Ainda dizem que há mais médicos que sal na água do mar.
Faltam 4,3 milhões de médicos no mundo
Estudo da OMS aponta Brasil como exemplo, mas há mil municípios sem assistência no País
Estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado ontem alerta que há no mundo uma falta de 4,3 milhões de médicos. Embora o Brasil tenha sido apontado como um bom exemplo nesse campo pela organização, o Ministério da Saúde admitiu que o País tem mil municípios sem assistência médica, o que representa quase um quinto das cidades brasileiras.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse que pretende pedir a ajuda do Exército e da Marinha para atender as localidades que não contam com sequer um médico. A proposta já começa a ser discutida e será finalizada em junho. "Estamos negociando com o Ministério da Defesa para que eles fiquem encarregados de dar assistência médica a 20% dessas cidades, principalmente as que ficam nas fronteiras, mediante um repasse de recursos", disse.
O ministro estuda também a criação de uma nova carreira no sistema público para atrair médicos para regiões remotas.
De acordo com o relatório da OMS, a falta de investimentos dos países em desenvolvimento é uma das principais causas da falta de médicos no mundo. Segundo a agência, apenas 200 profissionais são treinados por ano para uma população de 75 milhões de pessoas. Na Inglaterra, são 6 mil novos médicos por ano para 60 milhões de pessoas.
Curiosamente, a OMS aponta o Brasil como exemplo e estimou que serão necessários US$ 2,6 bilhões para treinar 1,5 milhão de médicos extra no mundo nos próximos dez anos.
Para Gerson Martins, presidente em exercício do Conselho Federal de Medicina, não merecemos o elogio OMS. "De fato, há cerca de 330 mil médicos no País. Um bom número, se ignorarmos que quase 100 mil estão concentrados em São Paulo", afirma Martins. "Além do mais, essa história de um médico para cada número de habitantes distorce o problema. Para oferecer um bom atendimento, não basta um médico. É necessário uma equipe que atue em conjunto em cada cidade."
Incentivo
O governo brasileiro anunciou a criação de uma linha de créditos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para incentivar a produção local de tecnologia de saúde e medicamentos. "Temo um déficit de tecnologia e conhecimento e uma fragilização do setor nacional. No Brasil, o setor da saúde emprega 9,5 milhões de pessoas e representa 8% do PIB. Portanto, precisávamos de uma política para o setor", disse Temporão. Para ele, não se trata de uma política de substituição de importação. "Queremos atrair investimentos estrangeiros para o setor de saúde na produção de novas tecnologias."
O governo enviou ao BNDES uma lista de produtos prioritários para investimento. Em julho, o ministro viajará à Índia para negociar com empresas locais para que não apenas exportem matérias-primas, mas também produzam no Brasil.
Da Assessoria de Comunicação do Cremepe.
Fonte: O Estado de São Paulo.
Reportagem: Jamil Chade (Genebra) e Alexandre Gonçalves.
http://portal.cremepe.org.br/publicacoes_noticias_ler.php?cd_noticia=2190.
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