Bacharéis, alegrem-se. As portas do mundo parecem estar se abrindo. Seus talentos poderão ser valorizados lá fora.
Com escassez de mão-de-obra qualificada, países ricos
tentam atrair imigrantes com diploma universitário
O físico carioca Mauro Ferreira está pensando em pedir a cidadania irlandesa. Professor e pesquisador na universidade de Dublin há nove anos, o brasileiro de 39 anos destaca-se por seus estudos na área de nanotecnologia. A carreira de Ferreira poderia ser classificada, por aqueles que se preocupam com a saída de talentos para o exterior, como um caso exemplar de "fuga de cérebro". A expressão carrega a idéia, obviamente negativa, de que cada especialista que se muda para outro país, em especial quando sua formação acadêmica foi paga com dinheiro público, representa uma perda para o Brasil. Essa é uma lógica do passado, superada pelo aumento do intercâmbio econômico, cultural, científico e humano entre os países. Ou, para condensar numa só palavra, pela globalização. Da mesma forma que as nações tentam atrair investimentos, há hoje uma disputa global por trabalhadores altamente qualificados. É um tipo de migração que nada tem de ilegal, clandestina ou indesejada. Os especialistas a chamam de "circulação de talentos".
Nove em cada dez migrantes qualificados têm como destino algum país rico. Apesar do número impressionante, a demanda ainda supera fartamente a oferta, o que acirra a disputa por talentos. Os países importadores buscam não apenas cientistas, como o físico Ferreira, mas uma variedade de profissões com formação universitária, de engenheiros a gerentes de vendas. Em tese, deveria haver candidatos em abundância. Uma pesquisa realizada em 27 países pela Manpower, empresa de recrutamento e seleção com sede nos Estados Unidos, divulgada no mês passado, mostrou que os trabalhadores qualificados têm maior disposição para viver no exterior. Quase 90% dos profissionais com mestrado topariam mudar de país se surgisse uma oportunidade de carreira, contra 62% daqueles com nível educacional inferior ao ensino médio. Na prática, a demanda supera a oferta. A Noruega é um exemplo de esperanças frustradas. Com a taxa de desemprego em irrisórios 2%, as empresas daquele país simplesmente não conseguem ocupar com noruegueses todas as vagas disponíveis para engenheiros e executivos. A Noruega estabeleceu uma cota anual de 5 000 imigrantes qualificados de fora da Europa, mas as vagas jamais são totalmente preenchidas.
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