está um pouco lúcido, mas é meio preocupante deixá-lo andar sozinho. Mesmo assim, viaja periodicamente à sua terra natal. Não gosta de ser chamado de vovô. Todos o chamam de "Pai Vô".
Meu avô paterno faleceu há quase 20 anos. Não tive muito contato com ele. Eu quase não o vi, mas parece que ele falava muito pouco.
Minha avô materna me preocupa. Está com mais de 90 anos, já fez implante de pontes de safena, há 10 anos, e, na última vez que a vi, ela já não enxergava nem escutava tão bem como antes. Ela vive em sua cidade natal. Não sei se está sendo bem tratada lá. Como a cidade é muito carente em serviços de saúde, de vez em quando ela é levada de ambulância para Fortaleza. O consolo é que ela vai para um hospital particular. Não tive mais notícias dela, mas isso não quer dizer que ela esteja completamente bem. Como eu disse, de vez em quando, ela precisa de atendimento de urgência na Capital. Pelo menos está melhor do que podia estar, ainda mais na idade em que se encontra. Nos últimos dez anos, houve momentos em que pensávamos que ela não sobreviveria. Há quase três anos, precisou ser submetida a uma angioplastia, que é uma espécie de pequena cirurgia cardíaca, sem abertura de tórax e sem anestesia geral. Consiste na introdução de um catéter, ou seja, de uma agulha em um dos grandes vasos, geralmente a veia femural, e o catéter é introduzido até chegar às artérias coronárias, mais precisamente onde houver uma obstrução, e uma peça chamada "stent", um tipo de mola, é aplicada no local para desobstruir e evitar novas obstruções. Eu me preocupo com minha vozinha. Não sei o que mais a medicina pode fazer para mantê-la viva por mais algum tempo, nem o que podemos fazer. Pessoas de idade avançada costumam nos deixar quando menos esperamos. Às vezes "partem" dormindo. Modéstia à parte, se ela morasse em Sobral, ela estaria melhor, pelo menos em termos de assistência médica.
Acabei fazendo toda esta explanação sobre idosos porque me preocupo com meu futuro. Estudo longe de casa, estou longe dos meus pais, portanto não posso cuidar deles agora. Eles ainda não são idosos, em breve serão, mas já vivem doentes. Não sei se eles ainda conseguem se cuidar sozinhos. Minhas irmãs também não têm muito tempo para estar com eles.
Olha, por isso que eu faço questão de encontrar a pessoa certa. Vai já entender o porquê. Claro que é importante que seja uma bela mulher, mas só isso não basta. A mulher tem que ser bonita, pelo menos para mim. Não faço questão que os outros concordem, o importante é o que eu acho. Afinal, não quero estar ao lado de uma mulher só para exibí-la como troféu. Por isso, eu fujo das mais concorridas. Quem sou eu para exigir uma dessas mulheres que são atraentes para os olhares de todos? Eu também não sou atraente, pelo menos não tanto quanto Edson Cellullari, por exemplo. É até melhor assim, não faço questão de top models e patricinhas, porque muita gente olharia para elas e aumentariam minhas chances de ganhar um "chapéu de touro", mas isso dependeria também do caráter dela, é claro. Gracejos à parte, além de beleza, ela precisa mostrar que precisa de mim realmente e que merece me ter por perto. Preciso que ela faça eu me sentir bem, e vice-versa. Preciso encontrar nela algo diferente, que eu não consiga explicar com palavras, que me faça sentir vontade de estar perto dela sempre, que eu acrescente algo novo à vida dela e vice-versa. Quero sentir-me capaz de amá-la, para o resto da vida, haja o que houver. A beleza exterior também é fascinante, mas, às vezes, precisamos fechar os olhos para enxergar-mos as mulheres por dentro.
O que tudo isso tem a ver com a velhice??? Infelizmente, a beleza exterior é efêmera. Aquela linda garota que nós conhecemos não será a mesma, daqui a trinta ou quarenta anos, por mais que se submeta a cirurgias plásticas. O cara que se casar com ela também não será o mesmo, e ele deve estar preparado para tudo isso, preparado para não deixar de amá-la. Devemos continuar amando nossas esposas na terceira idade, mesmo que elas não se pareçam em nada com a Suzana Vieira, por exemplo, e esperar que elas ainda nos amem, mesmo que não sejamos parecidos com o Tarcísio Meira, por exemplo.