Divulgado durante a última Assembléia Mundial de Saúde, em maio deste ano, o relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Fórum Mundial de Economia (FME) revelou que a perda de renda acumulada com a queda de produtividade e os custos com tratamentos de doenças entre os empregados no Brasil pode chegar a US$ 49,2 bilhões entre 2005 e 2015.
Os novos dados mostram uma sensível piora nas projeções dos custos com doenças crônicas no local de trabalho.
Problemas cardíacos, câncer, diabetes e doenças respiratórias poderão gerar prejuízos da ordem de US$ 9 bilhões por ano em 2015, de acordo com o estudo. O número é mais de três vezes maior que o estimado no relatório anterior, datado de 2005, que era de US$ 2,7 bilhões.
O impacto humano das doenças crônicas também é desastroso e, segundo o relatório, os países em desenvolvimento serão os mais afetados. Brasil, Rússia, Índia e China irão perder mais de 20 milhões de vidas produtivas anualmente por causa de doenças do coração e câncer. No mundo todo, essas doenças são responsáveis por mais de 60% de todas as mortes, e a projeção divulgada é de que chegará a 47 milhões o número de mortes anualmente nos próximos 25 anos.
Para evitar tanto prejuízo econômico e humano, felizmente, não é preciso esperar por nenhuma grande descoberta científica. A ameaça das doenças crônicas pode ser superada usando um caminho que já existe e todo mundo conhece: prevenção. Adotar estilos de vida mais saudáveis, sem tabaco, com prática de atividades físicas e alimentação balanceada. Além de efetivas, essas soluções apresentam uma ótima relação custo-benefício.
Felizmente, multinacionais como ArcelorMittal, Pepsi Cola, Nestlé, Unilever e Pfizer lançaram, durante a última assembléia, um apelo para que governos e empresas promovam programas de saúde em seus locais de trabalho.
Ao mesmo tempo, o Instituto Nacional de Saúde e Excelência Clínica britânico (Nice, na sigla em inglês) fez o mesmo apelo na Inglaterra.
No Brasil, o número de mortes ocasionadas por doenças crônicas é assustador, principalmente se considerarmos que a maioria dos casos é possivelmente evitável. Por ano, são 400 mil mortes e os custos com tratamento chegam a R$ 11 bilhões, segundo o Ministério da Saúde. Precisamos chamar a atenção para a necessidade de uma ação abrangente e integrada como meio de se alcançar sucesso na luta contra essas perdas. Economizar com prevenção em saúde é o barato que sai caro.
Dr. Gilberto Ururahy - médico.
Fonte: O Globo (RJ) - 27/06/2008 - Editoria de Opinião
http://www.sbmfc.org.br/comunicacao/noticias/567163c6-641e-465c-82e1-868e4f2ad160.aspx.
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